“Não há meias
verdades” (George Bernanos, 1888-1948).
À laia de introdução: Não querendo prezar mais o comentário deste anónimo a que respondi ontem no meu post - “A basófia de Jorge Jesus tido como profunda ironia” (22/09/2014), relativamente a outro, ínsito no meu post – “O Futebolês” (13/09/2014) -, obrigo-me, em nome da equidade de tratamento, e por respeito ao labor do seu autor, a responder-lhe, novamente, sob a forma de post. Segue a minha resposta:
Numa decisão estamos ambos plenamente de acordo (valha-nos isso!). Passo a citá-lo: “Não vou continuar esta conversa claramente inútil”. Isto porque serrar serradura não faz o meu tipo de discussão em que, para além, disso, gosto (em idiossincrasia minha?) de discutir os assuntos cara-a-cara. Serei breve, portanto, sem repisar sempre os mesmos argumentos que a prolixidade e insistência em repeti-los, nos pontos por si abordados nos comentários em que, em vez de discutir o essencial, se esgueira qual enguia escorregadia para o acessório. Um processo que torna exaustivo enumerá-los e discuti-los, ponto por ponto. Assim, atenho-me, apenas, a quatro questões que tenho como mais substanciais ou sumarentas:
1. A minha “inumeracia” (como escreve, reescreve e torna a escrever), isto é enganar-me na transcrição de um número, como se tratasse do produto final de um complicado cálculo ou problema matemático porque, em conclusão sua, “é tão grave como dar pontapés na gramática”. Uma opinião que submeto à consideração do leitor, e de que já me penitenciei anteriormente. Mas será necessário escrever no quadro preto, cem vezes, “3 milhões de euros”?
2. Escreve na parte final deste seu último comentário: “Uma suposta citação literal minha – com aspas e tudo- sobre ‘diferenças de classe’ que nunca fiz”. Vejamos se assim é! Escreveu no 1.º § do seu comentário em “O Futebolês” (02/09): “Achei o seu artigo feio e indigno de um membro da elite social, de que indubitavelmente faz parte (…) sempre ligeiro para vincar as “diferenças de classe”. Porque ninguém deve ser juiz em causa própria, peço ao leitor que coteje estas suas duas frases: permitem elas que se diga nunca se ter ele referido a “diferenças de classe”?
3. Escreve o mesmo comentador neste seu novo comentário: “Entretanto, neste novo post resolveu insinuar que sou mentiroso, mas apressando-se a negá-lo. A sua intenção é clara já que, se pensa realmente que não sou mentiroso, não teria prosseguido com tal comentário inconsequente. Mas esse comentário é bem sintomático da incapacidade do articulista de uma leitura não literal do que lê, o que poderá explicar as suas dificuldades em detectar ironias”. Dialogar com quem, como eu, tem “dificuldades em detectar ironias” (de Jorge Jesus e/ou suas?) seria por si ultrapassável (e que grato eu ficava se o fizesse) se cada vez que escrevesse uma ironia pusesse à frente entre parêntesis curvos (IRONIA:gargalhada alarve, gargalhada, simples risada ou riso amarelo!).
4. Por último, uma derradeira transcrição de texto seu: “Farto-me de esbarrar com eles em pessoas que discutem os assuntos de má fé. Lembra aqueles empregados de café que se acham engraçados que respondem a um ‘queria um café sff’’ com ‘queria não, quer’...". Minha falecida mãe, senhora de uma cultura académica apreciável e de uma cultura geral vastíssima, falava e escrevia, além da língua pátria, correctamente quatro línguas estrangeiras, sendo muito dada a ler obras dos nossos maiores escritores, Eça, Camilo, etc. - nada que o meio familiar não justificasse: foi meu avô, seu pai, presidente da Câmara Municipal do Porto e pessoa, de igual modo, extremamente culta -, ao contrário do empregado de café, por si lembrado, quando eu dizia quero, emendava-me para queria. E fazia essa correcção sem a intenção em "se querer fazer passar por engraçada", apenas como uma forma de demonstrar a imposição que subjaz à palavra quero, ademais na boca de uma criança mais ou menos birrenta.
