Lembro-me muito bem do início deste blogue, o único em que colaborei.
O convite foi-me feito entusiasticamente por Carlos Fiolhais. Pela confiança que tinha - e tenho - nele, entusiasticamente aceitei escrever, dentro dos limites da minha formação, sobretudo acerca da educação escolar.
Há dias, lembrou-se e lembrou-me o Carlos Fiolhais de que o De Rerum Natura teria feito ou estaria a fazer dez anos. Dez anos!? De facto, passaram dez anos!
Pensei: numa década, alguma coisa de substancial mudou na educação? Os temas que, à altura, considerávamos dignos de nota continuam a sê-lo?
Resolvi passar os olhos por textos, meus e de colegas, publicados neste tempo. À medida que avançava, alicerçava-se a conclusão de que as questões que nos têm mobilizado são recorrentes, vão e voltam, certeiras como um pêndulo. Repetimo-nos, portanto!
E se daqui a dez anos aqui estivermos, possivelmente não será possível concluir outra coisa. Não valeu a pena, então, o que escrevemos?
Se estou aqui é porque entendo que valeu a pena e que continua a valer. A educação escolar a todos diz respeito e, portanto, a sua discussão em círculos abertos, que não só os políticos e os académicos, faz todo o sentido.
Usando palavras de apresentação do De Rerum Natura, inspiradas nas de Lucrécio, faz todo o sentido discutir o empreendimento humano que é a educação e as profundas implicações que tem para a nossa vida no mundo.
Ele sabia que assim era e devemos dar-lhe razão. Por isso, aqui deixo a imagem de capa da mais recente tradução do poema filosófico do nosso sempre presente Lucrécio.
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