"Tem sido arma de arremesso de tudo o que fala sobre educação e de tudo o que pensa que sabe sobre educação. As “horríveis” aulas expositivas são um pesadelo nas escolas e até dá a sensação que os professores falam, falam, falam, e os alunos dormem, dormem, dormem.
Tretas!
Esta ideia que os professores só dão aulas expositivas tem de acabar, anda por aí muito boa gente que pensa que sempre que um professor fala é uma aula expositiva.
Mas vamos por partes.
Primeiro, qualquer conteúdo prático precisa de uma introdução teórica, mesmo que ao de leve, é a mesma coisa que eu colocar os meus alunos a jogar Andebol e não lhes explicar as principais regras.
Segundo, os professores e as escolas estão claramente sensibilizados para a falta de motivação dos alunos e fazem de tudo, acreditem que é mesmo de tudo, para evitar que a aula seja uma seca.
Terceiro, uma aula expositiva não tem de ser obrigatoriamente má, um professor com uma boa capacidade retórica é capaz de cativar a plateia apenas e só com o seu discurso. Há aulas que podem ser práticas e que podem ser bem piores que uma aula expositiva.
Quarto, nem tanto ao mar, nem tanto à terra, os professores, ou pelo menos a maioria deles, tem a capacidade de se adaptar às suas turmas, não são tábuas de ferro, inflexíveis, ajustam-se, adaptam-se, até por uma questão de “sobrevivência”. Quantas vezes a estratégia utilizada para a aula das 8h30, é esquecida para a aula das 10h30. Quem anda no terreno sabe o que tem de fazer e o que precisa de fazer, não somos uma cambada de acéfalos.
Quinto, esta ideia que os alunos têm de ser constantemente motivados também não é bem assim… Os meninos e meninas, os pais e as mães, também têm de fazer o seu papel e criar condições para a assimilação de conteúdos. A geração mais preguiçosa de sempre, a geração com tudo à sua disposição, também tem de fazer pela vida e ir para a aula sem ficar a pensar nos chats digitais e afins. A escola é uma seca, sim, principalmente se a postura for que tudo o que implica esforço é para abolir (...).
Caros professores, pais e alunos, o problema não são as aulas expositivas, o problema está na repetição de uma estratégia que não funciona, independentemente de qual seja. É verdade que há professores que cometem esse erro, é verdade que há professores que foram formatados para ensinar dessa maneira, é verdade que há professores que julgam que são apenas os alunos que têm que se adaptar, mas também é verdade que está a decorrer uma efetiva mudança na escola e os professores têm feito um esforço para se atualizarem, adaptarem e ir ao encontro dos interesses e motivações dos seus alunos, apesar de todas adversidades."
10 comentários:
O busílis da questão trazida a lume por Alexandre Henriques sobre a possível reabilitação das aulas expositivas, atualmente, está mais na matéria que se deve expor aos alunos do que nas aulas propriamente ditas.
As chamadas aulas expositivas foram o alvo privilegiado dos ataques cruéis dos cientistas da educação, ao longo dos últimos quarenta anos, porque representam o método de ensino mais usado pelos professores da escola tradicional, onde a transmissão de conhecimentos "poderosos", na expressão Michael Young, e de valores morais, éticos e sociais constituíam a razão de ser da instituição escolar.
Presentemente, os pedagogos mais alienados consideram que a quantidade e qualidade dos conhecimentos adquiridos na escola são um parâmetro de diminuta importância para a avaliação e classificação do trabalho dos alunos. Agora, o mais importante é atingir os objetivos mínimos, ter muitas competências e ultrapassar todas as metas, mesmo que não se perceba nada da matéria dada. Portanto, as aulas expositivas não servem praticamente para nada, sendo mais aconselháveis os métodos que se baseiam na diversificação de estratégias, das quais faz parte a alteração diária da disposição do mobiliário na sala de aula, porque, enquanto prendem a atenção do aluno com as mudanças dos cenários, libertam o professor enfadonho, aos olhos dos petizes, da missão de ensinar!
Há aulas expositivas absolutamente extraordinárias.
Há aulas expositivas absolutamente horrendas.
Há aulas não expositivas absolutamente extraordinárias.
Há aulas não expositivas absolutamente horrendas.
Esta discussão expositivo x não expositivo é apenas mais uma daquelas discussões cozido à portuguesa x robalo escalado que enchem discussões sobre educação. O resvalar para o preto e branco é uma constante...
“Fado, chorar a tristeza bem...”
O professor enfadonho,
No seu ato de enfadar,
Enfada o espanto e o sonho...