Sobre simples opiniões,lançadas ao vento em sementeira de "Manifestações esféricas de raciocínio quadrado" (título de um artigo de opinião meu, corria o ano de 1961), como elas se identificam com o arrevesado e complexo “FUTEBOLÊS”. Em nome da liberdade de expressão e, ipso facto, do direito em emitir opiniões contraditórias (é atribuído a Voltaire: "Não concordo com o que diz, mas defenderei atá `morte o direito que tem em o dizer" ),transcrevo estes versos de António Gedeâo: “Onde Sancho vê moinhos / D. Quixote vê gigantes / Vê moinhos? São moinhos / Vê gigantes? São gigantes”.
Sans rancune,
Rui Baptista
À laia de introdução: Não querendo prezar mais o comentário deste anónimo a que respondi ontem no meu post - “A basófia de Jorge Jesus tido como profunda ironia” (22/09/2014), relativamente a outro, ínsito no meu post – “O Futebolês” (13/09/2014) -, obrigo-me, em nome da equidade de tratamento, e por respeito ao labor do seu autor, a responder-lhe, novamente, sob a forma de post. Segue a minha resposta:
Numa decisão estamos ambos plenamente de acordo (valha-nos isso!). Passo a citá-lo: “Não vou continuar esta conversa claramente inútil”. Isto porque serrar serradura não faz o meu tipo de discussão em que, para além, disso, gosto (em idiossincrasia minha?) de discutir os assuntos cara-a-cara. Serei breve, portanto, sem repisar sempre os mesmos argumentos que a prolixidade e insistência em repeti-los, nos pontos por si abordados nos comentários em que, em vez de discutir o essencial, se esgueira qual enguia escorregadia para o acessório. Um processo que torna exaustivo enumerá-los e discuti-los, ponto por ponto. Assim, atenho-me, apenas, a quatro questões que tenho como mais substanciais ou sumarentas:
1. A minha “inumeracia” (como escreve, reescreve e torna a escrever), isto é enganar-me na transcrição de um número, como se tratasse do produto final de um complicado cálculo ou problema matemático porque, em conclusão sua, “é tão grave como dar pontapés na gramática”. Uma opinião que submeto à consideração do leitor, e de que já me penitenciei anteriormente. Mas será necessário escrever no quadro preto, cem vezes, “3 milhões de euros”?
2. Escreve na parte final deste seu último comentário: “Uma suposta citação literal minha – com aspas e tudo- sobre ‘diferenças de classe’ que nunca fiz”. Vejamos se assim é! Escreveu no 1.º § do seu comentário em “O Futebolês” (02/09): “Achei o seu artigo feio e indigno de um membro da elite social, de que indubitavelmente faz parte (…) sempre ligeiro para vincar as “diferenças de classe”. Porque ninguém deve ser juiz em causa própria, peço ao leitor que coteje estas suas duas frases: permitem elas que se diga nunca se ter ele referido a “diferenças de classe”?
3. Escreve o mesmo comentador neste seu novo comentário: “Entretanto, neste novo post resolveu insinuar que sou mentiroso, mas apressando-se a negá-lo. A sua intenção é clara já que, se pensa realmente que não sou mentiroso, não teria prosseguido com tal comentário inconsequente. Mas esse comentário é bem sintomático da incapacidade do articulista de uma leitura não literal do que lê, o que poderá explicar as suas dificuldades em detectar ironias”. Dialogar com quem, como eu, tem “dificuldades em detectar ironias” (de Jorge Jesus e/ou suas?) seria por si ultrapassável (e que grato eu ficava se o fizesse) se cada vez que escrevesse uma ironia pusesse à frente entre parêntesis curvos (IRONIA:gargalhada alarve, gargalhada, simples risada ou riso amarelo!).
