Meu depoimento prestado a Carlos Eugénio Augusto e publicado na última revista "Prevenir":
Descobri a ciência no tempo da escola, principalmente através de livros
de divulgação científica, que me revelaram que é um empreendimento
humano que dá origem a projetos extraordinários. O que aprendi, em colecções como Ciência para Gente Nova, de Rómulo de Carvalho, mudou a minha
vida. Ler sobre o átomo fazia-me ver a ciência a acontecer, sentir os seus
problemas, dificuldades, hesitações e dúvidas permanentes. Mais tarde,
abracei o curso de Física e a paixão cresceu. À medida que a ciência se
revelava, mais vontade e “obrigação” senti de a partilhar. E, de uma forma
inesperada, até consegui ter algum sucesso, nomeadamente através
de Física Divertida, um livro que escrevi na década de 1990, baseado
em palestras que fiz nas escolas, cujas reações demonstraram que a ciência
pode ser uma fonte de prazer e partilha intelectual. Mas a ciência é também
liberdade, democracia e um caminho para o desenvolvimento e bem-estar
social, levando a viver de uma forma mais positiva, de olhos no futuro. A tecnologia,
por exemplo, um fruto da ciência, tornou mais fácil comunicar, viajar,
ter melhores cuidados de saúde. Como professor, tento transmitir
esse entusiasmo e deslumbramento continuados. O mundo vai ter sempre
mistérios e a ciência é um processo de interrogação cativante, devendo
hoje desempenhar o papel que outrora a filosofia teve na procura
do saber. Acredito que a ciência é o método por excelência para adquirir
conhecimento, para despertar o sentido crítico, e uma das mais ricas
dimensões humanas, a par da arte, religião e ética, que nos permite conhecer
e viver melhor no mundo. E, ao segui-lo, vamos entender que muito do nosso
quotidiano resulta do seu conhecimento e que está nas nossas mãos tentar
transformar o mundo num sítio melhor.»
EM NOME
DA
FÍSICA
Doutorado em Física
Teórica, professor
catedrático da
Universidade de Coimbra
e diretor do Rómulo
Centro Ciência Viva,
Carlos Fiolhais é um
dos cientistas mais
(re)conhecidos em
Portugal, tendo já
arrecadado prémios
e distinções como um
Globo de Ouro da SIC,
a Ordem do Infante
D. Henrique e, mais
recentemente,
o Grande Prémio
Ciência Viva Montepio
2017. No seu mais recente
livro, A Ciência
e os Seus Inimigos
(Gradiva), escrito em
parceria com o bioquímico
David Marçal, reforça a
ideia de uma ciência que
se assume como «um
aliado essencial de uma
sociedade livre e aberta».
quarta-feira, 27 de dezembro de 2017
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