quinta-feira, 6 de junho de 2024

Um tempo de Teocentrismo

 Por A. Galopim de Carvalho
 

Comecemos por lembrar que a Idade Média decorreu entre o final do Império Romano, em 476 d.C., quando o Imperador Rómulo Augusto abdicou a favor do chefe militar, de origem germânica, Flávio Odoacro, e a conquista de Constantinopla pelos otomanos, em 1453. E recordar também que há consenso em dividir este período, de cerca de dez séculos, em dois: o designado por Alta Idade Média, que decorreu entre o século V e o X, e o conhecido por Baixa Idade Média, que se estendeu do século XI ao XV.

O uso da expressão Idade das Trevas, como sinónima de Idade Média, é uma forma demasiado injusta. Adoptada pelos humanistas do século XVII, que, abusivamente, generalizaram toda a civilização da Europa, do século V ao século XV, como um tempo de escuridão e de ignorância. Com esta expressão, proposta pelo cardeal e historiador, Caesar Baronius, em 1602, pretendeu-se realçar a "escuridão" deste período relativamente ao que o antecedeu e ao que se lhe seguiu. Expressões como Idade das Trevas, para uns, ou “Noite de dez Séculos”, para outros, evoca o contraste visual entre a luz e a ausência dela, ou entre o dia e a noite. Para eles, este período da História situava-se entre a “luz” da Antiguidade Clássica e a do Renascimento. Mas se, relativamente a este período, tivermos em atenção o papel das Universidades no avanço do conhecimento, a sofisticada e apuradíssima tecnologia dos relógios mecânicos, a avançadíssima arquitectura das catedrais góticas, a tradução dos textos clássicos pelos árabes e o papel dos monges copistas, esta expressão é demasiado injusta.

A Idade Média foi um tempo de Teocentrismo (de Theós, palavra grega para dizer “Deus”), em que Deus estava no centro do mundo, em que a veneração a Ele e o temor do Seu castigo eram uma constante na sociedade. A importância da Igreja Católica era imensa e a Fé inspirava e determinava os mínimos atos da vida cotidiana. Amestrados na ideia de que a Igreja era a intermediária entre Deus e os homens, os fiéis aceitavam que a graça divina só seria alcançada através dos sacramentos e das normas morais ensinadas nas Santas Escrituras. Neste quadro, o clero foi a classe social atuante na formação do saber e da mentalidade medievais onde, acima de tudo, imperava a crença num Deus todo poderoso e justiceiro e o temor pelo Inferno, impelindo os fiéis a renunciarem aos prazeres mundanos, em busca da salvação das suas almas.

A palavra inferno chegou-nos do latim Infernus que, por sua vez, deriva de inferus, com o significado de “o que está abaixo”. Inferno era. então, algo situado nas profundezas da Terra, onde filósofos gregos, como Eratóstenes de Cirene (285.194 a.C.) e outros tinham defendido a existência do que se chamava, “fogo central”, ideia já generalizada nesses tempos e que a ciência acabou por confirmar.

Durante os dez séculos o clero esteve sempre no topo da hierarquia social. Os gregos tinham a palavra klerós para designar o conjunto de sacerdotes, palavra que o latim converteu para cleru, onde a fomos buscar, com o significado do conjunto dos membros da Igreja. Logo abaixo do clero, situava-se a nobreza e, na base desta pirâmide, estavam os servos, os únicos que trabalhavam e sustentavam as duas classes superiores. Desta sociedade faziam também parte os vilões, entendidos como indivíduos livres que, temporariamente, ofereciam a sua força de trabalho a um senhor feudal. Estavam livres dos vínculos servis tradicionais e, assim, podiam transitar por onde lhes aprouvesse. Embora escassos, sem grande, havia ainda os escravos, geralmente homens e mulheres cativos, na sequência de actos e guerra, que ficavam reféns de múltiplos trabalhos domésticos.