Enfada a arte d’encantar!
Reduzido e profanado,
Ensina o fado enfadonho
O professor enfadado
De um currículo tristonho.
Fada, onde foste, por onde?
Onde guardaste a varinha?
Onde está? Onde se esconde?
Ninguém sabe, nem adivinha!
Agora, natureza morta,
Além, no quadro pendurado,
Fechou a fada a tinta porta
Ao professor desbotado.
E o espectro do real passa,
Diapositivos repetidos...
A preto e branco, a carapaça
Com sorrisos invertidos.
Mais enfadonho que o fado,
Do enfadado professor,
É este geral caótico estado
Sem rei nem roque promissor.
F.C.
Só algumas aulas expositivas (?) são enfadonhas - geralmente as dos professores enfadonhos. Os professores enfadonhos, com frequência, não sabem, ou sabem pouco, do que falam e, por isso, são enfadonhos.
(Por favor, não me falem das eventuais e estafadas qualidades científicas e/ou pedagógicas dos professores enfadonhos!)
Eu voto na reabilitação do método expositivo.
As pessoas doutoradas que, nas últimas décadas, têm mandado no ministério da educação, todos os anos fazem figuras patéticas porque através dos exames nacionais procuram debalde, com uma só prova escrita, avaliar os diferentes tipos de aprendizagem, resultantes da diversificação dos métodos de ensino modernos. Assim, com toda esta parafernália de métodos e estratégias de ensino, privilegia-se mais a forma do que o conteúdo, e em exames do 11.º ano de Física e Química A, pode-se perguntar, por exemplo, que nome tem o objeto, representado na figura, que, quando se aproxima de uma bússola, faz desviar a agulha magnética?!
Nesse mesmo exame nacional, os alunos, em vez de realizarem um trabalho prático, dado o caráter experimental da disciplina, limitam-se a responder por escrito a questões de um grupo prático onde se pode pedir o valor da medição do volume de um líquido contido numa proveta graduada de vidro... desenhada no enunciado da prova!!!
Isto pode parecer absurdo a quem olha de fora, mas, para as doutoras da educação, a "melhoria das aprendizagens" está acima de tudo!
As aulas expositivas de professores inteligentes, e que sabem muito do que falam, só são enfadonhas para quem revela muitas dificuldades!
Mais do que expositivas ou não, parece-me mais importante que as aulas sejam ativas e não passivas. E para que uma aula seja ativa não é necessário preparar nenhuma atividade prática. Basta incentivar os estudantes a que perguntem e, quando o façam, responder com entusiasmo de forma a motivá-los a que continuem a participar.
Curiosamente visualizar vídeos no youtube, no cinema ou na TV são atividades muito populares entre os alunos, e não só, e são atividades expositivas.
Ex.mo Senhor Doutor Jaime Villate,
Para que as aulas fossem interativas, no sentido verdadeiramente pedagógico que V. Ex.a lhes dá, os professores não deveriam ser obrigados, pelas doutoras do ministério, a agitarem constantemente a cenoura da lista dos "objetivos essenciais" à frente dos narizes dos alunos para que estes não se dispersem com perguntas inteligentes que só fazem perder tempo e sigam pela vereda estreita que conduz às metas. Como a componente cognitiva da avaliação dos alunos cada vez tem menos peso, cada vez é mais fácil ultrapassar todas as metas escolares e cada vez mais difícil arranjar trabalho cá dentro!
Termo-nos mantido fiéis à narrativa bíblica, na versão católica romana, conduziu-nos ao estado de penúria a que chegamos neste dealbar do século XXI. Com os militares de abril de 74, investimos tudo o que tínhamos, e o que não tínhamos, num ensino experimentalista, anti-livresco e anti-"magister dixit" - os péssimos resultados obtidos, estão à vista de todos! É necessário um novo abril que, no vetor do desenvolvimento da educação, reabilite o método expositivo, como garante máximo de um ensino de qualidade que promova a ascensão social das classes trabalhadoras!
Muito pior do que as horríveis aulas expositivas, são os exames nacionais. Não é em duas horas e meia, ou três, que sejam, que qualquer indivíduo consegue mostrar como melhoraram as suas aprendizagens ao longo de um ano letivo, quando não de um ciclo com dois ou três anos!
No dia do exame, a pessoa pode estar com dores de barriga, ou outra indisposição física qualquer, que a não a deixem à vontade para mostrar toda a sua sabedoria, por escrito, ou oralmente, limitada que está à partida, no espaço e no tempo!
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