Recebi o seguinte comentário do colega F. Pacheco Torgal, que divulgo por ser um bom tema ara discussão:
O ranking Shangai, um ranking credível e rigoroso ao contrário de outros pseudo rankings como o ranking QS (vide anexo) tornou hoje pública, a ordenação de mais de 1200 instituições de
 ensino superior, por cinco grandes áreas científicas, abaixo. 
- 
 
- Natural Sciences and Mathematics (SCI)
- Engineering/Technology and Computer Sciences (ENG)
- Life and Agriculture Sciences (LIFE)
- Clinical Medicine and Pharmacy (MED)
- Social Sciences (SOC)
A 
metodologia de ordenação, abaixo resumida, está acessível com detalhe no
 link:  http://www.shanghairanking.com/ARWU-FIELD-Methodology-2016.html
Ranking
 indicators include alumni and staff winning Nobel Prizes and Fields 
Medals, Highly
 Cited Researchers, articles indexed in Science Citation Index-Expanded 
(SCIE) and Social Science Citation Index (SSCI). Two new indicators were
 introduced, one is the percentage of articles published in the top 20% 
journals of each field, and the other is
 the engineering research expenditure.
A
 presente ordenação de instituições por grandes áreas científicas é 
muito relevante e para alguns é até mesmo mais relevante do que a 
tradicional ordenação global que compara o que não
 é comparável, desde logo e por exemplo instituições com uma forte 
especialização na área das ciências sociais como a Universidade de 
Oxford (10º lugar SOC mas apenas 51-75ºENG) ou a Universidade de Erasmus
 (30º lugar SOC mas sem classificação SCI, ENG ou LIFE)
 com instituições ditas técnicas como o MIT ou o Imperial College (7º 
lugar ENG mas apenas 101-150º lugar SOC). A universidade Chinesa 
Tsinghua que ocupa o 4º lugar a nível mundial na área Engenharia/Tecnologia e Ciências
 da Computação-ENG
 também têm uma escola de ciências sociais mas como na nessa área não 
consta sequer neste ranking é muito provável que haja poucos alunos que 
ambicionem fazer um doutoramento
 em Sociologia na mesma. O mesmo se pode dizer da Universidade 
Tecnológica de Nanyang de Singapura, que ocupa o 2º lugar a nível 
mundial na área ENG mas apenas o lugar 101-150 na área das ciências 
sociais-SOC.
Os resultados da ordenação referida são pouco lisongeiros para o nosso país e revelam que
infelizmente nenhuma universidade Portuguesa consegue destacar-se nas áreas SCI, LIFE, MED ou SOC.
Apenas duas
 universidades Portuguesas (U.Lisboa e U.Porto) conseguem destacar-se em termos mundiais e segundo este ranking, na área "Engenharia/Tecnologia e Ciências da Computação".
Destaque para o resumo estatístico acessível no link http://www.shanghairanking.com/ARWU-FIELD-Statistics-2016.html#2
o
 qual comprova que Portugal aparece no grupo Top 100  com o mesmo 
desempenho do Irão e que no grupo Top 200 Portugal apresenta pior 
desempenho que a Grécia. Note-se
 que a China (que a muitos lembra somente o país que abastece as lojas 
dos 300) ocupa já o segundo lugar do Top 200 (4º lugar no Top 100 e 6º 
lugar no Top 20).  
Também merece destaque o elevado desempenho das Universidades da Suiça, aquele país com 8
 milhões de habitantes, que aparece em 3º lugar no grupo Top 20 e 7º lugar no Top 100.  Não
 seria má ideia que em Portugal se tentasse aprender algo com a 
estratégia
 científica daquele país, que convém lembrar têm 10 Highly Cited 
Researchers-HCR por milhão de habitantes enquanto Portugal têm agora 1.7
 embora durante muitos anos tivesse apenas um rácio de 0.1 HCR por
 milhão de habitantes. Uma
 das preocupações da agência Suiça responsável pelo financiamento de 
projectos de I&D é promover colaborações entre os investigadores e 
as empresas, para dessa forma
 se poder potenciar a inovação e bem assim a multiplicação dos seus 
benefícios (vide artigo em anexo). 
Convém
 no entanto ter presente que o tecido empresarial Suiço não é 
constituído por empresas, como aquelas que por cá despudoradamente 
colocam anúncios
 para contratar engenheiros por 500 euros http://sicnoticias.sapo.pt/economia/2016-07-25-CGTP-denuncia-proposta-do-IEFP-para-engenheiros-com-salarios-a-rondar-os-530ou
 que engendram esquemas para terem estagiários a custo zero, mesmo com violação da Lei http://p3.publico.pt/actualidade/economia/21450/empresas-obrigam-estagiarios-do-iefp-devolver-parte-do-salarioe
 esse estado de coisas, já anteriormente referido no email abaixo, não é obviamente culpa directa das Universidades Portuguesas, embora
 não seja mentira que
 as mesmas sempre terão alguma responsabilidade ainda que indirecta por 
só muito recentemente terem despertado para o fenómeno do 
empreededorismo enquanto factor crucial para "criar emprego e gerar 
riqueza" (vide programa
do XXI Governo Constitucional). 
Também é verdade que uma larga maioria daquelas muitas empresas que 
foram criadas por jovens empresários nos últimos anos têm em média 
apenas 2-3 empregados, segundo
 estudo da Informa D&B com o título Empreendedorismo 2007-2015 e
 metade delas apenas com um capital social inferior a 5.000 euros (o 
valor minimo baixou de 5000 euros para apenas 1 euro/sócio) pelo que 
dificilmente podem
 ser essas firmas ser encaradas como os parceiros empresariais mais 
adequados para o estabelecimento de colaborações com as unidades do 
sistema científico e tecnológico Português. Quer isto dizer que não 
basta às Universidades Portuguesas tentarem replicar
 a "receita" Suiça pois é preciso também que o tecido empresarial 
Português consiga estar à altura da qualidade e ambição do tecido 
empresarial Suiço onde pontificam empresas como a Néstle, Novartis, 
Roche, ABB ou a Rolex cujas receitas anuais totalizam quase
 o valor do PIB Português. 
F. Pacheco Torgal
 
 
 
1 comentário:
Relativamente a rankings, podemos sempre questionar a metodologia e os resultados. Por exemplo, faz sentido os indicadores não terem em consideração a dimensão da universidade? Ou noutro capítulo, como é que o insólito descrito em:
https://liorpachter.wordpress.com/2014/10/31/to-some-a-citation-is-worth-3-per-year/
pode credibilizar um ranking? (e a universidade!!)
Eu só dou valor a rankings se a minha universidade for a primeira!
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