terça-feira, 30 de setembro de 2014

SOBRE OS ADMINISTRADORES DE CIÊNCIA

O Prof. Jorge Calado, no seu recente livro "Limites da Ciência" (Fundação Francisco Manuel dos Santos), escreve assim sobre os administradores de Ciência:

"Julgo que foi C. P. Snow quem primeiro notou que a criação de ciência e a administração da ciência requerem qualidades humanas muito diferentes, quase opostas. Enquanto o/a cientista tem de se dedicar a um problema, profunda e obsessivamente, durante um longo prazo (meses e anos), o/a administrador/a de ciência tem de decidir sobre muitas e variadas coisas (embora ligadas por múltiplas conexões) e fazê-lo no curto prazo (semanas ou dias). O primeiro é um ouriço, enquanto o segundo é uma raposa (para usar a terminologia de Isaiah Berlin). De facto, o ouriço sabe uma coisa importante; a raposa, porém, sabe muitas coisas. Parte dos problemas é haver cientistas (ou pessoas com as qualidades inatas dos cientistas) a administrar ciência ou, pior, administradores de ciência a (tentar) fazer ciência. Em Portugal, a tradição, duplamente errada, é enxotar os cientistas incompetentes para a administração da ciência."

1 comentário:

lino disse...

Em Portugal a máxima parece ser: quem sabe fazer, faz; quem não sabe fazer, ensina: quem não sabe fazer ou ensinar, administra.

"O PODER DA LITERATURA". UMA HISTÓRIA, UM LIVRO

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