Sobre a falta de formação profissional de
determinados “personal trainers” (são
perigosas generalizações), correspondendo à solicitação do meu distinto amigo e
professor catedrático da Faculdade de Educação Física e Ciências do Desporto da
Universidade de Coimbra, Manuel João
Coelho e Silva, respondo ao seu comentário a propósito de esta questão por mim
levantada: “E o que dizer de ‘personal
trainers’?”
Obtive como resposta: “Sempre certeiro. A sua pergunta pressupõe o conhecimento antecipado da minha resposta, sendo mais valioso ter a sua opinião neste Fórum.”Ainda que longe da entrada em “Health Clubs” (ou seja, clubes de SAÚDE, as maiúsculas são intencionais), de “personal trainers” ou sob a forma de profissão liberal, escrevi, no jornal “Diário” (de Lourenço Marques) um artigo intitulado “Direcção técnica dos clubes desportivos” (23(04/1973), que transcrevo no essencial:
Obtive como resposta: “Sempre certeiro. A sua pergunta pressupõe o conhecimento antecipado da minha resposta, sendo mais valioso ter a sua opinião neste Fórum.”Ainda que longe da entrada em “Health Clubs” (ou seja, clubes de SAÚDE, as maiúsculas são intencionais), de “personal trainers” ou sob a forma de profissão liberal, escrevi, no jornal “Diário” (de Lourenço Marques) um artigo intitulado “Direcção técnica dos clubes desportivos” (23(04/1973), que transcrevo no essencial:
“Por determinação legal, certas acrividades só podem ser exercidas tendo como responsável um director técnico, e esta disposição mais se reforça quando está em jogo a segurança da vida humana.Assim, no caso concreto das farmácias, todas elas só podem existir sob a da responsabilidade técnica de um farmacêutico. Dura lex, sed lex. Nenhuma a argumentação em contrário suporta a abertura de excepções, ainda que debaixo de um coro sindical de lamentações sobre a respectiva dureza.Hoje, no dealbar de um novo milénio, com grande número de cursos universitário da especialidade nenhum condicionalismo se justifica para a proliferação de “personal trainers”, por vezes, antigos praticantes de culturismo, ou qualquer outra forma de exercitação física por si praticada, que por esse simples facto (ou com cursos de fim-de-semana) proliferam, de há poucos anos para cá, pelos chamados Health Clubs (reforço, Clubes de Saúde) ou em tipo de profissão por conta própria.
Permitir sequer a respectiva discussão conduziria, porventura, a razões sobre a imperiosidade de indivíduos de formação académica superior em farmácia por ser desnecessário esses diplomados para a tarefa de ler a receita médica, ir às prateleiras buscar o remédio, embrulhá-lo e registar o dinheiro da venda!!!Porque não é permitida esta discussão? Por se encontrar em jogo a saúde pública e, consequentemente, o reconhecimento oficial de que qualquer falta de competência profissional poder ter graves consequências a breve ou longo prazo.E no que concerne à Educação Física?Aqui a lei existiu sob a forma de diploma legislativo determinando que toda a espécie de ginástica só podia ser ministrada desde que o respectivo agente estivesse habilitado com o curso superior do INEF. Mas como não existiam professores de Educação Física em número suficiente para a fazer cumprir consentiram-se precedentes que fizeram a lei perder o viço e cair qual folha outonal” (fim de citação).
O quebrado elo entre a exercitação física e a saúde, mereceu o minha chamada de atenção corria o já distante ano de 1971 quando proferi na Sociedade de Estudos de Moçambique (agremiação científica “Palmas de Ouro” da Academia de Ciências de Lisboa), de que eu viria a ser presidente pouco depois da respectiva Secção de Ciências, um conferência intitulada “Educação Física – Ciência ao Serviço da Saúde Pública” .
Ou seja, a defesa da saúde dos utentes dos serviços prestados pelos personal trainers, deve figurar como condição sine qua non para evitar que nos seja anunciada uma saúde de ferro enferrujada pela ignorância de uma ciência sem consciência, em antítese ao sugestivo título de um livro de Edgar Morin: Ciência com Consciência. Ipso facto, foi com incontido orgulho que relato um encontro ocasional por mim havido com o professor catedrático da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra, Hélder Araújo ainda hoje praticante de musculação e corrida que me deu conta dos ensinamentos colhidos na leitura do meu livro Os Pesos e Halteres, a função cardiopulmonar e o doutor Cooper (Lourenço Marques, 1973).
Dias depois, nesse texto que me honra de sobremaneira, escreveu o seu autor:
“Tive há alguns dias, a oportunidade de conhecer pessoalmente o Prof. Rui Baptista. Em 73/74 eu e alguns amigos, praticávamos, de forma relativamente ‘artesanal’, pesos e halteres em Quelimane. Para planearmos e prepararmos os nossos treinos tínhamos acesso a algumas publicações norte-americanas. Muitos dos nossos colegas e amigos nos criticavam, considerando tal tipo de exercício como prejudicial à saúde, É então que, por acaso, compro numa livraria um pequeno livro cujo título era “Os Pesos e Halteres, a Função Cardiopulmonar e o Doutor Cooper”, do Prof. Rui Baptista. Esse livro foi fundamental para nós, na altura, por desmistificar as críticas que eram feitas a esse tipo de actividade física. Desde sempre fiquei grato ao Prof. Rui Baptista pelo trabalho que descreve nesse livro e que fez com atletas em Lourenço Marques. O meu obrigado ao Prof. Rui Baptista”.
Sem comentários:
Enviar um comentário