Por Carlos Fernandes Maia
Se o público dos meios de comunicação social não precisasse das notícias de desgraças e defeitos dos outros para se abstrair dos próprios, poderia haver espaço para notícias de atos de independência e heroicidade que todos os dias acontecem. Na verdade, o equilíbrio mais ou menos estável de uma sociedade como a portuguesa pode justificar-se em grande parte porque a maioria dos seus membros não se deixa corromper nem pretende fazê-lo.
É evidente, claro, que uma outra justificação desse equilíbrio assenta na contenção que os dispostos a perpetuar a corrupção apresentam esperando a sua vez de serem corruptos ou de se deixarem vantajosa-mente corromper – o que explica a manutenção desse cancro social e ético.
A corrupção, como a ferrugem, pode surgir por uma certa inadvertência ou desleixo; mas também pode derivar de uma propensão para afirmar uma supremacia injustificada ou mesmo um temperamento favorecedor de inflação ou deflação no auto conceito. A origem psicológica destes dois aparentes opostos é a mesma: a incapacidade de adquirir por mérito, esforço ou persistência próprios o que faz falta ou aquilo que razoavelmente é bom e digno aspirar.
Um modo mais corrosivo socialmente de corrupção é a expansão de uma ideologia de indiferença axiológica ou, pior ainda, de desvalorização ou até negação das qualidades humanas que possam acrescentar dignificação pessoal e social.
Com todas as limitações ou até defeitos, a escola em moldes de classes de aula estendida a todo um território foi o modo mais eficaz de tornar os seus cidadãos com perspetivas de futuros melhores e exigência de progresso no aperfeiçoamento do ser humano. Mesmo a escola mais elitista e doutrinadora acabou por gerar contestação ao modelo e conteúdos publicitados e ocasionou a evolução de conteúdos, métodos e relações. O que não tem exemplo histórico é a procura de degradação da escola para se conseguirem os objetivos supra mencionados.
Parece, portanto, que a atual desvalorização da escola, a pretexto de um igualitarismo ou falsa integração democrática só serve para enganar quem não tem capacidade para atingir um grau cultural elevado e se contenta – ou até compraz – com ser rei numa terra de cegos, tendo só um olho. O sistema educativo que negue o acesso à escola por razões (injustas) de raça, sexo, religião ou outros afins é iníquo para os rejeitados e prejudicial à sociedade. Mas o sistema aberto a todos que igualitariza pela mediania ou pela inferioridade os seus frequentadores é também iníquo: negar a quem pode correr a disposição para aumentar a velocidade porque há pessoas que não correm do mesmo modo é tão iníquo como impedir estes de aceder a uma atividade desportiva em que possam brilhar.
Ao longo da história, a constante inalienável da educação fez surgir propostas mais ou menos diversas para a sua concretização formal. O direito universal à educação, como antes a criação das escolas palacianas e depois as escolas democráticas foram propostas benignas. Outras houve de menor alcance, mas bem intencionadas, como as propostas de Pestalozzi e Montessori, ou as experiênciais das escolas autogestionárias. Até a visão de uma sociedade desescolarizada de Iven Illich pode ter razão de ser no sentido de aproveitar ao máximo as ‘disposições’ ou potencialidades dos educandos e não limitá-los a uma formação uniformizada.
O projeto «Monotorização, Acompanhamento e Investigação em Avaliação Pedagógica» – divulgado com a sigla MAIA – apresenta-se, como tantos outros anteriores, de mais ou menos curta duração e de maior ou menor impacto com preocupações de qualidade e justiça. Na verdade, há nele duas linhas orientadoras que têm sido assinaladas: pretende uma inclusão pela perda de qualidade; e impõe aos professores atitudes, materiais e formulações burocráticas em que a vertente classificativa teoricamente negada é a que sobressai na prática.
