“Acabar com a corrupção é o objectivo de quem ainda não chegou ao governo”
(Millôr Fernandes, humorista brasileiro, 1923-2012).
Pinóquio por Enrico Mazzanti - Florença - 1883 Imagem recolhida aqui |
Mas já nada me espanta vindo de um político com a habilidade de tirar da cartola vários coelhos de que dou um mero exemplo: “Costa anuncia para Setembro (2020) um pacote anti corrupção”, que eu me arreceio de ser mais um pacote que defeca repetidas promessas que têm o cheiro fétido da falsidade.
Não fora saber que os políticos, de uma forma geral, mentem sem pingo de vergonha, e teria eu, teríamos todos os portugueses, razões para embandeirar em arco pela simples diminuição, da corrupção qual formiga salalé que se alimenta de uma sociedade em declínio moral e ético que dá guarida a jovens partidários que se sentam na Casa da Democracia.
A acrescentar a este rol temos um governo de laços familiares, de “boys” e “girls” partidários, quais abutres insaciáveis que vivem na esperança de uma politica que deixe cair da mesa do orçamento do Estado migalhas de um lauto banquete de usuários habituais de uma política cozinhada para estar ao seu serviço pessoal. Recorro a Jorge de Sena:
“Que adianta dizer-se que Portugal é um país de sacanas? Todos os são mesmo os melhores às suas horas. E todos estão contentes de se saberem sacanas”.
Dando desconto ao pessimismo deste expatriado por motivos políticos (aliás, comungado por muitos vultos da Cultura), assiste-lhe o direito de evocar a coragem em lutar, com os amargos de vida de um exílio nada dourado em defesa de um ideário, a exemplo de outros vultos da cultura nacional como Sophia de Mello Breyner que lhe escreveu em epístola datada do ano de 1962:
“A nossa vida é cada vez mais ‘engagé’ na luta que você sabe, mas a oposição está cheia de aventureiros que sujam e confundem tudo. Está também cheia de tontos”.
São muitos desse tontos, que nos governam em dias do século XXI, que fazem da política uma rendosa e permanente fonte de riqueza pessoal arruinando o país com uma desastrosa governação que se fartam de apregoar aos sete ventos (e mais ventos houvesse!) uma doação monástica em prol deste rectângulo peninsular.
De tudo isto colhe-se a lição que se trata de uma questão de tempo e paciência nas mãos de políticos que ocupam o poder, ou têm a esperança de a ele regressarem em novas eleições, mesmo que a reboque de uma velha “geringonça” com carmim vermelho nas faces e baton cor de rosa nos lábios.
Esta uma herança do passado, um passado que, segundo Mário Quintana,
"não reconhece o seu lugar por estar sempre presente”,
em presença incómoda que se cola a nós como as lapas aos rochedos ou mesmo como uma segunda pele que por mais que se coce provoca incómodo prurido pela vida fora.
As promessas eleitorais não passam de inócua panaceia para incautos eleitores de um país em que a palavras de Nelson Rodrigues, jornalista e dramaturgo brasileiro, encontram terreno úbere:
“A maior desgraça da democracia é que ela traz à tona a força numérica dos idiotas que são a maioria da humanidade”.
Uma humanidade herdada de um passado recente, vivida no presente e que se não se deve desejar projectada no futuro!
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