Dominando sobre tudo e todos Papa, na qualidade de Sumo Pontífice, ocupava a Cathedra Petri (Cadeira de São Pedro). Na expressão Sumo Pontífice, o elemento sumo vem do latim summus, refere “o topo”, “o mais importante”, e pontífice radica na palavra latina, pontifex que, na origem, significava “construtor de pontes”. Na Antiguidade romana, pontífice era um membro do principal colégio de sacerdotes, (Collegium Pontificum), cujo líder era o Pontifex maximus, inicialmente um posto religioso (pagão), usado depois pelo imperador romano.

No âmbito da Igreja, pontífices, eram aqueles a quem se reconhecia o papel de construírem uma ponte entre o efémero e o eterno. Sumo Pontífice evoca sua singular condição de chefe do colégio daqueles a quem Jesus Cristo chamou para serem os seus apóstolos (do grego, apóstolos, que quer dizer “enviado”, “mensageiro”), detentor das “chaves do Reino dos Céus”. No concílio de Florença, realizado em 1439, estabeleceu-se que o Sumo Pontífice “possui o primado sobre todo o Universo e que ele é o sucessor do bem-aventurado Pedro, príncipe dos apóstolos”. Assentou-se, ainda que “ele é o Vigário (do latim vicarius, como o significado de representante) de Cristo e cabeça de toda a Igreja, pai e mestre de todos os cristãos, tendo recebido de nosso Senhor Jesus Cristo, na pessoa do bem-aventurado Pedro, o pleno poder de apascentar, reger e governar a Igreja universal, como se encontra nas actas dos concílios ecuménicos e nos sagrados cânones”. Nesses anos, o Papa, na inquestionável qualidade de Deus na terra, dominava, não só na religião, como na sociedade e na política, com poderes para excomungar qualquer um que se afastasse das leis de Deus e investir, coroar e destituir reis. Isso aconteceu, por exemplo, com D. Afonso Henriques, confirmado rei de Portugal, pelo Papa Alexandre III, através da bula Manifestis probatum, em 1179, e com D. Sancho II, excomungado e destituído, como rex inutilis, pelo Papa Inocêncio IV, através da bula Grandi non immerito, de 1245.

Para um bom entendimento do discurso é importante saber que igreja vem do grego ekklesia, através do latim ecclesia, que significa reunião, assembleia. Designa um edifício destinado a reunir pessoas, mas o seu âmbito alargou-se ao de uma instituição. Católico chegou-nos do grego katholikós, através do latim catholicus, que quer dizer universal, e Papa, do latim, papa, termo carinhoso alusivo a pai.

Não obstante o espartilho do Teocentrismo, o Cristianismo foi o motor da vida cultural na Europa ocidental. Este motor teve início com o surgimento de mosteiros como o da Ordem de São Bento, uma das mais importantes ordens monásticas do mundo, fundada em 528, por Bento de Núrsia (480-547), sendo que Núrcia é uma comuna italiana da região da Úmbria. Lembrado, entre as mais importantes figuras do Cristianismo, este religioso concebeu e pôs em prática a Regula Monasteriorum (Regra dos Mosteiros), que escreveu na abadia de Monte Cassino, em Itália. Esta regra, que tem o seu nome, é um dos mais valiosos e utilizados regulamentos da vida monástica e que serviu de inspiração de muitas outras comunidades religiosas. Influenciou marcadamente o modo de vida da Europa ocidental, exercendo uma influência pautada por um estilo rígido, mas sem as mortificações vindas de trás, que entendeu serem incompatíveis com a Fé.

Mosteiro é a forma mais corrente de dizer monastério, palavras que fomos buscar ao grego, monasterion. Por seu turno, monasterion é uma palavra composta pelos termos monos, que quer dizer “sozinho” (originalmente todos os monges cristãos viviam em solidão), e pelo sufixo -terion, que alude a “lugar para fazer algo”. Mosteiro é, pois, um edifício, geralmente construído fora das cidades, habitado por uma comunidade de monges ou monjas, votados à oração e ao trabalho que assegure a sua subsistência. Por outras palavras, é uma instituição edificada que alberga uma comunidade de monges ou de monjas, levando uma vida de oração e trabalho, em completo afastamento da sociedade. Por vezes, de grandes dimensões, os mosteiros espalharam-se por toda a Europa medieval.