O projeto começa logo por retirar da sigla o P final. De facto, ao contrário do que afirma, trata-se de um método de estandardização da classificação, aplicável a qualquer situação de emprego, especialmente de produção em série. Quem foi e é verdadeiramente professor sabe que muitas vezes ‘dá uma nota’ positiva a um aluno pelo esforço manifestado e algum progresso conseguido e não por ter atingido o nível equivalente a essa ‘positiva’. Isso é avaliar.
O que o MAIA faz é classificar, partindo, inclusive e erradamente, de um material uniformizado que nem a qualidade do ‘livro único’ tem. O meu ‘livro único’ de história era do Professor José Mattoso!
Se há exemplo de um ato falhado freudiano, a falta do P na sigla é um deles. Uma pincelada de ironia pela mania de traduzir tudo em inglês poderia levar-nos a pensar que o projeto deveria ser antes My up (mai+ap). Na realidade, reproduzir um arquétipo de relação, método e conteúdos nunca ensaiados e desvalorizando o saber constituído só promove um professor que não tem formação ou criatividade, quem não experienciou verdadeiramente o que é ser ‘educador’.
Antes de me inteirar do que se tratava, pensei que MAIA se referisse à ninfa Maia, a mãe de Hermes. Mensageiro, Hermes, era, segundo Esopo, um endiabrado sempre a pregar partidas. Mas sem ferir a dignidade – apesar de também ser deus dos ladrões, o que o professor deve fazer em relação à ignorância dos alunos. E a sua mãe fez por merecer a confiança de Zeus, pai de Hermes, mas também da mulher do chefe dos deuses, Hera. Quando digo que Maia gerou alguém que era mensageiro dos deuses não atribuo ao professor, como é evidente, o papel e a infalibilidade dos que estão acima dos homens; mas ele, qual Hermes, deve ter a capacidade de anunciar o melhor, o mais diverso e o mais propício aos destinatários; não a fação política governante, as empresas, os grupos financeiros ou os lobbies de um qualquer quadrante ideológico.
O projeto de que falo faz dos educandos novos cães condicionados por Pavlovs que não põem a hipótese sequer de o cão precisar de outra comida e, sobretudo, de lhe propor comida diferente para ele salivar ao imaginar uma terceira.
Se a escola e a sociedade em geral não transmitirem o mais rápido, fácil e globalmente a cultura disponível, estamos a negar a muitíssimos educandos a oportunidade da sua realização; e a limitar essa possibilidade só para os dotados por natureza biológica ou social.
Negar uma escola de grande qualidade a todos, com vista a uma generalização da elite, é defender uma escola sectária – embora o não pareça no imediato, por não se apoiar em critérios eletivos de crença, raça, género ou origem social.
A escola é um local – ou, antes, instituição – de ensino e de aprendizagem, de sociabilização e de trabalho, de formação pessoal e social, e de estímulo ao aperfeiçoamento possível – pela superação de limitações, desperto de potencialidades e proposição de novas metas válidas.
Carlos Fernandes Maia
12 comentários:
Os argumentos de Carlos Fernandes Maia são tão transparentes como a água pura da fonte. Os sequazes do projeto Maia, escondendo-se atrás das suas boas intenções de fazerem de todos os alunos doutores, ainda que doutores ignorantes, servem-se da escola sem qualidade, passe a contradição nos termos, para atingirem os seus fins absurdos. As montanhas de "descritores" obrigatórios, por escrito e extenso, para cada um dos "domínios", sufocam o ensino dos professores. Assim, os alunos pouco aprendem, mas tornam-se todos iguais entre si, como se pretende na aplicação do projeto MAIA.
Em Portugal, em plena época dos incêndios rurais, assiste-se ao triunfo da ignorância e dos ignorantes!
