Um século passado sobre a publicação do marcante livro Democracia e educação, do americano John Dewey, os Estados Unidos da América elegem um presidente cujo discurso nos obriga a questionar tanto os rumos da educação como os rumos da democracia.
A observação crítica à sociedade de início do século XX em que vivia, onde o capitalismo liberal mantinha, acentuava e gerava desigualdades várias, levou Dewey, professor de profissão, a declarar a necessidade de mudar, por via da educação escolar, o pensamento das novas gerações.
Sendo a democracia um valor construído pela humanidade, só haveria uma maneira de ser aprendido: através de um processo de transmissão por parte dos mais velhos aos mais novos, e de modo que estes o reconhecessem como parte da sua identidade.
Podemos e, no meu entender, devemos perguntar se o método que apresentou é o mais adequado, mas, devemos admitir que o princípio é aceitável. Na verdade, sem estabelecermos uma relação linear de causa-efeito entre o ensino e a aprendizagem, pois, de facto, não o podemos fazer, que outra maneira existe de manter a democracia a não ser por via do trabalho educativo?
É esse trabalho, esse duro trabalho, que dá consistência ao valor. Um regime democrático só o é verdadeiramente se quem se pronuncia pelo voto for adequada e suficientemente educado, disse o autor.
O livro de Dewey, de 1916, e a eleição de Trump, em 2016, no mesmo pais - a grande América - mas com grande impacto no mundo ocidental, deveria fazer-nos pensar nessa possível ligação entre democracia e educação.
quarta-feira, 9 de novembro de 2016
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1 comentário:
e é mesmo este tipo de discussão que deve ser levantada . os candidatos são aqueles que o actual sistema "democrático" pariu , e ele é com cada nadomorto que vou-lhe contar...
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