Menos conhecido do que Mishima (O Templo Dourado), Tanizaki (Naomi)
e Kawabata (Terra de Neve), Takiji Kobayashi, apesar da sua fugaz existência
(foi assassinado aos 29 anos porque participava de forma ativa no partido
comunista japonês,) impôs-se como um dos principais nomes da literatura
japonesa do século vinte.
Em O Navio dos Homens, livro que lhe valeu o sucesso a
nível internacional, há uma sequência de acontecimentos muito semelhante à d’ O
Encouraçado Potemkin, filme do grande realizador Sergei Eisenstein: começa com
o anúncio da descida ao inferno, continua com o recrudescimento do clima de
insatisfação dos pescadores e a consequente e infrutífera rebelião, e culmina
na necessidade de os homens se manterem unidos para vencer o despotismo.
Kobayashi pretendeu, com este livro, sublinhar a importância da constatação de
Mori Motonari, de que três setas juntas são mais difíceis de quebrar do que uma
seta, na vida política.
Para além da escrita, Kobayashi gostava, também, de engenharia,
manuseando com destreza instrumentos radiofónicos e tendo conhecimentos físicos
bem consolidados e soldados à experiência, como este excerto prova:
Ao entrar no estreito
de Soya, o barco, que pesava quase trezentas toneladas, começou a saltar como
se tivesse soluços. Parecia que uma força extraordinária o estava a levantar.
Ora pairava no ar, ora caía, regressando à sua posição original com um estrondo
enorme. Era como aquele desagradável formigueiro, aquela sensação de estarmos
num elevador quando este desce com demasiada velocidade. Os operários, que
tinham o rosto amarelado da fraqueza e os olhos semicerrados pelo enjoo,
vomitavam.
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