terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Razões para evitar a leitura dos "clássicos"

O artigo As universidades estão produzindo ativistas, não acadêmicos. Os clássicos são desprezados porque, em parte, estão além do entendimento da maioria dos estudantespublicado on line, tem já um ano, mas não perdeu actualidade. O seu autor, Thomas Addis, desafia o que continua estabelecido na educação um pouco por todo o mundo ocidental...
Todo ano, a National Association of Scholars [... dos Estados Unidos] compila uma lista de livros de mais de trezentas faculdades e universidades e os recomenda como leitura de verão para os seus calouros. A associação batizou essa lista de “Beach Books” [“Livros de Praia”] (...) 
O que é preocupante nessa lista é que as grandes obras da literatura, os chamados “clássicos”, são quase inexistentes. Apenas cinco instituições sugeriram livros escritos antes de 1910. Por outro lado, mais da metade de todos os livros sugeridos foram publicados depois de 2010
Os educadores se referem a esses livros modernos como “leitura comum”. De acordo com Ashley Thorne, diretor executivo [dessa Associação] “a leitura comum serve para moldar as atitudes dos estudantes para os debates atuais. Muitas das leituras são memórias ou biografias de ativistas sociais, que sugerem que os estudantes deveriam seguir o exemplo deles”. 
É evidente que as instituições que empurram esse tipo de livro para cima dos seus alunos nunca vão admitir que o seu objetivo é fazer uma lavagem cerebral, mas, quando pressionadas, elas apresentam justificativas para a exclusão dos clássicos que podem ser divididas em três tipos. 
O primeiro tipo (...): “Os livros antigos são irrelevantes hoje”. Thorne escreve: “Os alunos estão mais interessados nos temas da atualidade, como a imigração, o racismo, o aquecimento global, o bem-estar econômico, a vida LGBT, o genocídio na África, a justiça na distribuição dos alimentos no mundo e as guerras”. De novo, a palavra-chave é “relevância”. E assim, em vez de ensinar os alunos a compreenderem o mundo através da leitura dos clássicos, o objetivo é “moldar ativistas para mudar o mundo”. 
A segunda categoria (...) é a da acessibilidade. Não que os alunos não consigam achar ou comprar os livros clássicos: por acessibilidade, neste caso, entenda-se a capacidade (ou a falta de capacidade) de compreender o seu conteúdo. Vários professores participantes de pesquisas admitiram que muitos dos calouros nunca leram um livro ao longo dos doze anos da sua vida escolar anterior à faculdade (eu sei que isto parece impossível, mas, aparentemente, é um fato real). Por isso, seria pedir demais que eles passassem das mensagens de texto dos seus smartphones diretamente para Tolstoi. 
O terceiro tipo de desculpas (...) é que [obras literárias] seriam “privilegiadas demais”. Thorne cita um comentário de Christopher Eisgruber, da Universidade de Princeton: “O livro tem que ser algo com que os alunos possam discutir. Por este motivo, eu tendo a evitar os ‘clássicos’ que os alunos podem se sentir obrigados a venerar”. Thorne explica as consequências desse pensamento tortuoso: a derrogação dos “homens brancos mortos” significa hoje a marginalização dos textos e das ideias que moldaram a cultura ocidental ao longo dos séculos. Longe de ser “venerados por alunos intimidados”, esses livros estão sendo cada vez mais ignorados e esquecidos.

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