quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Efeitos dos telemóveis na saúde mental das crianças e dos jovens


Na Europa mais próxima, depois de França, é Espanha a avançar com a proibição de telemóveis nas escolas (ver aqui). A medida tem estado em discussão e, em final do passado ano, as Comunidades de Galiza, Castilla la Mancha e Madrid anunciaram que a proibição seria uma realidade a partir do ano lectivo de 2020-2021, tanto nas escolas públicas como nas escolas com contrato de associação. O argumento é a necessidade de melhorar os resultados académicos (que diminuem) e reduzir os danos causados aos alunos pelo bullying e pelas ameaças do ciberespaço (que aumentam). Existem excepções: quando o uso dos aparelhos se encontra "expressamente previsto" no projecto educativo e os fins didácticos são evidentes; quando os alunos precisem deles por razões de saúde ou outras justificáveis (ver aqui e aqui).

Se quisermos ser optimistas (e devemos sê-lo), podemos pensar que o poder político, com responsabilidade na escola pública (eventualmente, tendo em conta a necessidade de "prestar contas"), começa, enfim, a tomar medidas numa matéria que já é um sério problema de saúde pública.

Diversos estudos, que se afiguram sérios, têm mostrado diversos efeitos lesivos do uso de aparelhos com écrans (telemóveis, tablets...) no desenvolvimento cognitivo, afectivo e motor de crianças e jovens (de alguns desses estudos temos dado conta neste blogue). 

Foi recentemente publicado mais um, este de meta-análise (de vinte outros estudos realizados em diversos países que incluem crianças e adolescentes) no Canadian Medical Association Journal, assinado por uma equipa de investigadores que trabalham num hospital infantil de Toronto. O seu título é Smartphones, social media use and youth mental health (ver aqui).

Nele se sistematizam efeitos, que se agravam de ano para ano, do uso intensivo de telemóveis, acompanhado da ligação a redes sociais: aumento do suicídio, da auto-mutilação e problemas mentais variados, alterações do sono e das rotinas biológicas. Também sistematiza efeitos menos "dramáticos" no imediato, mas nem por isso menos preocupantes: percepção de si, dos outros e das relações interpessoais; modificação de valores e de sentimentos; decisões desadequadas ao contexto; diminuição da capacidade de aprendizagem escolar. Mas, o mais alarmante é a "normalização" que se faz no espaço online de tudo isto, incluindo a agressão e a morte. 

1 comentário:

R. disse...

É um tópico de uma pertinência auto-evidente. Por cá, ao que tudo indica, é um não-assunto.

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