quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

ADEUS À RAZÃO


Minha crónica no Público de hoje:

“Adeus à Razão” é o título de um livro do filósofo austríaco Paul Feyerabend, autor de uma muito singular filosofia da ciência, que consiste na rejeição da ciência. A ciência serve-se de uma metodologia universal para avançar no conhecimento do mundo, mas Feyerabend coloca-se numa posição anarquista que consiste pura e simplesmente na negação do valor desse método. Para esse filósofo, a visão fornecida pela ciência devia valer tanto ou tão pouco como qualquer outra visão do mundo, ser apenas mais uma entre as várias ideologias. A sociedade devia precaver-se da ciência tal como devia precaver-se de qualquer ideologia.

As posições anti-científicas de Donald Trump fazem-me lembrar Feyerabend. Não que acredite que Trump, um analfabeto funcional, algum dia tenha lido esse ou qualquer outro filósofo, mas a rejeição da ciência tão bem patente nas afirmações que proferiu durante a campanha, seja a respeito do aquecimento global (“uma criação dos chineses”), ou das vacinas (que causam autismo”) ou ainda das lâmpadas economizadoras de energia (“que causam cancro”), tem muito de feyerabendiano. Nunca alimentei ilusões sobre o novo presidente americano. Ele não passa de um demagogo que venceu as eleições apelando aos instintos mais básicos da população. Para ele não há factos nem verdade, mas sim os factos dele e a verdade dele, o que alguns chamam “factos alternativos” epós-verdade”.  O seu discurso de tomada de posse e as ordens executivas que tem vindo a assinar estão alinhadas com a sua retórica eleitoral. Estavam, portanto, enganados aqueles que, colocando paninhos quentes, pensavam que ele se ia transformar numa pessoa razoável, logo após a investidura. E aqueles que pensam que os "checks and balances" da velha democracia americana vão impedir os estragos causados pela Casa Branca: existem, com efeito, esses mecanismos de controlo, mas não vão chegar para impedir a estragação. Ao denunciar o Tratado de Paris, Trump estará, negando a ciência, a declarar que lhe é indiferente o destino do planeta a médio e longo prazo. Qualquer dia poderá impedir a vacinação, fazendo regredir muitas décadas a saúde pública. E, quiçá, voltar às lâmpadas antigas. A Casa Branca está hoje escura. Algumas agências federais, que lidam com questões ambientais, ou, mais em geral, de ciência e tecnologia, estão já a ser amordaçadas ao verem-se impedidas de publicar documentos sobre o clima sem  autorização superior. A agenda anti-ambiental de Trump é muito fácil de perceber e nem sequer radica numa ideologia: ele e os seus amigos, entre os quais o proposto secretário de Estado Rex Tillerson (ex-CEO da ExxonMobil), beneficiam de negócios multimilionários baseados no petróleo. “Factos alternativos” e pós-verdade” significam neste caso defesa de interesses económicos de pessoas e grupos, que disfarçam o seu sectarismo com o manto diáfano do patriotismo.

Não se pode fazer nada? Claro que pode. O astrofísico Neil deGrasse Tyson sumariou o que é preciso fazer quando propôs: "Let us Make America Smart Again". Para lá dos cidadãos mais instruídos, há inúmeros americanos honestos que vão resistir, usando a razão que tanto Feyerabend como Trump despediram. Na democracia americana vai haver - está já haver - um combate, assente na racionalidade, por coisas que julgávamos adquiridas como o reconhecimento dos factos e da verdade. E não se diga que o voto popular dá o direito a dizer e a fazer o que se quer. Um dirigente que minta não deixa de ser um mentiroso lá por ter sido eleito. E um dirigente que viole a lei está obviamente sujeito à justiça.


Na actual geopolítica mundial, a voz da América é determinante e a ascensão em Washington da irracionalidade pode ter efeitos globais catastróficos. A Europa, esse berço antigo da filosofia e da ciência, parece não ter hoje forças para reagir, porque a razão também aqui está esvaída. Mesmo em Portugal, quer nas forças que apoiam o governo quer nas que estão na oposição, assistimos a posições anti-científicas aparentadas com as de Trump: veja-se, por exemplo, a defesa das medicinas alternativas pelo Bloco deEsquerda e pelos partidos da direita.  Ideologia? Não,  simplesmente interesses económicos.

