Um dos livros que fiz esperar foi-me oferecido por Carlos Fernandes Maia, seu autor. O título é Sentido: sentimentos de verdade e foi editado em 2016 pelo Sindicato Nacional dos Professores Licenciados.
Trata-se de um livro de poesia, mas não é sobre o seu sentido global que me pronuncio neste breve texto, nem sobre a comovente e pessoal dedicatória e justificação que o abre.
Pragmaticamente, detenho-me no reflexo que o "ser professor" tem em pelo menos cinco dos poemas: A escola, (pág. 24), Professor (pág. 25), Novos professores (pág. 31), Lição de humanismo (pág. 52) e Escola com professora (pág. 64).
A sua compreensão requer dois movimentos: por um lado, o afastamento da "espuma dos dias" (perfeita expressão de Boris Vian) que obscurece o(s) sistema(s) de ensino, do linguajar demagógico e inconsequente sobre a educação escolar; por outro lado, uma aproximação ao sentido de Educação veiculado no texto que remata o livro (pág. 98). Eis uma parte dele:
"Todo o pensamento e sentimento da vida giram em torno do conceito de dever (de aperfeiçoar o ser homem e de colocar ao serviço dos outros o maior e melhor número de qualidades estimáveis possível) - donde depende a defesa da primazia do dever sobre os direitos.
A lógica é simples: a promoção de qualidades estimáveis é um imperativo do ser homem; a dimensão solidário do homem obriga à partilha dessas qualidades - que revelam o grau de realização ou de aperfeiçoamento de alguém; e só existindo essas qualidades desenvolvidas outros podem usufruir delas, isto é, ter direito a esses bens.
Isto implica uma escola e, no mais geral, uma educação que procure desenvolver ao máximo as potencialidades de cada um - e não se limite a dotar de competências uma pessoa para servir numa função produtiva ou de mera sobrevivência. Uma ética de excelência é condição de uma sustentabilidade ética - sem a qual a humanidade perde sentido e cada um deixa de se considerar responsável pelos demais."
1 comentário:
Atualmente, em termos de ética, nas escolas, só temos o Regulamento Interno - é muito pouco!
A lógica é: o Estado exerce uma violência inaudita sobre os jovens quando os obriga a estar na escola até aos dezoitos, logo é perfeitamente aceitável que eles se revoltem e partam tudo, sabendo de antemão que a liberdade que ganhariam com a expulsão da escola é-lhes negada à partida. Prisão por prisão, que fiquem na escola!
Enviar um comentário