Philip Kerr é um escritor britânico de 60 anos autor de vários
thrillers que foram sucessos de vendas. Em Portugal estão publicados nove
livros dele, a maior parte na Porto Editora e nas Edições Asa, tendo um (“Um Assassino
entre os Filósofos”) aparecido na Presença.
Já tinha há algum tempo “O Código do Alquimistas. A vida
privada de Isaac Newton”, saído nas Edições ASA em 2008 (o original, de título “Dark
matter”, é de 2002), mas só há pouco
tive oportunidade de o ler. Como todos os thrillers lê-se rapidamente. É ficção
histórica montada sobre o período da vida de Isaac Newton em que ele presidiu à
Casa da Moeda britânica. O relato é de um seu assistente, um tal Christopher
Ellis, de quem pouco se sabe. O autor, que leu a biografia de referência de
Newton, da autoria de Richard Westfall, efabula baseado no seu conhecimento do ambiente e dos factos da época: Newton é
apresentado como uma espécie de Sherlock Holmes, uma mente brilhante que
persegue implacavelmente os falsificadores de moeda. Parece-se com um policial. A faceta de Newton como alquimista e teólogo secretos não são esquecidas, embora Newton tivesse
feito o máximo para a esconder em vida. Pouco há de ciência no livro, para além
de algumas frases de Newton sobre a sua obra científica que são verdadeiras. thrillers do género. Há um código, difícil de decifrar, tal como é costume em livros do tipo "Código da Vinci" (não sou apreciador, confesso). O sistema de codificação em causa terá existido mesmo. E há muito sangue (as execuções de
alguns bandidos eram um espectáculo tenebroso na Londres da época) e também
algum sexo. Não, não é a pessoa de Newton que mostra essa faceta, apesar do
título poder enganar. Sobre este aspecto
da vida privada sabe-se muito pouco: nunca casou e não se lhe conheceram
namoradas. O jovem Christopher
apaixona-se por uma sobrinha de Newton de seu nome Catherine Barton (ou melhor
meia sobrinha, porque é filha de uma
meia-irmã de Newton: a mãe de Newton casou em segundas núpcias uma vez que o pai de
Newton, Isaac como ele, morreu antes de ele nascer). Mas, por razões religiosas – Christopher é
ateu-, a ligação esvaiu-se
tão depressa quanto começou. E o pobre enamorado acaba por descobrir, da pior maneira, que a sua amada era amante de Charles Montagu, o conde de Halifax, um notável político e poeta britânico.
Na realidade, ela poderá ter mesmo sido amante de Montagu, em casa de quem viveu, mas é falso o boato de que Newton terá sido favorecido profissionalmente graças
aos encantos da sua meia-sobrinha (Voltaire, que gostava de conversar com miss
Barton, poderá ter sido o responsável
pelo espalhamento do boato). Certo é que
miss Barton veio mais tarde a casar, depois de um namoro curto, com um outro político, John
Conduit, em 1717, dez anos antes da morte de Newton (o funeral de Newton é
narrado no livro). O casal Conduit está sepultado na Abadia de Westminster ao
lado de Newton. O grande sábio, normalmente um homem áspero, tinha uma
particular predilecção por miss Barton, uma rapariga de muito espírito, conforme
aliás se pode perceber da leitura deste romance.
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