37 comentários:

marina disse...

quanto ao Trump , passo. quanto à ciência é preciso ter imenso cuidado com ela , pois é : está destruindo o planeta. a ciência é a culpada da setuplicação da população em 100 anos , da desflorestação ( arranjar espaço e comida para 7 vezes mais população...) do lixo , da poluição , e portanto , do aquecimento global que diz querer combater...e ainda a procissão vai no adro. os efeitos perversos das "boas intenções" da ciência são mas que muitos. a água e os solos estão completamente contaminados e logo os outros animais e seus habitats : todos os dias paletes de resíduos químicos perigosos vão pelos canos até aos rios e mares.
segundo uma investigado da fundação champalimaud , Fátima Cardoso , numa entrevista à Visão , não tardará muito em que 1 pessoa em cada 2 morrerá de cancro. diz que não vale a pena perguntar porquê (???) envenenados , é o que é.
a ciência actual , ciência ao serviço do capital , é equiparável , na sua forma de ler o mundo , à magia negra .

Anónimo disse...

Quando não temos a capacidade de submeter a um exame crítico e racional o mundo que nos rodeia, regressamos à barbárie. Estamos a ter essa experiência pelo esvaziamento da racionalidade, característica fundamental da pós-modernidade,em que o relativismo axiológico reina. O perigo coabita connosco.

Anónimo disse...

Aguardo que publique o meu comentário...

Carlos Ricardo Soares disse...

É o poder, são os poderes, as políticas, a vontade dos homens que podem, que têm e detêm o poder económico, financeiro, militar, que estão em crise. A ciência e os valores universais da justiça, da liberdade, da igualdade, da solidariedade, dos direitos do homem, incluindo o direito a um ambiente saudável, não estão em crise no sentido de já não serem o que eram, princípios de racionalidade incontroversa, que guiam ou nos ajudam a fazer escolhas.
Pode-se dizer que a crise dos poderes tende a "culpar" estes valores, quando, na realidade, é desencadeada pelo facto de estarem a ser "julgados" por eles.
Vejo razão para optimismo nesta crise dos poderes, pese embora o perigo sempre iminente de vermos e sofrermos os efeitos violentos dos seus estertores de morte.
Aliás, vejo razão (e não adeus à razão) em tudo que está a acontecer.
É preciso não confundir poderes, políticas, vontades, ações, comportamentos, acontecimentos, com valores e com ciência.
Os valores e a ciência, como tudo, em geral, estão numa dependência inelutável dos poderes e da vontade de quem pode. Isto tem sido a fonte das maiores tragédias e infâmias da humanidade. A esperança reside na capacidade que tivermos de controlar o poder, pelos valores e pela ciência.
Durante algum tempo ensinaram-nos que era isto que estava a acontecer e iria acontecer. Temos vindo a verificar, não com muita surpresa, diga-se de passagem, que os suspeitos de sempre, subverteram habilmente o sistema, ao jeito de sempre.
Parece que a ciência das escolhas, não por culpa da ciência, obviamente, é o que está mais longe da mente daqueles que assumem (?) e que estão, em primeira linha, investidos da responsabilidade de "escolher" e decidir o melhor para a sociedade, ou seja, os políticos.

Anónimo disse...

A ciência é culpada da setuplicação da população em 100 anos? O que diz, que deviamos deixar morrer as pessoas em vez de as tratar e termos ainda uma esperança de vida de 30 anos? O aumento da população não terá a ver mais com a não utilização da ciência - olhando para que países são responsáveis pelo aumento e porque aumenta a população?
Pois se ainda morressemos aos 30 poucos teríamos tempo de desenvolver cancro e dele morrer.
Que impressionante chorrilo de disparates. Sugiro que se informe sobre todos esses temas em vez de vir "postar" à trump.

Sérgio disse...

Não falta homens de ciência na equipa de Trump, bem como nas pessoas que o elegeram...
É preciso dizer que apesar de todo o progresso cientifico há algo em que verdadeiramente não evoluímos, que é na relação do homem para com o homem. Somos cada vez mais inteligentes e possuímos cada vez mais conhecimento e populações instruídas para moldar o mundo para que este seja um lugar melhor para todos, mas tem-se verificado o contrário olhando para as duas grandes guerras e a proliferação de conflitos armados neste século, com o cenário cada vez mais real de uma outra guerra global.

Anónimo disse...

Donald Trump é um revolucionário e o problema das pessoas de esquerda é que de repente descobriram que não são revolucionárias-

O Prof. Carlos Fiolhais devia ter vergonha de associar o Tratado de Paris a qualquer forma de Ciência.

marina disse...

que tomem a pílula , é isso ? sabe quais as consequências para a saúde da mulher a longo prazo? a ciência parece um pavão , toda inchada , mas não passa duma tipa que para pagar uma dívida vai a correr contrair outro empréstimo. a ciência pode ser muito racional xpto , mas não é nem sensata , nem lógica.