A atualidade e pertinência deste texto é inegável. Há objetivamente um processo de mediocrização em curso, que ao atribuir um qualificação desqualificada a todos, a todos prejudica e engana. Tudo indica que o Ministério da Educação foi tomado por agentes deste processo e defensores deste engano. A verdadeira e correta avaliação é indispensável no ensino e na aprendizagem. Sem ela não está completo, um simulacro de avaliação não é avaliação, e a educação deixará de ser um elevador social para os mais desfavorecidos para se tornar agente de uma mediocrização generalizada e convencida. É com grande prazer que encontro um texto do Professor Carlos Maia no DRN. Professor sério, investigador profundo, persistente, arguto e corajoso, na abordagem de temas nada correntes como, por exemplo, para só falar em dois recentes e desenvolvidos ensaios - "Ética e educação nos quatro Evangelhos" e "Ética e educação no Alcorão", só desejo que continue por aqui. O De Rerum Natura é um blogue nobre e com um currículo talvez único em Portugal, mas não perde nada em ser enriquecido com colaboradores desta qualidade.
"... a escola espontaneista é louvada como democrática, quando na realidade apenas perpetua as diferenças sociais ..."
(GRAMSCI, 1982, p. 132)
É com grande inquietação e preocupação que expresso a minha posição contra o Projeto Maia, uma iniciativa que visa implantar o chamado o ensino por domínios, apoiado em imensos descritores, como modelo predominante nas escolas portuguesas. Enquanto reconheço a necessidade constante de reformas educacionais para aprimorar o sistema de ensino, acredito que esse projeto pode ter consequências nefastas para o futuro do país, minando os princípios fundamentais das aprendizagens e, assim, prejudicando o desenvolvimento académico dos alunos.
O ensino por domínios, embora possa ser apresentado como uma tentativa de oferecer uma abordagem mais integrada e multidisciplinar ao currículo, também corre o risco de comprometer a profundidade e a coerência necessárias para uma aprendizagem sólida e duradoura. A fragmentação da avaliação em inúmeros descritores pode levar a uma perda de compreensão profunda e conexões significativas entre os tópicos, prejudicando a formação intelectual abrangente dos alunos.
Ademais, a sobrecarga de descritores pode sobrecarregar os educadores e limitar sua capacidade de focar em estratégias pedagógicas inovadoras e de interação significativa com os alunos. Ao invés de fomentar um ambiente de aprendizagem enriquecedora, o Projeto Maia pode resultar em uma abordagem excessivamente burocratizada, destituindo, em pleno contexto de sala de aula, o papel crucial do professor que é ensinar, muito mais importante do que preencher papelada inútil.
Além disso, o impacto emocional e psicológico sobre os alunos, pode ser devastador. A pressão para cumprir uma vasta quantidade de descritores pode gerar um ambiente de ansiedade e desmotivação, onde a aprendizagem se torna uma tarefa mecânica em vez de uma jornada de descoberta intelectual e crescimento pessoal.
Não podemos ignorar as consequências de longo prazo desse projeto para o futuro de Portugal. Um sistema educacional que se baseia principalmente em "descritores" e abordagens fragmentadas pode resultar em cidadãos com uma compreensão superficial e fragmentada do mundo ao seu redor. Isso pode prejudicar a capacidade dos alunos de enfrentar os desafios complexos do século XXI, tais como a resolução de problemas globais e a adaptação a um ambiente em constante mudança.
Peço, humildemente, às autoridades responsáveis pela educação do nosso povo, que reconsiderar a implantação do Projeto Maia e deem prioridade a uma abordagem pedagógica que valorize a profundidade do conhecimento, o desenvolvimento criativo, a interdisciplinaridade e o bem-estar dos alunos. Devemos unir esforços para garantir um sistema de ensino que promova o pensamento crítico, a curiosidade intelectual e a formação integral dos futuros cidadãos de Portugal.
Acreditamos que um debate aberto e inclusivo sobre a reforma educacional é essencial para assegurar um futuro brilhante para nossos jovens e para o país como um todo.