4. Por último, uma derradeira transcrição de texto seu: “Farto-me de esbarrar com eles em pessoas que discutem os assuntos de má fé. Lembra aqueles empregados de café que se acham engraçados que respondem a um ‘queria um café sff’’ com ‘queria não, quer’...". Minha falecida mãe, senhora de uma cultura académica apreciável e de uma cultura geral vastíssima, falava e escrevia, além da língua pátria, correctamente quatro línguas estrangeiras, sendo muito dada a ler obras dos nossos maiores escritores, Eça, Camilo, etc. - nada que o meio familiar não justificasse: foi meu avô, seu pai, presidente da Câmara Municipal do Porto e pessoa, de igual modo, extremamente culta -, ao contrário do empregado de café, por si lembrado, quando eu dizia quero, emendava-me para queria. E fazia essa correcção sem a intenção em "se querer fazer passar por engraçada", apenas como uma forma de demonstrar a imposição que subjaz à palavra quero, ademais na boca de uma criança mais ou menos birrenta.
Sobre simples opiniões,lançadas ao vento em sementeira de "Manifestações esféricas de raciocínio quadrado" (título de um artigo de opinião meu, corria o ano de 1961), como elas se identificam com o arrevesado e complexo “FUTEBOLÊS”. Em nome da liberdade de expressão e, ipso facto, do direito em emitir opiniões contraditórias (é atribuído a Voltaire: "Não concordo com o que diz, mas defenderei atá `morte o direito que tem em o dizer" ),transcrevo estes versos de António Gedeâo: “Onde Sancho vê moinhos / D. Quixote vê gigantes / Vê moinhos? São moinhos / Vê gigantes? São gigantes”.
Sans rancune,
Rui Baptista
5 comentários:
Correndo o risco de estar a quebrar a minha promessa de não continuar a debater, ainda por cima em dia de semana, deixo aqui apenas, digamos, umas clarificações:
1. "Inumeracia" é um anglicismo baseado num neologismo criado, tanto quanto sei, por John Allen Paulos e dado a conhecer ao mundo no seu excelente livro, que recomendo vivamente:
"Innumeracy: Mathematical Illiteracy and Its Consequences", John Allen Paulos
http://www.amazon.com/Innumeracy-Mathematical-Illiteracy-Its-Consequences/dp/0809058405
Não fui eu que inventei o neologismo mas teria muito orgulho se fosse o seu autor. A palavra até já está dicionarizada em Português, isso eu não sabia.
Sobre o seu martírio, parece-me que deve ser proporcional ao nível de troça que aplicou ao próximo, esse foi o meu ponto original. "Quem tem telhados de vidro não deve atirar pedras" e mesmo que não os tivesse, atirar pedras só pode resultar em telhas, ou cabeças, partidas.
2. "Elite" e "classe [social]" são conceitos muito diferentes; elite refere-se ao melhor que há numa sociedade e poderá, em princípio ser oriundo de qualquer classe social; classe é mais relacionada com uma afinidade (social) entre os seus constituintes mas naturalmente que isso não explica a "diferença" de classes, ou a "luta" de classes; a palavra classe tem toda uma carga ideológica que não pode ser ignorada. Gosto de pensar que elite tem que ver com mérito enquanto que classe tem que ver com organização social, muitas vezes entendida como imutável: "Cada macaco no seu galho". Sendo assim, pode ser-se elitista e acreditar numa sociedade sem classes... De qualquer modo as aspas usadas por si sugeriam citação ipsis verbis e não paráfrase. Um detalhe importante.
3. Ironia não tem nada que ver com riso alarve, antes pelo contrário. Riso alarve é mais do domínio do sarcasmo. É precisamente por isso que acho que passa mal em Portugal.
4. "queria" vs "quer": ora até que enfim podemos concordar em algumas cosia, a sua mãe tinha toda a razão. Mas penso que ficou clara a analogia quando falei disso no outro post.
