Durante o mês de Maio de 2014 realizámos um inventário das escolas públicas que, no presente ano lectivo, têm turmas de Latim e de Grego.
A metodologia que seguimos foi a indagação directa a professores inscritos na Associação de Professores de Latim e Grego, a escolas que têm tido estas duas disciplinas, a orientadores de estágio pedagógico e a departamentos do ensino superior. Usámos ainda um alerta na internet em dois sítios (facebook da Associação de Professores de Latim e Gregos e este blogue).
Os dados que apurámos foram os seguintes:
(1) Identificámos 9 escolas onde se ensina Latim (com 12 turmas, num total de 129 alunos), sendo que só numa delas se ensina Grego (1 turma com 15 alunos). No total são 144 os alunos inscritos numa língua clássica;Neste caso, os números falam por si.
(2) O número de alunos por turma é reduzido, inferior ao estipulado para constituição de turmas (terminando o regime de excepção nesta matéria, não será possível constituir qualquer turma);
(3) Destaca-se uma acentuada diminuição de turmas (e, em consequência, de alunos) de Latim do 11.º ano para o 10.º ano (de 9 para 3 turmas; de 92 para 37 alunos);
(4) Tendo em conta (2) e (3) as escolas e os professores contactados disseram temer que a partir do próximo ano lectivo, 2014/2015, não seja possível abrir qualquer turma de Latim e, certamente, de Grego, dada a irrelevância destas duas disciplinas no prosseguimento de estudos.
Maria Helena Damião, Isaltina Martins e Alexandra Azevedo
1 comentário:
Ola,
Isto é um verdadeiro crime que diz tudo sobre a nossa percepção da cultura. O latim esta na base do português e a cultura classica na base da nossa cultura. Estuda-los é estudar-nos a nos proprios e ficar um bocado mais esclarecidos sobre as realidades que nos rodeiam, sobre as nossas instituições por exemplo...
Lembro-me de, em 1985, ter feito um pequeno estagio para ganhar uns cobres, na divisão do MEN que se ocupava de apurar os resultados do concurso nacional para o ensino superior. Um aluno de 18 ou de 19 teve de ser recusado nos cursos de direito porque não tinha nenhuma nota em linguas vivas. Em contrapartida, tinha um 18 ou um 19 a latim...
Para compreender o descalabro que isto representa, é ler as inumeras teses mal e porcamente redigidas em inglês técnico, que envergonhariam qualquer pessoa minimamente culta num pais civilizado.
Não perceber isso, é não perceber que os alarves que andam por ai a disparatar diariamente nos nossos jornais, arrotando postas que mostram que nem os autores da moda perceberam devidamente, não os compreenderam mercê da sua total incultura geral, por não terem as bases solidas que poderiam ter adquirido... estudando latim ou grego.
Uma tristeza.
Boas
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