O "De Rerum Natura" agradece aos leitores a sua contribuição, que se percebe ser bem informada, na discussão de um projecto como este, o qual, aliado (e na sequência) de outras medidas políticas para a educação, está a contribuir para a rápida decadência do sistema de ensino público. Na verdade, a discussão dos seus princípios, meios e consequências não pode fechar-se e, por isso, temos procurado retomá-la neste modesto espaço. Pedimos, por isso, aos leitores "anónimos" que, caso lhes seja possível, se identifiquem. Estamos a discutir um assunto sério com seriedade, em prol dos alunos, da escola, da sociedade, não de interesses próprios, logo acrescentar o nosso nome às nossas palavras só pode robustecê-las. Cumprimentos, MHDamião
"logo acrescentar o nosso nome às nossas palavras só pode robustecê-las."
Doutora Helena: já uma vez lhe disse que não estou de acordo e apresentei algumas razões. Mantenho.
Zeca
Entendamo-nos! Se a escola pública já não é lugar para alunos e professores, nem para o ensino e as aprendizagens, sendo tudo substituído por domínios e "descritores" irracionais da lavra de "engenheiros" e "engenheiras" que elaboram os projetos maias, então peguemos os toiros pelos cornos e dêmos campo à matemática e à poesia que querem expulsar das escolas C + S e dos jardins de infância.
Deixemo-nos de hipocrisias! O projeto Maia, com os seus descritores alucinados, mas que não têm "aplicação no concreto", como dizia há dias o Papa Francisco, é fraude, entre muitas outras, de mostrar o sucesso educativo universal em Portugal.
Para quê mentir?! Por despacho, pode facilmente impor-se um nível mínimo de 4, no ensino básico, e uma nota mínima de dezanove, no ensino secundário. Só isto reduziria as burocracias da avaliação e classificação, que são coisas muito diferentes, em mais de 99 % !
Corre-se, de facto, esse risco: de a escola pública deixar de ser lugar para alunos e professores, para ensinar e aprender; o risco de deixar de ser pública e, mesmo, escola. Não se trata de especulação, a própria UNESCO o reconhece.
São muitos os documentos supranacionais e nacionais que, mais do que sugerirem a desescolarização, a operacionalizam. Vemos publicitadas, elogiadas, acolhidas, legitimadas experiências de "escolarização" "inovadoras", "alternativas", sem professores, sem conhecimento, sem horários, sem espaços, sem avaliação, sem... aquilo que confere identidade à escola, como instituição realmente educativa, para todos e que a todos deve beneficiar. Por isso, estamos preocupados mas, em simultâneo, precisamos fazer o que estiver ao nosso alcance para defender essa escola, que tanto custou construir. Cumprimentos, MHD
Caros Colegas (entendo a Prof.ª Doutora Helena Damião como Colega, também),
É dado e sabido que nem sempre temos as opiniões mais acertadas e creio que opiniões não são factos. Carecemos de factos para fundamentar o que pensamos e para refutar o que errado está.
Partindo desta ideia, antes de mais, gostaria de fazer uma chamada de atenção para o art.º 5.º do ECD, que refere o direito de participação no processo educativo dos professores. O n.º 2 refere que "podemos" recorrer a outras organizações para a nossa defesa, mas antes dessas existem os vários conselhos escolares: de turma, de grupo de recrutamento/disciplinar, de departamento curricular, de conselhos de diretores de turma e o Conselho Pedagógico (CP). Neste último deveriam (já agora, em termos legais, "dever" é vinculativo, "poder" é facultativo) ter assento professores com formação adequada e que - manifestamente - atualizem conhecimentos.