Pronto, agora é que me "calo para sempre" (mesmo!), deixando uma citação que antecedeu Popper e que merece reflexão:
"Não existem factos, apenas interpretações", Friedrich Nietzsche
Utilizo-me da analogia dos duelos de século XIX em que a arma era escolhida pelo ofendido, palavra um tanto forçada, porque não me senti ofendido com os seus comentários , aquilo que os franceses teriam por “la piperie des mots”, justificados, em parte, pela refrega da polémica “que emigrou da arte da guerra , passando a traduzir atitudes opostas e pugnazes dos que não só pensam diversamente, afirmando diferentes proposições sobre o mesmo - mas em adversidade, isto é: com ânimo de contrariedade e de oposição” (Vitorino Nemésio).
O próprio Alexandre Herculano escreveu: ”Das definições possíveis do homem, uma só é verdadeira: o homem é o animal que disputa”. E já que falo de Alexandre Herculano (e mesmo que não falasse), aproveito a ocasião para me retractar de uma resposta minha a Nuno Henrique Franco , insito no meu post: “A basófia de Jorge Jesus tida como uma profunda ironia” (22/09). (Acabo de fazer esta correcção num comentário dirigido a Nuno Franco).
Nele escrevi que Alexandre Herculano não tinha estudos superiores, por confusão com o historiador Oliveira Martins (1845-1894).
Por último julgo termos ambos tido ensejo de expressar as nossas convicções , as nossas opiniões os nossos azedumes, através de um processo que transposto para o papel ocuparia imensos fólios de posts e comentários, deixando à opinião pública ou ao simples leitor o encargo de tirar as devidas ilações: como sói dizer-se, ninguém deve ser juiz em causa própria.
Por mim, portanto, e a seu exemplo, assunto encerrado.
Errata: Onde escrevi "piperi" (3.ª linha do meu comentário anterior), corrijo para "peperi".
O sr Baptista pode ser um conde arruinado, saudoso de caçadas passadas em savanas alheias, citador vaidoso e prolixo mas irrelevante, inchado de diplomite aguda e vesga (JM e JJ , como exemplos), pedante e elitista, e um pouco (vá lá) tonto?
O contraste com A. Galopim de Carvalho, brilhante, chega a ser... gigante.
O anonimato tem destas coisas....para além de outras, como seja "trazer à costas a opinião dos outros como uma mochila do regimento" (Aquilino Ribeiro).
E assim se pode ser o porta-voz do Partido, do botequim ou da simples mesa de café em que se mandam bitaites pela boca fora quais perdigotos de bílis denunciadora de um mau funcionamento de fígado.
Mas pior do que isso é repetir os mesmos argumentos de uma cabeça vermelha de raiva. Faço prova:
"Ad naseum é parco "sofrimento" (...) para tanto pedantismo, serôdio e vaidoso, quem sabe se ainda resquício de algum "droit de cuissage" perdido em qualquer retornada savana...
Tanto latim envolverá uma nada pequena obsessão...licenciada?...
A. Galopim de Carvalho, uma vez mais, membro relevante do de rerum natura, quando rememoriza o seu passado ou escreve sobre a ciência de que tão bem é Mestre, não se eleva ao Olimpo merecido.
O sr Baptista nem na cave da montanha brilhará."("O colóquio de Jorge Jesus na Faculdade de Motricidade Humana", anónimo, 26.Set.2014)
Saindo da catacumba em que o anónimo me quis enterrar, nada melhor (para além da repetição dos mesmos argumentos por parte deste obsessivo anónimo) do que o leitor ler todo o historial que subjaz a este desaguisado em que "o direito dele ser ouvido lido não inclui automaticamente o direito de ser levado a sério" (Hubert Humprhey). Vide, meu post, publicado neste blogue com o título "O colóquio de Jorge Jesus na Faculdade de Motricidade Humana" (26/09/2014).
Como se costuma dizer, ninguém deve ser juiz em causa própria". Dispamos, portanto, ambos (eu e o anónimo) a toga e deixemos ao leitor o veredicto final.
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