Anónimo disse...

Passando por cima das outras barbaridades ditas pelo comentário do primeiro anónimo, a população mal triplicou nos últimos 100 anos, estando muito longe do crescimento que sugere. Experimente saber das coisas antes de falar delas.

Anónimo disse...

E quer você explicar qual é o problema "de associar o Tratado de Paris a qualquer forma de Ciência."? Considerando que se trata da resposta aos estudos científicos de mais de uma centena de anos, suponho que tenha alguma coisa para o refutar.

João Alves disse...

O que você está a querer fazer é atribui à ciência qualidade morais que ela não tem nem tem de ter. A ciência não é boa nem má. A ciência ensina como fazer um mundo melhor ou pior. A escolha é nossa não da Ciência. A ciência criou os meios que poluem mas cria os meios para reconhecer que a poluição provocou danos. Trump rejeita isso. O que Trump pretende, já percebi, mas ainda não consegui perceber o que pretende com a sua argumentação. Dizer que a Ciência é falsa porque setuplicou a população? Não precisávamos da Ciência para isso, mas de tesão.

marina disse...

e digo-lhe mais anónimo , um sistema de pensamento que já deu para perceber que os seus grandes objectivos são a imortalidade e o ócio do corpo ( uns robozinhos a fazer o trabalhinho todo ) é completamente infantiloide. nem consegue aceitar a morte como parte da vida nem compreende a importância do esforço.
e sobre respostas a grandes questões e mistérios está a zero. o big bang é tão científico como "deus criou o mundo" :)

Anónimo disse...

O Tratado de Paris é uma congeminação política suportada na falsa ciência do IPCC. O seu objectivo não é outro senão o saque de biliões de dólares aos consumidores de energia eléctrica dos países industrializados, para, supostamente, distribuir essas verbas aos "pobrezinhos" dos países do terceiro mundo, muitos deles dirigidos por ditadores sanguinários que vão dar a esse dinheiro o destino que se sabe, em contas na Suíça e paraísos fiscais.

Defender o Tratado de Paris é ser cúmplice de um logro de dimensão mundial. Mas, claro, tem a consolação de estar ao lado do ex-presidente Obama e de outros trapaceiros de elevada craveira.

Anónimo disse...

Enquanto não apresentar provas de que o IPCC é "falsa ciência", a sua opinião vale tanto como a de quem diz que a Terra é plana. Se tiver algo a apresentar além de acusações vazias, força. Afirmações extraordinárias requerem provas extraordinárias, e você não apresentou nada.

Zurk disse...

Esta posição de que a ciência é culpada dos males do mundo e que existirem 7 mil milhões de seres humanos é mau e que a pílula faz mal à mulher, etc, etc. é exatamente igual ao que o artigo crítica. É baseada em factos alternativos. Aumentar a esperança de vida é mau? Diminuir a mortalidade infantil é mau? A pílula é pior que inúmeras gestações muitas vezes com imensas sequelas para mulher e mortes prematuras? A pobreza nunca foi tão baixa e isso deve ser mau? A violência nunca foi tão baixa e isso deve ser mau? O conhecimento para se produzir energia sustentável e reduzir o impacto ecológico nunca foi tão elevado e tão possível mas isso também deve é mau? Enfim, esta é daquelas posições tão anti factos que de facto deixa pouca margem de discussão.

Anónimo disse...

Wow... Não sei se era você a comentar noutro artigo semelhante aqui há uma semana e tal, mas encaixa exactamente no perfil que eu traço: diz algo sem cabimento, e quando alguém lhe pede provas, faz de conta que isso não aconteceu e a sua resposta consiste apenas em dizer exactamente o mesmo, mas por outras palavras.

Não me diga que se eu lhe pedir provas, caso não me ignore, vai mostrar-me um vídeo de Youtube a "expor" alguém! Melhor ainda, um blogue que negue tudo sem provar nada. Mas o mais provável é que ignore mesmo.

Anónimo disse...

É razoável supor que os dois últimos comentários provêm do mesmo comentador, sempre empenhado em pedir a apresentação de provas. Talvez fosse altura de ser ele a apresentar as suas próprias provas em defesa do IPCC.



"anínimo"a pessoa

marina disse...

não sei , diga-me você : aí no seu T3 , onde viviam 3 pessoas , acha que está mais confortável e que o ambiente é menos conflituoso com as 21 que lá vivem agora , 4 das quais já grávidas ? a hota lá atrás ? já têm de comer insectos ou ainda podem comer um belo presunto pata negra sem antibióticos e hormonas? :)

Anónimo disse...