No mesmo n.º 2 do art.º 5.º, peço a tenção para as alíneas a), b), c) e d), cito:
"a) O direito a emitir opiniões e recomendações sobre as orientações e o funcionamento do estabelecimento de ensino e do sistema educativo;
b) O direito a participar na definição das orientações pedagógicas ao nível do estabelecimento de ensino ou das suas estruturas de coordenação;
c) O direito à autonomia técnica e científica e à liberdade de escolha dos métodos de ensino, das tecnologias e técnicas de educação e dos tipos de meios auxiliares de ensino mais adequados, no respeito pelo currículo nacional, pelos programas e pelas orientações programáticas curriculares ou pedagógicas em vigor;
d) O direito a propor inovações e a participar em experiências pedagógicas, bem como nos respectivos processos de avaliação."
Pois, a autonomia técnica e científica e à liberdade de escolha dos métodos de ensino está salvaguardada. No entanto, quem deveria representar os professores nos vários órgãos colegiais dos agrupamentos não o faz de uma forma ilustrada, honra seja feita a quem se tem oposto a algumas decisões. Mas, saiba-se que a partir do momento que um CP toma decisões em determinadas áreas, as mesmas passam a ser obrigatórias, os normativos assim o dizem. Caso essas decisões não estejam de acordo com a lei, pede-se fiscalização. Ninguém o faz, mas estaria na hora de pedir a intervenção da IGE nesses muitos casos. Quando não estiverem de acordo e que considerem que há uma violação manifesta da lei, aconselho aos colegas invocarem essa alínea. Caso não surta efeito, a IGE deve entrar em ação: fiscalizar, inspecionar, corrigir pedagogicamente de acordo com a lei. A lei, para o bem ou para o mal, ainda é – ou devia de ser - o garante da justiça e da democracia num estado de direito.
Nesta parte, terei de fazer a minha declaração de posição ou de princípio. Não sou completamente contrário aos princípios do MAIA(P), sou sim completamente contra o modelo “chapa 5” (one size fits all) que muitos agrupamentos fizeram do MAIA, impondo, criando um modelo único para o que é diferente, e isso, naturalmente, está a criar anti-corpos.
Trocada por miúdos, a alínea c) diz que o professor, tal qual como o educador de infância, tem direito à liberdade de escolha dos métodos de ensino, desde que adote os métodos particulares em vigor na sua escola ou jardim de infância. É uma liberdade muito sui generis. Os adeptos do Maia dirão que a imposição de um método único para todos os professores e jardins de infância garante justiça e igualdade na avaliação de todos os alunos, mas eu retruco:
- E se na escola, ou jardim de infância do, outro lado da rua, acharem que o ensino/ aprendizagem, por domínios e descritores, é um disparate que não pode entrar nas salas de aula?
É evidente que estes alunos, não sujeitos a um método de ensino disparatado, ainda que estribado na lei, sairão altamente beneficiados, nas suas prestações escolares, relativamente aos outros!
A desautorização dos professores e dos educadores de infância pelas chefias superiores e intermédias está a destruir a escola e o jardim de infância!
Pois, aí há outros mecanismos, aqueles para os quais pedi atenção.
Mecanismos há muitos!
Veja Vossa Excelência as maquinações engendradas pelos sindicatos comunistas dos professores dos ensinos básico e secundário e dos educadores de infância, com recurso a greves, legais e em catadupa, ao longo dos anos, que conquistaram para os professores do ensino secundário um estatuto vergonhoso que lhes coartou a sua autonomia técnica e científica, assim como a liberdade de escolherem o método de ensino mais adequado aos seus alunos. Para esses sindicatos, o mal-estar do professorado mal pago não tem nada a ver com o Projeto Maia. Há lutas muito mais importantes, como, por exemplo, a defesa intransigente do direito inalienável dos monodocentes (educadores de infância e professores do 1.º ciclo) não terem componente letiva, a partir dos 60 anos de idade, se assim o desejarem, para que se faça alguma justiça a esses dedicados profissionais que se viram, do dia para a noite, altamente prejudicados, quando foram equiparados, por força da lei, a professores do ensino secundário (antigos professores do liceu)!
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