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Em 14 de Dezembro, comentarei a apresentação pela Orquestra Metropolitana de Lisboa da 1.ª Sinfonia de Anton Bruckner no Instituto Politécnico de Coimbra (aqui apresentada pela
Orquestra Sinfónica da Rádio de Hessen, Alemanha, sob a direcção de Paavo Järvi):
O austríaco Anton Bruckner (1824 - 1896) compôs a primeira das suas nove sinfonias (a última incompleta) entre Maio de 1865 e Abril de 1866 em Linz, cidade da Alta Áustria. A primeira versão dessa obra é, por isso, chamada “versão de Linz”. Há outra, a “versão de Viena”, escrita entre 1889 e 1891, dedicada à Universidade de Viena por ocasião do doutoramento que aí recebeu. Linz, onde Bruckner foi organista da catedral, é também famosa na história da música por ter sido nela que o austríaco Wolfgang Amadeus Mozart escreveu, em 1783, a sua Sinfonia 36, ou de Linz. Linz também está na história da ciência pois foi aí que o astrónomo alemão Johannes Kepler publicou, em 1619, a Harmonia no Mundo, onde fala da “música das esferas”.
1865 é também o ano em que surgem as primeiras sinfonias do checo Antonín Dvorak e do russo Nikolai Rimsky-Korsakov. E 1866 é o ano da primeira sinfonia de outro russo, Peter Tchaikowsky. Em Junho de 1865 Bruckner vai a Munique, onde assiste à estreia da ópera Tristão e Isolda do alemão Richard Wagner, compositor com quem se encontrou e que passou a admirar. Em Agosto encontrou em Budapeste um outro grande compositor seu contemporâneo, o húngaro Franz Liszt. O ano de 1865 é brilhante também na ciência: foi nesse ano que o físico britânico James Clerk Maxwell descobriu a natureza da luz, identificando-a com ondas electromagnéticas, que o físico alemão Rudolf Clausius introduziu o termo “entropia”, o conceito-chave da segunda lei da termodinâmica, e que o médico francês Claude Bernard publicou a Introdução ao Estudo da Medicina Experimental. E 1866 foi um grande ano na biologia: o austríaco Gregor Mendel publicou a sua obra pioneira sobre genética, Ensaios sobre Plantas Híbridas, que só seria descoberta pelo mundo científico no século XX.
A Sinfonia n.º 1 de Bruckner tem quatro andamentos (allegro, adagio, scherzo e finale). Foi tocada pela primeira vez em 9 de Maio de 1868, em Linz, sob a direcção do próprio compositor. Já foi chamada a “primeira sinfonia moderna”. De facto, Bruckner, um artista católico que para além da música sinfónica cultivou a música sacra, faz a ponte entre grandes músicos românticos que o antecederam, como o austríaco Franz Schubert e outros que lhe sucederam, inegavelmente modernos, como o ainda austríaco Gustav Mahler.
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