terça-feira, 2 de setembro de 2014

COMENTÁRIO DE UM LEITOR SOBRE COUTINHO E CRATO

Os comentários dos nossos leitores,a favor ou contra aquilo que é escrito, são uma parte importante deste blogue. Destacamos um comentário  do nosso leitor  Ildefonso Dias em26 de Agosto de 2014 a este post:

O drama neste país é a quantidade, eu diria inesgotável, de indivíduos “sabichões” como Mariano Gago e António Coutinho que não sabendo "da poda" tem no entanto o atrevimento e o descaramento de se intrometerem e condicionarem os destinos do país, condenando-o à menoridade mental. Foi isso que o primeiro fez retirando a investigação às universidades. É isso que o segundo continuará a fazer ao não devolver a investigação às universidades. Deixo esta transcrição do Professor Sebastião e Silva, que já em 1968 chamava a atenção da necessidade do professor universitário ser também ele um investigador (entrevista publicada pelo jornal A Capital).

“A incompreensão dos leigos relativamente ao problema do professor universitário estriba-se em particular neste facto: para eles, o catedrático ( ou lente: etimologicamente “aquele que lê”) é ainda aquela figura veneranda que sabe muito e fala como um livro aberto, repetindo, sem nunca se enganar, o que os sábios inventaram em países e tempos remotos. Não é de admirar, portanto, que mesmo pessoas inteligentes e bem intencionadas continuem a sustentar que para ser professor universitário não é preciso ser investigador. Eu não digo que num período transitório, não seja necessário ( e é ) admitir realisticamente a existência de professores que, dadas as condições do meio, não puderam realizar se como investigadores, mas que conseguem, excepcionalmente, ser bons pedagogos. Porém, de futuro, a posição terá de ser muito diferente, pelo menos no que se refere aos cursos de carácter científico: se não se exigir ao professor, como mínimo, o hábito e o espírito de pesquisa, reveladores de um contacto permanente com o movimento científico internacional – mesmo que os resultados pessoais não sejam brilhantes – então o País será irremediavelmente condenado à situação de menoridade mental, com todas as consequências deploráveis que daí podem deduzir - se a priori.

Um dos argumentos que são invocados com mais frequência contra o princípio de que os professores devem ser investigadores é o do que a grande maioria dos alunos não irão ser investigadores. Certamente que não! Mas é preciso não esquecer em que época vivemos: a evolução rapidíssima da técnica e da ciência exige que todos adquiram um certo espírito de pesquisa, ou seja: maleabilidade intelectual, senso crítico, imaginação criadora, espírito de iniciativa, capacidade de adaptação. E quem poderá, em última análise, transmitir esse espírito de pesquisa aos jovens portugueses, se nem sequer os professores universitários forem providos de tal espírito?”

António Coutinho diz ainda “Ser docente-investigador mediano ou medíocre não é melhor do que ser “apenas” um excelente docente.”

Que retrato de horizontes diminutos e de extrema ignorância emana da figura de António Coutinho quando lhe sobrepomos as palavras sabias do Professor Sebastião e Silva.

Eu percebo que aquilo que António Coutinho diz é muito sério e tem serias implicações no futuro do País, por isso deixo aqui um pedido de esclarecimento público ao senhor Ministro Nuno Crato que é: Ou o senhor Ministro Nuno Crato se identifica com as palavras do Professor Sebastião e Silva ou se identifica com as do Professor António Coutinho. Não há duas escolhas.

Se concorda com Sebastião e Silva deve de imediato demitir António Coutinho. De outra forma o senhor Professor Nuno Crato ficará para a história como uma personagem vulgar no campo da investigação cientifica e no da pedagogia entre outros valores. 

2 comentários:

Rui Baptista disse...

Habituado que estou a ter comentários do Eng.º Ildefonso Dias nos meus posts, que muito úteis me são para a reflexão daquilo que escrevo, não me surpreende este seu comentário, publicado sob a forma de post pelo seu justo e valioso reconhecimento por parte do DRN.

É esta uma voz desassombrada que exige "um pedido de esclarecimento público ao senhor Ministro Nuno Crato". Ou seja, "se concorda com Sebastião e Silva deve de imediato demitir António Coutinho". Se o não fizer, Ildefonso Dias "dixit"," o senhor Professor Nuno Crato ficará para a história como uma personagem vulgar no campo da investigação científica e no da pedagogia entre outros valores".

"Alea jacta est"! Terá o senhor Ministro Nuno Crato coragem para atravessar o Rubicão para a outra margem: a margem que as circunstâncias aqui relatadas lhe impõem? E se o futuro a Deus pertence, neste particular o futuro está nas mãos do actual titular da pasta da Educação e Investigação Científica. Realço: Investigação Científica!

Ildefonso Dias disse...

Professor Rui Baptista, quero em primeiro lugar agradecer as suas palavras muito amigas.

A meu ver as palavras de António Coutinho trazem ao Ministro Nuno Crato duas grandes dificuldades. A primeira dificuldade diz respeito ao campo técnico da Investigação/Pedagogia, se para isso, Nuno Crato aceitar que não é importante que o professor universitário seja ele também um investigador.
A segunda dificuldade objectivamente existe, e é uma consequência da primeira pela sua não resolução, é de outra natureza, é mais melindrosa, pois insere-se no campo da “moral social” que é a de manter o País numa situação de atraso educacional e civilizacional.
No futuro pode-se, muito justamente, assacar ao Professor Nuno Crato que, estando na governação não teve neste particular um contributo para o desenvolvimento dos jovens e do País. E esse era um dever que tinha e que lhe pesará sempre na consciência. Além do mais, Nuno Crato sabe que as palavras do Professor Sebastião e Silva (de que o professor universitário deve ser também ele um investigador) são, sem contestação possível, válidas em qualquer parte do mundo.

Um abraço Professor Rui Baptista,

DUZENTOS ANOS DE AMOR

Um dia de manhã, cheguei à porta da casa da Senhora de Rênal. Temeroso e de alma semimorta, deparei com seu rosto angelical. O seu modo...