1
Sê
paciente; aguarda que o sonho
Apareça
no brancor, dispa-se
De
um mar que nunca será medonho,
E
cubra-se de um sol nunca flor.
A Eugénio de Andrade
2
A
tua cintura cobriu-se de escuma
E
nela caiu atónito o olhar
Julgando
ser o início de outro mar.
A Eugénio de Andrade
3
Na
tua face rebentaram vinhas-virgens
E
águas azuis ergueram-se sedentas
E
agarraram-se a elas com vertigens.
A Eugénio de Andrade
4
Através
do chamamento da mão
Meu
coração passou como um barco
Que
sem ti está sempre a despedir-se
E a
palpar o medo e a escuridão.
A Sophia de Mello Breyner Andresen
5
É o
pôr do sol da tua face que eu busco
Através
do vento glacial e da pústula
Para
incender a amargura do crepúsculo.
A Sophia de Mello Breyner Andresen
6
Quando eu
morrer quero ao morro voltar,
Pra ver as
nuvens que não vi passar.
A Sophia de Mello Breyner Andresen
7
Na
aurora, a aurora segunda,
O
poente a arder
Na
escuma.
A Adonis
1 comentário:
A poesia é um barbitúrico.
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