Era uma vez uma inglesa,
com um filho, na Inglaterra.
Ora o filho da inglesa
foi chamado para a guerra.
2
Era ele muito novo,
sendo então uma tristeza
ir matar-se pelo povo
o filho da tal inglesa!
3
Nem sequer inda provara
o sabor duma mulher
e nem sequer beijara
doces lábios a arder.
4
Foi e a guerra o levou,
logo no começo dela.
A mãe pra sempre o chorou
um choro que se rebela.
5
E se ela muito chorou
a morte do seu menino,
nem por isso rejeitou
prevenir iguais destinos.
6
Comprou um belo teatro,
que pudessem frequentar
os que iam, noutro teatro,
a morte experimentar.
7
Pró teatro contratou
dançarinas mui escorreitas:
com empenho lhes rogou
seguissem suas receitas:
8
Aos jovens que iam morrer,
desvelarem lindos seios,
que fizessem acender
um acinte aos seus anseios.
9
As pernas esculturais,
em doce provocação,
aquecendo, naturais,
do instinto, a vocação!
10
Nos jovens que iam morrer,
sem a vida ter provado,
fazerem elas viver
um momento exaltado.
11
O que o seu filho não teve
(provar os frutos da terra)
deu ela, em momento breve,
a outros mortos na guerra!
Eugénio Lisboa
1 comentário:
"É absurdo não aceitarmos a vida como ela é, deixarmo-nos dominar pelo passado. Há que lutar para viver melhor, muito melhor."
Leon Tolstói
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