Apontamento/esclarecimento na sequência do post Educar para fazer face à "inquisição” político-empresarial.
No texto antes transcrito, Jorge Paiva reclama a necessidade de uma "educação ambiental de âmbito escolar".
Dirá o leitor: o professor de Biologia da Universidade de Coimbra está desactualizado, pois essa "educação" já existe, está prevista na "Estratégia de Educação para a Cidadania na Escola".
Mais: é-lhe dado destaque na componente curricular de Cidadania e Desenvolvimento e não só numa área mas em duas: "Educação ambiental" e "Desenvolvimento sustentável", ambas obrigatórias para todos os níveis e ciclos de escolaridade, num total de doze anos. Vejam-se os dois slides ao lado, retirados de um power-point elaborado na Direção Geral da Educação (15 de Junho de 2018):
Isto além, evidentemente, do que é leccionado nas áreas disciplinares de Estudo do Meio, de Ciências da Natureza, de Biologia, de Geologia, de Filosofia...
O que Jorge Paiva sublinha é a necessidade de educação, o que obriga a recusar toda e qualquer forma de doutrinamento, especialmente o vigente, que tem um nome: político-empresarial.
É, na verdade, este doutrinamento que o leitor encontra se estudar em profundidade a página online do Ministério da Educação no respeitante à "Educação ambiental" e para o "Desenvolvimento sustentável". Verificará, por exemplo, que empresas multinacionais poluentes se propõem orientar e patrocinar as acções a realizar na escola. E se consultar páginas online de escolas verá este cenário muitíssimo ampliado. Verificará, também, que aquilo que se pretende não é que os alunos adquiram uma compreensão e uma consciência do grave problema que temos em mãos, com base em conhecimentos que só a escola pode levar a adquirir, mas que se envolvam em projectos, em que a superficialidade marca presença.
Lamentavelmente tenho de concluir que, em matéria de educação ambiental, com algumas e honrosas excepções, o sistema público de ensino faz parte do problema, não de uma tentativa séria de superação.
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