Quando tutelados por um abade, os mosteiros designavam-se abadias. Abadia era, pois, uma comunidade conventual ou monástica da Igreja Católica, sob a tutela de um abade que, em princípio, a dirigia com a dignidade espiritual de pai ou de mãe (madre) dessa comunidade.

Se a abadia for de monjas, não falamos de abades, mas sim de abadessas. Diga-se que a palavra abade radica no latim abbas, abbatis que, por sua vez, deriva do aramaico, abba, que significa pai. Diga-se, ainda, que aramaico é uma língua semítica, falada pelos arameus, um povo da antiga região de Aram, no centro da Síria.

O título de abade teve a sua origem nos mosteiros da Síria, no século IV, tendo-se espalhado pelo Mediterrâneo oriental e adoptado na generalidade da Europa para referir o governante de um dado mosteiro. No início, por influência de determinadas passagens da tradução latina da Bíblia, a palavra abade era usada como título de respeito para qualquer monge, mas rapidamente começou a ser utilizado exclusivamente para alguns superiores monásticos. Em Portugal sempre foi um título considerado de respeito para qualquer monge.

No contexto religioso, convento (do latim conventum, com o significado de assembleia) refere, habitualmente, um edifício com os mesmos fins dos mosteiros, mas edificados no interior das cidades. Os romanos tinham a expressão Conventum juridicum, para designar a assembleia onde os cidadãos se reuniam para fins relacionados com a justiça.

Durante o crescimento das cidades, a Igreja sentiu necessidade de criar um novo tipo de comunidade religiosa, não enclausurada como era a dos mosteiros, mas sim, procurando estar mais inserido junto aos novos centros urbanos. Excepção feita à explicação etimológica, não há, praticamente, distinção ente convento e mosteiro. Por exemplo, o convento de Cristo, que fica fora da cidade de Tomar, devia dizer-se Mosteiro de Cristo, o Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, devia chamar-se Convento de Santa Cruz.

Um outro membro da comunidade cristã é o frade, definido como um membro de uma ordem religiosa mendicante, que vive normalmente num convento. Há os que são elementos da Igreja, que dizemos clérigos, e os que o não são, a que chamamos leigos. A palavra frade radica no latim frater, que significa “irmão”. Todos têm o título de frei, termo apenas usado como anteposto ao nome do frade. Por exemplo, dizemos frei Brás para referir o frade Brás. O feminino de frade é freira, já o masculino freire, geralmente só se emprega se o frade pertencer a uma ordem militar.

Bento de Núrcia, canonizado em 1220, pelo Papa Honório III. desenvolveu um espírito de equilíbrio e de discrição que atraiu um grande número de fiéis para a vida monástica. Participou na fundação de vários mosteiros que adotaram a denominação original, posteriormente à sua morte. No século XII, já era grande o número de Mosteiros Beneditinos neste lado da Europa. Foi São Bento é venerado não apenas por católicos, mas também por ortodoxos e anglicanos, que é lembrado como patrono da Alemanha e que o Papa Paulo VI o designou “Patrono da Europa”.

Na sua Regula, entre outros aspectos, São Bento determinava, com especial chamada de atenção, que os monges se dedicassem ao estudo e ao ensino, se fixassem num dado local e prestassem obediência ao abade fizessem votos de pobreza e de castidade, praticassem a hospitalidade e a caridade, trabalhassem, a fim de garantirem a sua subsistência, e rezassem. Todos os monges cristãos começaram por ser eremitas que se reuniam, semanalmente, numa igreja para assistir à Santa Missa, onde ouviam a palavra de Jesus e recebiam a Comunhão, cuja palavra radica no latim, communio, que ignifica “comunidade”, “associação”, “participação mútua”.

