domingo, 2 de março de 2025

VAMOS CONTINUAR A FALAR DE TERRAS-RARAS

Por A. Galopim de Carvalho.

E vamos fazê-lo porque as propriedades ópticas, magnéticas e químicas dos 17 elementos químicos incluídos nestas “terras”, ou seja, nestes óxidos, são fundamentais para, como já está a acontecer, darmos este salto tecnológico que nos maravilha e, ao mesmo tempo, nos assusta.

Um parêntese para lembrar que a descoberta do oxigénio, nos primeiros anos da década de 70 do século XVIII, pelo inglês Joseph Priestley (1733-1804), em 1772 e, separadamente, pelo sueco Carl Wilhelm Scheele (1741-1786), em 1774, levou a que a composição química das rochas passasse a ser expressa em óxidos e que estes pioneiros da Química davam o nome de “terras” a esses óxidos de metais.

Estes 17 elementos têm aplicações nas chamadas tecnologias verdes, nas bio e nanotecnologias, na agora tão falada inteligência artificial, na medicina, na robótica, na indústria aeroespacial, nas telecomunicações, equipamentos militares, entre outras. Vistos sob um outro ângulo, eles são essenciais para assegurar a sustentabilidade, entendida como o equilíbrio entre a disponibilidade dos recursos naturais e o seu uso pela sociedade, tentando aliar o uso dos recursos naturais e a conservação da natureza. Aliança difícil senão, mesmo, impossível numa sociedade desenvolvimentista como é a que estamos a viver.

As novas tecnologias, muitas e sempre a surgirem, podem libertar-nos da queima de combustíveis fósseis, sendo, portanto, essenciais à transição energética e à chamada revolução digital. Sendo vitais para o desenvolvimento económico da sociedade, a procura dos minerais que contêm estes 17 elementos químicos tornou-se uma prioridade e o seu abastecimento está longe de ser assegurado, dada a dificuldade da sua extracção e, ainda, por motivos geopolíticos, como os que já estão, de forma bem visível, nos últimos anos, a “virar do avesso”, de forma inexorável, a cena mundial liderada, sobretudo, pela China.

Com efeito, dados tornados públicos pelos Serviços Geológicos dos EUA, a China detinha, já em 2019, mais de 60% da produção mundial de terras-raras. Segundo outras fontes, este gigante asiático alcançava cerca de 95% da sua refinação, razões pelas quais está na vanguarda deste sector decisivo da sociedade e explica a competição a que se assiste entre a chamadas grandes potências mundiais.

Na imagem: cristal de monazite um dos minerais (o mais conhecido) das terrras-raras, de que falarei num próximo post.

Sem comentários:

Do século das crianças ao século de instrumentalização das crianças

Muito em virtude do Movimento da Educação Nova, iniciado formalmente em finais de 1890 e, em especial, do trabalho de Ellen Key, o século XX...