quarta-feira, 19 de junho de 2024

O LUGAR RESIDUAL DA ESCRITA EM EXAMES NACIONAIS DE PORTUGUÊS

 "Sem escrever uma linha, um aluno pode ter positiva."

Isto foi o que me disse uma professora que está a corrigir exames nacionais de Português do 9.º ano de escolaridade, com quem falei depois de ter lido este artigo de opinião, assinado por uma professora da disciplina e saído ontem no jornal Público.

 
Verifiquei e... sim, é possível acontecer pois 17 perguntas, das 21 que constituem o exame, são de escolha múltipla! Atendendo à cotação, se os alunos acertarem um número elevado deste tipo de perguntas podem ter mais de dez valores sem nada redigir ou redigindo mal, cometendo os mais diversos tipos de erros.
 
Isso está certo? 
 
Em termos técnicos, não me posso pronunciar, pois não conheço o referencial de avaliação, no caso, as Aprendizagens Essenciais. Em termos de princípios educativos, a decisão do IAVE não pode deixar de ser questionável porquanto a redacção (correcta em função dos diversos aspectos previstos) é uma das competências fundamentais implicada na aprendizagem da língua materna.

1 comentário:

António Pires disse...

O caráter eminentemente FORMATIVO do processo dinâmico da avaliação escolar, quando o sistema de ensino é parte integrante de um regime político democrático, como é o nosso, balizado por uma das constituições mais avançadas do mundo, traduz-se, na prática, por uma desvalorização do saber pequeno-burguês, em que se exalta o "Saber ler, escrever e contar", permitindo que todos os filhos da classe operária e do campesinato sejam facilmente aprovados nos exames nacionais com base em critérios da metacognição. Por outras palavras:
- Se a verborreia levar ao resultado final pretendido, que é serem todos aprovados no exame, a verborreia vale a pena!

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