Eremita era o religioso que se isolava no deserto para orar e meditar em solidão. A palavra radica no grego erémos, que significa “deserto” “desabitado”, étimo que serviu de raiz ao termo latino eremita, com o significado de "morador do deserto", e à nossa palavra ermo, que quer dizer, deserto, no sentido de desabitado. Com o mesmo significado de eremita, anacoreta é a tradução para português da palavra grega anachoretés, nome dado a todo aquele que abdicou do mundo, que, por motivos religiosos, escolheu viver de forma solitária, entregando-se à penitência e à contemplação, “que se retirou”, “que abdicou do mundo". Os anacoretas eram monges dos primeiros tempos do cristianismo que, tendo por opção de vida, alcançar um estado de graça e pureza, viviam em retiro e solidão, dedicando-se à oração e à meditação. Um anacoreta de entre os mais conhecidos, foi Santo Antão do Egipto (261-356), o Eremita. Natural do Egipto, com grande destaque entre os chamados Pais do Deserto, de que foi fundador, sendo lembrado pelo seu papel no desenvolvimento da vida monástica. . Tendo passado grande parte da sua vida em solidão no deserto, terá sofrido, aí, toda a espécie de tentações diabólicas, às quais sempre resistiu, tornando-se um poderoso símbolo de renúncia à vida mundana e ao pecado. Pai de Todos os Monges, Santo Antão, também, conhecido por Santo Antão, o Grande, e, ainda, por Santo Antão, o Eremita, viveu mais de cem anos, 105, ao certo. Muito jovem, abraçou o Evangelho como único caminho para a salvação, desfez-se de todos os seus bens, que distribuiu pelos pobres, partindo, depois, para o deserto, onde iniciou uma inspiradora vida monacal. Importa saber que monacal é o qualificativo relativo a monge e que ambas as palavras têm origem no grego, monakhós, que quer dizer “solitário”, “o que vive só”.

Mais tarde, os eremitas começaram a agrupar-se em pequenos recintos, chamados celas (do latim cella, com o significado de “pequeno compartimento”) e foi assim que em vários locais dos desertos do Egipto e de Judá, em Israel, surgiram as primeiras comunidades monásticas, sob a orientação de um Pai espiritual. E, daí, os nomes Pais do Deserto.

Originalmente, todos os monges cristãos eram eremitas, ou seja, volto a dizer, homens que, usualmente, por penitência, religiosidade, misantropia ou simples amor à natureza, viviam sozinhos, em um lugar isolado, longe do mundo, designado eremitério.

Os Pais do Deserto tiveram uma enorme influência nos primeiros tempos do Cristianismo, que podemos dizer primitivo. Quer o monaquismo oriental, representado no Monte Athos, na Grécia, quer o ocidental, definido na Regra de São Bento de Núrsia, quer, em geral, todo o monaquismo medieval, revelam acentuada inspiração nas práticas iniciadas no deserto. Crenças religiosas recentes como o Metodismo, saído da Igreja Anglicana inglesa, o Evangelismo alemão e o Pietismo, do estado norte-americano da Pensilvânia, nascido na Igreja Luterana alemã, têm algumas das suas raízes nos Padres do Deserto. Também a Igreja Ortodoxa tem, nestes padres, as suas raízes. O Monte Atos, conhecido por "Montanha Sagrada", classificado como património mundial, pela UNESCO, deu espaço a uma vintena de mosteiros ortodoxos gregos, sob direta jurisdição do patriarca de Constantinopla.

Surgida por volta do século IV, na transição da Antiguidade para a Idade Média, a Patrística foi uma corrente filosófica cristã que consistia na defesa intransigente da fé no Cristianismo, na luta contra as ideias dos pagãos e dos hereges e na expansão do Cristianismo na Europa, numa atitude que vigorou até ao século VIII. Recebeu esse nome, dado que foi desenvolvida pelos primeiros Pais ou Padres Apostólicos da Igreja, também ditos Santos Padres porque todos foram canonizados, entre os quais, Santo Agostinho se destaca como o mais importante.

Pagãos eram os seguidores das tradições e cultos politeístas, como eram os antigos romanos e gregos e, ainda, os povos do centro e do norte da Europa e os do Norte de África, antes da cristianização. A palavra radica no latim paganus, que significa “rústico” e “camponês”, por derivação de pagus, a “aldeia”.

