quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

SENTIR

Se eu soubesse sentir o que sinto,
se o que sinto fosse de se dizer,
se não fosse que, ao dizê-lo, minto,
a vida seria outro viver.

Porque sentimos mais do que sentimos
e muitíssimo mais do que dizemos.
Sentimos só o que consentimos
e do que sentimos pouco sabemos.

O que sinto é uma caverna escura,
onde se esconde o que se não diz:
se senti-lo já é uma loucura,

dizê-lo, só à custa de ardis.
Sentir está sempre além do que sentimos
e, deste, tantas vezes, nós fugimos.

Eugénio Lisboa

Sem comentários:

PARA UMA HISTÓRIA DA MINERALOGIA, NUMA CONVERSA FICCIONADA DO AUTOR COM D. JOÃO III

Por A. Galopim de Carvalho (Do meu livro Conversas com os Reis de Portugal - Histórias da Terra e da Vida , Ancora Editora, 2013) - Soube q...