Recorte de notícia do jornal Público |
No pressuposto de que o “Programa e Metas curriculares” de Português do Ensino Secundário, ainda que em vigor, se encontram afastadas do trabalho escolar e que as “Aprendizagens essenciais” constituirão o único documento de referência nesse trabalho (como, de resto, o Ministério da Educação insiste em dar a entender), diversos especialistas em literatura, professores e escritores pronunciaram-se publicamente contra a omissão, nesse documento que se diz basilar, da leitura de várias obras marcantes, com destaque para Os Maias, de Eça de Queiroz (por exemplo, aqui, aqui, aqui, aqui).
De facto, tal como no Programa publicado em 2002, nas “Aprendizagens essenciais” esta obra não era nomeada, mas é nomeada como possibilidade de leitura integral no "Programa e Metas Curriculares", de 2014 (as escolas e os seus professores poderiam escolher entre esta e outra obra do mesmo autor - cf. aqui e aqui).
Muito provavelmente em virtude da expressão desses especialistas (e talvez de professores que se terão pronunciado no âmbito da consulta pública), na versão final das “Aprendizagens essenciais”, dada a conhecer no final da passada semana, a leitura de Eça readquire o estatuto conseguido em 2014.
Eis o que se determina, agora, nesse documento (páginas 1 e 11):
Eis o que se determina, agora, nesse documento (páginas 1 e 11):
"Interpretar obras literárias portuguesas de diferentes autores e géneros, produzidas entre os séculos XVII e XIX (ver Anexo 1).
ANEXO 1. LISTA DE OBRAS E TEXTOS PARA EDUCAÇÃO LITERÁRIA – 11.º...Eça de Queirós. Os Maias (leitura integral) OU A Ilustre Casa de Ramires (leitura integral)..."
O jornal Público, que tem dado nota desta polémica, explica isto mesmo e também a opção por outras obras (aqui).
1 comentário:
Retirar "Os Maias", de Eça de Queirós, das Aprendizagens Essenciais seria quase tão grave como atribuir, por despacho, o caráter opcional à disciplina de Física do 12.º Ano, com uma carga letiva de 3 horas por semana, conforme se verifica atualmente nas nossas escolas!
Um indivíduo pode candidatar-se a Medicina, às Ciências, ou às Engenharias, sem nunca ter ouvido falar, na escola secundária, em aceleradores de partículas, radioatividade, barómetros, manómetros, pressão em fluidos (como o sangue!), espetrómetros de massa, efeito fotoelétrico, Lei da Conservação do Momento Linear, nem em muitos outros instrumentos e noções cientifícas básicas essenciais no perfil cultural do homem da rua moderno!
A Física, sendo uma ciência básica, não pode ter caráter opcional nos currículos científico-humanísticos do ensino secundário!
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