Hereges ou heréticos são os seguidores da Heresia, entendida como uma doutrina que se opõe aos dogmas da Igreja. A palavra radica no grego, hairetikós, através do latim haereticus, que alude ao “verbo escolher”. Isto porque escolher foi o que os fariseus fizeram escolhendo caminhos religiosos diferentes. Diga-se, a propósito, que fariseus eram os judeus que se afastaram do catolicismo e enveredaram por outros caminhos. Foram, por exemplo, os criadores da instituição sinagoga, o lugar de ensino da religião judaica. E que sinagoga radica no grego synagogué, que significa “reunião”, “assembleia”.

Aurelius Augustinus, de seu nome, é mais conhecido entre nós por Agostinho de Hipona. Tasceu em Tagaste, em 354, e morreu em Hipona, em 430, onde foi bispo, duas velhas cidades da Argélia, então uma província romana. Homem apreciador dos prazeres mundanos, escreveu na sua autobiografia, "Senhor, concedei-me castidade e continência, mas não ainda”. Aos 32 anos, conforme seu próprio relato, aderiu à vida monástica, quando tomou contato com a história da vida de Santo Antão. Reflectindo e escrevendo, Agostinho de Hipona desenvolveu uma abordagem original à filosofia e à teologia, afirmando que a única verdade era a dos Santos Evangelhos e que a fé em Cristo era indispensável à liberdade do Homem. Desenvolveu o conceito de Igreja Católica como uma Cidade de Deus, espiritual, distinta da cidade terrena e material. São dele a doutrina do pecado original, e, deveras importante, a que estabelece em que condições morais se pode considerar a guerra como justa. Na Igreja Anglicana, ele é igualmente venerado como um Santo. Muitos protestantes, especialmente os calvinistas, consideram Agostinho como um dos pais teológicos da Reforma Protestante.

“A Cidade de Deus” e “Confissões”, são duas das suas obras fundamentais sobre o Cristianismo, ainda muito estudadas no presente. Nesse período, em que a palavra de Cristo alastrava pela Europa, era fundamental encontrar um discurso racional que a apoiasse, que explicasse a natureza do divino e a relação entre a fé e a razão. A par destas preocupações, havia que realçar a importância da moral na vida das populações, visando sempre a salvação da alma. Vivia-se, como disse, um tempo de transição entre a Antiguidade e a Idade Média em que o Cristianismo ainda não estava consolidado e em que os cristãos ainda eram vítimas de perseguições.

A obra deste religioso foi fundamental à consolidação da Igreja Católica, inspirada, sobretudo, na filosofia de Platão, afirmando ser a expressão da verdade que os filósofos gregos não conseguiram encontrar, pura e simplesmente, porque Deus não se lhes tinha revelado. Agostinho foi canonizado por aclamação popular e foi depois reconhecido como Doutor da Igreja, em 1298, pelo papa Bonifácio VIII. Nesse período de expansão do Cristianismo, a Igreja necessitava de argumentos filosóficos que apoiassem a sua doutrina e as suas verdades.

Os Pais da Igreja eram figuras influentes e eruditas, que debateram e procuraram clarificar problemas teológicos, como a natureza de Deus, a relação entre a divindade e a humanidade de Jesus Cristo, o significado dos sacramentos e a natureza da salvação. Concentraram-se em interpretar e explicar as escrituras sagradas e desempenharam um papel fundamental no desenvolvimento e na defesa da doutrina cristã. Escreveram tratados, cartas, sermões e outros textos teológicos que ainda hoje são estudados e valorizados por teólogos. Em síntese, pode dizer-se que a Patrística, além de uma filosofia, foi um período de reflexão teológica, debate intelectual e produção literária que teve um impacto duradouro no desenvolvimento e na disseminação da Fé cristã.

Nota: o sobrenome Hipona é, como em muitos santos, o nome da localidade onde se despediram da vida terrena. É, por exemplo, o caso do segundo nome do nosso Santo António, que nós apelidamos de Lisboa, mas que a Igreja, respeitando esta regra, apelida de Pádua, a cidade italiana onde ele faleceu.
 
A. Galopim de Carvalho

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