Não sou o mesmo que o primeiro (sou o segundo), mas obrigado por mais uma vez comprovar o que eu digo: foi o seu terceiro comentário e apresentou ZERO provas. Você sabe como se discute ciência? O seu palavreado não vale nada comparado com estudos científicos.

A minha prova é o facto de o IPCC ser feito por cientistas, analisado por cientistas, e aprovado por cientistas que estudam a vida inteira o tema em questão. Você é que tem de explicar que eles estão a mentir, não eu o contrário. Ou você acha que todos os profissionais são aldrabões nas suas respectivas áreas?

Anónimo disse...

O seu "ad hominem" é muito engraçado. Você não tem nada, portanto tenta desviar atenções. Como não consegue responder ao ónus da prova que a sua posição exige, portanto quer que outros o façam por si. Podia ao menos ter começado por dizer que não tinha nada a apresentar. Facilitava muito esta conversa...

Você não pode afirmar que o IPCC é uma farsa e depois tapar os ouvidos, e fingir que é trabalho dos outros provar o oposto. Tal como tinha dito, está exactamente a adoptar a atitude de quem defende que a Terra é plana.

Vamos ver se à quarta o faz: mostre provas de que o IPCC é uma farsa, ou tenha ao menos a decência de admitir que está falar sem saber.

Anónimo disse...

O comentador que está sempre a pedir provas começa a fatigar. Recomendo-lhe que consulte as propostas de John Holdren, conselheiro de Obama para Ciência e Tecnologia.

Anónimo disse...

O melhor é não ter filhos. Reparem na fundamentada inteligência da solução. Se ninguém tivesse filhos, a humanidade acabava e, com ela, a ciência, a religião, o pensamento, o verbo, as intenções cheias de infernos, o pecado e a santidade. Tudo panoramas destrutivos. Sou pela eutanásia universal. Está tudo doente e a morrer. É ou não é? Sejamos simples e eficazes.

Anónimo disse...

Mais risível do que a falta de argumentos é a sua mania em insistir que duas pessoas que não concordam consigo têm necessariamente de ser a mesma.

Mas a cereja no topo do bolo é que a única pessoa que menciona tem várias intervenções em favor do combate às alterações climáticas, o exacto oposto da sua posição. Ao menos fez o que lhe pedi e de facto lá confessou (se bem que por via indirecta, claro) que estava a falar sem saber patavina do assunto.

O seu vazio de provas ao fim de já quatro (!) comentários serve para mostrar que não sabe argumentar (ou pelo menos não quer, o que se compreende, dada a sua posição ilógica).

Anónimo disse...

De facto, comprova-se: você não sabe discutir ciência. Já passou tanto tempo e continua a recusar-se a apresentar algo que mostre que tem razão. E refere um nome... de alguém contra a sua posição. Sinceramente já nem percebo o que é que está a tentar fazer. Você por acaso sabe que esse senhor defende que o homem acelera as alterações climáticas, e que devemos combater isso, certo?

Anónimo disse...

O comentador das provas torna-se fastidioso. Foi à internet procurar o John Holdren e encontrou qualquer coisa que rapidamente veio aqui postar. Não teve tempo de perceber que esse Holdren é um hipócrita que propunha coisas inimagináveis para controlar a população mundial. Mas como se tornou conselheiro do Obama não se falou mais do assunto. Pois é : a esquerda lava mais branco. Por isso a esquerda não tem qualquer credibilidade, sobretudo no tema das alterações climáticas.

Anónimo disse...

É engraçado como desde o início o seu argumento têm sido falácias umas atrás das outras. Já nem sequer tenta mostrar que tem razão. Chega a ser triste. Não há mesmo nada que comprove que o IPCC seja falsa ciência (lembra-se que esse era o seu argumento? parece ter-se convenientemente esquecido), portanto fala de tudo menos disso. O que vale é que a sua opinião não vale NADA contra os estudos que existem. Um dia talvez aprenda a argumentar, mas parece que amanhã não é a véspera desse dia.

Anónimo disse...

Oh homem, onde é que você já vai!

Além dessa criancice patética de que está a falar só para uma pessoa, está a dar voltas de tal ordem que uma pessoa que o leia até se esquece do tema. Caso esteja a pensar, são alterações climáticas, mas para si parece que estamos a discutir política e a falar mal da Esquerda.

Até parece que teve lições de retórica dadas por um criacionista.

Anónimo disse...

