"Em 2014, a UNESCO publicou as Linhas Orientadoras para a Aprendizagem Móvel. Neste documento [salienta-se] a tecnologia móvel (...) como uma «ferramenta poderosa (...), que pode apoiar a educação em formas que não eram possíveis anteriormente (...) estas tecnologias são proibidas e ignoradas nos sistemas de educação formal. Isto representa uma oportunidade perdida». Os benefícios listados pela UNESCO [incluem] a acessibilidade em muitas partes do mundo [podendo] «expandir o alcance e a equidade da Educação (...) obter avaliação e feedback imediato (...) auxiliar estudantes com deficiência (...) ajudar os professores e formadores a usar o tempo de aula: ao utilizarem a tecnologia para fazerem tarefas mais passivas como memorizar informação, os estudantes ficam com mais tempo para discutir ideias, partilhar interpretações alternativas e trabalhar em colaboração».
Em 2011, o New York Times publicou uma reportagem que descrevia a escolar onde estudavam os filhos dos trabalhadores de gigantes tecnológicos (...). «Não se encontra um único computador. Nenhum ecrã. Não são autorizados na sala de aula». A abordagem não-tecnológica do espaço de sala de aula encontra também apoio junto de diversos educadores. Para (...) Paul Thomas «ensinar é uma experiência humana (...) a tecnologia de uma distração quando necessitamos de literacia, numeracia e pensamento crítico». (...) Richard Freed destaca que cada vez mais, é difícil aos professores captar a atenção dos alunos (...) salienta alguns estudos que concluem que a utilização de dispositivos móveis na sala de aula «coloca a aprendizagem e segurança dos alunos em risco»
Forum Estudante, 2017, n.º 301, 4-5.
Ao proibir, a partir do ano lectivo que vai começar, o uso de telemóveis nas escolas públicas, a França trouxe a debate uma questão que tem tudo de financeiro, de ideológico, de político e, até, de senso-comum.
Em termos pedagógicos, o que interessa é saber se este equipamento (inicialmente de comunicação, que passou a ser também de informação) pode ou não servir efectivamente para aprender em contexto formal: que conhecimento proporciona aos alunos e que capacidades cognitivas, afectivas e motoras lhes estimula.
O equipamento é posto no centro do debate, sendo apresentado como a "solução" da aprendizagem e da motivação escolar (como antes foi livro, a máquina de ensinar e, assim que surgiu em tamanhos aceitáveis, o computador) com base nos argumentos pragmáticos, mas não necessariamente verdadeiros, de que todos os alunos têm telemóveis e que os telemóveis fazem parte da sua vida.
Ora, destes argumentos a argumentos filosóficos e científicos válidos o passo é de gigante.
Nota: Um leitor recomenda um texto que pode ser encontrado aqui, no qual se usa a curiosa expressão "alunos destelemolilizados".
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