Post convidado de Jorge Félix Cardoso:
Há cerca de duas
semanas o website Vox lançou os resultados de um inquérito, realizado junto da
comunidade científica, que pretendia saber quais os maiores desafios que a
ciência enfrenta. Entre os sete problemas elencados estão dois que, para mim,
se revestem de uma extrema importância: há demasiadas barreiras no acesso à
ciência, e comunicação da ciência é geralmente muito pobre. Estes são problemas
que têm um impacto social enorme, pois excluem da informação científica mais
atualizada aqueles que, apesar de terem interesse, não têm possibilidades
financeiras ou culturais para lhe aceder.
O conhecimento é
um bem universal e, como tal, não deve ser vedado a ninguém. Foi essa a
filosofia que levou à criação da Porto Biomedical Journal (PBJ), uma revista
biomédica generalista que pretende alterar o paradigma da publicação científica
e da divulgação do conhecimento.
Enquanto revista
científica, a PBJ adopta o formato diamond
open-access. Para aqueles que não estão familiarizados com a terminologia,
isto significa que tanto os leitores como os investigadores não têm qualquer
custo para participar neste processo de transmissão do conhecimento. A
submissão, a publicação e a leitura são atividades gratuitas para todos - só
assim faz sentido divulgar o conhecimento, colocando fasquias apenas
relativamente à qualidade dos trabalhos e não à capacidade financeira de quem
publica e lê.
Como projeto, a
PBJ é muito mais que uma revista. O nosso ideal de Ciência livre inspira-nos a
trabalhar também em dois outros eixos: a divulgação científica e a pedagogia,
áreas extremamente importantes para a evolução da nossa sociedade.
Relativamente à divulgação, está já em preparação um projeto com a Câmara do
Porto para levar a ciência à população, e o objetivo é alargar o âmbito a todo
o país. A pedagogia funcionará, numa primeira instância, aliada a instituições
científicas de renome no país, promovendo a educação junto de diferentes faixas
etárias e setores da sociedade.
A ciência
portuguesa é um exemplo de perseverança e de optimização dos (parcos) recursos
de que dispõe. Após tamanha pressão evolutiva, podemos afirmar que sobrevivem
instituições com recursos humanos capazes de ombrear com as maiores
instituições a nível mundial. Para que se cumpra este potencial, é necessário
um veículo que atraia reconhecimento e, consequentemente, mais recursos.
Enquanto projeto, a PBJ quer ter uma escala internacional sem nunca esquecer as
suas origens, pelo que se dispõe a ser o veículo que amplifica a boa ciência
nacional junto de um público mais alargado.
Contando com a
ajuda de toda a comunidade científica, este será certamente um projeto a
acompanhar nos próximos anos. É um projeto que surge de necessidades concretas
e que dá as respostas justas. Tal como disse Henri Poincaré, “On fait
la science
avec
des
faits,
comme
on fait
une
maison
avec
des
pierres;
mais
une
accumulation
de faits
n'est
pas
plus
une
science
qu'un tas
de pierres
n'est
une
maison.”.
É hora de ligar os factos e de disponibilizar os resultados. Porto Biomedical
Journal: where Science meets Knowledge.
O projeto pode
ser acompanhado através da plataforma ScienceDirect (http://www.sciencedirect.com/science/journal/24448664),
do seu site (portobiomedicaljournal.com) ou, numa vertente mais social, através
do seu Facebook (http://www.facebook.com/portobiomedicaljournal)
Referências:
Jorge Félix Cardoso: (PBJ)