Em 23 e 24 de Março próximo terá lugar em Washington DC :

12th International Conference on Climate Change

Serão oradores :

http://climateconference.heartland.org/speakers/

Anónimo disse...

Vamos lá parar de balbuciar tretas. Provas é coisas de quem não quer ver, há aqui carradas delas, e isto é só um exemplo:
https://realclimatescience.com/2017/02/nasa-noaa-climate-data-is-fake-data/

Anónimo disse...

Isto chega mesmo a ser cómico... Ao fim de 6 comentários, lá tenta fazer algo de útil e apresenta... Um blogue! De um senhor formado... em Letras! Obrigado por mostrar exactamente aquilo que eu tenho estado a dizer. É isso o que você usa contra o IPCC, e é ironicamente o maior elogio que lhe pode fazer. Muito obrigado.

Anónimo disse...

Que tristeza... Ao fim de toda este insistência ao longo de não sei quantos dias, o melhor que tem para mostrar é um blogue, coisa que qualquer pessoa pode fazer acerca de qualquer coisa sem uma ponta de escrutínio. Um blogue feito por alguém que não tem uma formação científica e que ocupa boa parte do artigo a fazer auto-promoção. Acho que até um vídeo de Youtube preferia.

Ah, e já agora: é factualmente falsa a afirmação de falta de pontos de observação em África, como pode ser verificado no próprio site da NOAA (que, já agora, nem é a única instituição que faz este tipo de trabalho). Deixo para si a sugestão de verificar outras afirmações que esse blogue faz.

Um nadinha de pensamento crítico dir-lhe-ia logo que esse site é uma treta. Mas ao menos, vá lá vá lá: ao fim de 5 dias, sempre tentou apresentar alguma coisa. Apresentou algo errado, mas é um primeiro passo.

Zurk disse...

Será que não toma antibióticos quando tem uma infeção? Será que não se vacinou? Será que não anda de transporte? Será que cultiva o que come? Será que usa a internet (pelo menos esta sei que não é verdade)? Será que não tem água canalizada nem saneamento? Será que vive sem luz (esta também sei que não é verdade)?

Fernanda Botelho disse...

A crónica do Prof. Carlos Fiolhais é certamente bem intencionada. No entanto, não posso deixar de fazer algumas observações:
1. Parece-me que, com inabalável fé ou entusiasmado otimismo, faz depender do conhecimento, da instrução a prática do bem. Mas, ninguém pratica o mal apenas por ignorância. A razão humana também produz monstros (pensemos, por exemplo, no método, no cálculo, na organização do extermínio de judeus nos campos de concentração).
2. Julgo ver, também, traços de uma conceção positivista de ciência. Não pondo em causa a segurança, o bem-estar e o conforto proporcionados pela ciência e pela tecnologia, não podemos elevá-la a uma forma superior de conhecimento. Atribuir um valor absoluto a conhecimento científico é impedir-nos de analisar com cuidado os riscos e os limites da própria ciência.
3. Considero, por fim, excessivo associar a “defesa das medicinas alternativas” no parlamento português às posições científicas anticientíficas de D. Trump. E quanto aos interesses económicos, também a investigação científica não é imune ao poder financeiro.
Hoje, mais do que nunca, é importante pensar de forma crítica e isso implica submeter a razão e a ciência a essa crítica. Exclui-las da equação seria, aí sim, contribuir para a morte da própria razão.

Anónimo disse...

Bom, mas eu não sou o anónimo com quem conversava. Se acredita no aquecimento antropogénico é umcrente, e ser cientista não lhe irá tirar o atributo. E alterações climáticas sempre fizeram parte do movimento concreto do clima. Estas tretas têm motivações políticas, só idiotas vêm ciência onde ela nunca existiu.

Anónimo disse...

É verdade que as alterações climáticas sempre existiram. Só um idiota nega isso. Aquilo que é discutido é o ritmo a que elas ocorrem, que está cada vez mais acelerado. E o que nos diz isso é a ciência, quer você queira quer não.

Sérgio disse...

"Cérebros brilhantes também podem produzir grandes sofrimentos.É preciso educar os corações", disse Dalai Lama. Como escrevi algures a cima, nas relações humanas, apesar de tanto e tanto progresso cientifico, continuamos sem grande evolução...E não vai ser a ciência que vai resolver isso, nem creio aliás que seja o papel dela...

Anónimo disse...

A propósito de Paris, atenção à revelação do dia:
https://southfront.org/global-manipulation/

O BRASIL JUNTA-SE AOS PAÍSES QUE PROÍBEM OU RESTRINGEM OS TELEMÓVEIS NA SALA DE AULA E NA ESCOLA

A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...