A bióloga Mónica Bettencourt-Dias, de 44 anos, é um valor
seguro da ciência portuguesa. Doutorada em 2001 em Bioquímica pelo University
College de Londres e com um pós-doutoramento em Cambridge, regressou em 2006 a
Portugal para um lugar de investigadora principal no Instituto Gulbenkian de
Ciência (IGC). Beneficiária de várias bolsas “milionárias” europeias, uma delas
em 2017 no valor de dois milhões de euros, recebeu diversos prémios e
distinções, entre os quais a prestigiada associação ao Laboratório Europeu de
Biologia Molecular, um reconhecimento que assenta na publicação em revistas de
grande impacto como a Science e a Nature. O seu trabalho centra-se nos
centrossomas, peças de uma complicada maquinaria celular que determina a
divisão celular. Nomeada recentemente, após selecção por um comité
internacional, directora daquele Instituto, a Mónica junta agora às suas
tarefas de investigação outras de gestão. É dela que se espera não só a
manutenção dos altos padrões de qualidade daquele Instituto mas também o
acréscimo de colaboração com outros institutos de investigação, designadamente
os universitários, no sentido de aproximar o sistema científico nacional do
pelotão da frente na União Europeia. Os desafios da ciência portuguesa são
exigentes, dado a queda do investimento em ciência na legislatura anterior, mas
a Mónica, que representa bem uma geração que atingiu elevados patamares graças à
política de José Mariano Gago, tem os conhecimentos e a visão para fazer
crescer a ciência nacional.
O IGC surgiu em 1961, mas só no ano seguinte o Instituto de
Estudos Biológicos, antecessor do actual IGC, que só trabalha em biologia,
ganhou corpo. Em 1965 foram inauguradas as instalações do IGC em Oeiras e em
1967 as do Instituto de Estudos Biológicos. Um dos cientistas que pontificou no
IGC foi o médico holandês Nicolaas van Uden (consorte de D. Adelaide de
Bragança, neta do rei D. Miguel), que criou em 1969 os Estudos Avançados de
Oeiras, uma escola de pós-graduação que trouxe a Portugal alguns dos melhores
especialistas mundiais. O estabelecimento da biologia moderna em Coimbra e
Porto, onde hoje está firmemente implantada, deveu-se a essa “semente” plantada
em Oeiras, mostrando como a inovação no sector público pode provir da
iniciativa privada. A Fundação Gulbenkian, neste como noutros sectores, tem
sido exemplar e espera-se que o continue a ser. O IGC, uma das poucas
instituições privadas que faz ciência em Portugal, tem particulares responsabilidades
no desenvolvimento do sistema científico português. Dinâmica e determinada como
é, a Mónica recebe uma herança que passará a outros ainda melhor do que a que
recebeu.
Last but not least,
a Mónica gosta de fazer comunicação científica. Ela sabe que a ciência é parte
da sociedade e não pode viver sem essa ligação forte à sociedade que se chama
cultura científica. Com a Mónica à frente do IGC, vai haver mais ciência para
todos.
Introdução do Expresso:
O futuro a nós pertence. Dez consagrados escolhem dez rostos de futuro
Quando se muda de ano criam-se sempre novas expectativas. Queremos saber o que aí vem e quem serão os grandes protagonistas das mudanças que se seguem. Os velhos dão invariavelmente lugar aos novos, costuma dizer-se, e foi isso mesmo que pedimos para fazer aos nossos consagrados das mais variadas áreas. Da literatura à ciência, da gestão ao futebol, das artes plásticas ao teatro e à música, do humor à política, quisemos saber quem são as suas apostas e as novas promessas. Quisemos saber também porque o são e o que se espera delas. As respostas chegaram-nos na primeira pessoa. E, se em alguns casos o futuro é previsível, noutros é absolutamente surpreendente. Quando completa 45 anos de vida, o Expresso avança com os rostos do futuro:
Rui Tavares por António Barreto
Salvador Sobral por Carlos do Carmo
Gelson Martins por António Simões
João Luís Barreto Guimarães por António Lobo Antunes
Igor Jesus por Rui Chafes
João Pedro Mamede e Nuno Gonçalo Rodrigues por Jorge Silva Melo
Luís Araújo por Alexandre Soares dos Santos
Mónica Bettencourt-Dias por Carlos Fiolhais
Marco Silva por Manuel José
Mariana Cabral Bumba na Fofinha) por Ricardo Araújo Pereira
Introdução do Expresso:
O futuro a nós pertence. Dez consagrados escolhem dez rostos de futuro
Quando se muda de ano criam-se sempre novas expectativas. Queremos saber o que aí vem e quem serão os grandes protagonistas das mudanças que se seguem. Os velhos dão invariavelmente lugar aos novos, costuma dizer-se, e foi isso mesmo que pedimos para fazer aos nossos consagrados das mais variadas áreas. Da literatura à ciência, da gestão ao futebol, das artes plásticas ao teatro e à música, do humor à política, quisemos saber quem são as suas apostas e as novas promessas. Quisemos saber também porque o são e o que se espera delas. As respostas chegaram-nos na primeira pessoa. E, se em alguns casos o futuro é previsível, noutros é absolutamente surpreendente. Quando completa 45 anos de vida, o Expresso avança com os rostos do futuro:
Rui Tavares por António Barreto
Salvador Sobral por Carlos do Carmo
Gelson Martins por António Simões
João Luís Barreto Guimarães por António Lobo Antunes
Igor Jesus por Rui Chafes
João Pedro Mamede e Nuno Gonçalo Rodrigues por Jorge Silva Melo
Luís Araújo por Alexandre Soares dos Santos
Mónica Bettencourt-Dias por Carlos Fiolhais
Marco Silva por Manuel José
Mariana Cabral Bumba na Fofinha) por Ricardo Araújo Pereira
1 comentário:
Eu não não sou mais do que um soldado raso da ciência, já que, como professor de Física do liceu, equipararam-me a educador de infância, no nível académico, e subalternizaram-me, no nível remuneratório, mas a Doutora Mónica Bettencourt-Dias pode contar com o meu apoio moral, pelo menos, nesta luta, que é de todos nós cientistas, pela dignificação e crescimento sustentado da Ciência em Portugal e no mundo. Atualmente, para almejarmos ser grandes atores no palco da política mundial, temos de ter muita ciência e muito dinheiro. Reconhecendo, com lucidez, que as nossas finanças estão muito debilitadas, temos de nos virar para os cientistas, cujas ideias brilhantes têm feito avançar a humanidade em todos os sentidos, incluindo o do desenvolvimento económico-financeiro das nações.
Deixem os cientistas trabalhar!
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