quinta-feira, 21 de julho de 2016

CAMINHOS DA MINEALOGIA (2)

Segundo texto de uma série da autoria do Professor Galopim de Carvalho
(Acesso ao primeiro aqui).

 Os minerais na Antiguidade

É com Teofrasto (372 – 287) que surge o primeiro tratado de mineralogia – As Pedras. A este discípulo de Aristóteles se deve a primeira classificação mineralógica, tendo por base as respectivas utilidades como minérios, pedras preciosas e pigmentos, tendo descrito vários tipos de minerais, sobretudo gemas, e algumas rochas.

Houve, no entanto, um longo caminho percorrido, no domínio do conhecimento das substâncias, das suas natureza e constituição, cujos primórdios se perdem nas civilizações mais antigas.

Os quatro elementos primordiais ou princípios – ar, água, terra e fogo – impropriamente atribuídos a Aristóteles (384 - 322 a.C.), considerados na Grécia antiga com constituintes universais da matéria, são o culminar de uma concepção muito anterior, que se desenvolveu gradualmente até ser formulada em termos mais abrangentes por Empédocles, cerca de 450 a.C., como teoria dos quatro elementos ou das substâncias.

Sabemos hoje que o texto referido no lapidário de Aristóteles tem origem na Pérsia, em meados do século IX a.C., de autoria desconhecida. Nesta concepção do mundo coube a este que foi o fundador e mestre do Liceu de Atenas, o mérito de a divulgar e de lhe dar crédito tal que a fez singrar e resistir incólume por mais de dois mil anos.

Esta visão, dita aristotélica, teve a aceitação da Igreja Romana, que a adoptou e impôs, a ferro e fogo, no essencial do seu conteúdo, opondo-a tenazmente à teoria atómica, da escola de Mileto (séc. V a.C.).

Deve dizer-se que esta outra visão da matéria já tivera por parte dos hindus uma astuciosa antecipação, tendo sido os árabes que a fizeram renascer através das tradições dos autores gregos e latinos, reintroduzindo-a no saber renascentista europeu.

No que se refere aos latinos, Plínio, o Velho (23 - 79 d.C.), uma das vítimas da histórica erupção do Vesúvio, tem lugar de destaque através da sua História Natural, em 37 volumes. Nesta obra monumental o autor retoma Teofrasto e volta a falar de minérios, pigmentos, gemas e também de algumas rochas como o mármore e o basalto.

No historial da caminhada da mineralogia, há que dar o devido destaque à alquimia. Chegada através do Egipto, primeiro à Grécia, teve em Roma a protecção de Calígula (12 - 41 d.C.). Nesta escola árabe floresceu a Polypharmacia, actividade alquímica onde se queimava, sublimava, dissolvia e precipitava e que, de mistura com outros procedimentos fantasiosos (à luz do conhecimento actual) deram nascimento, não só à química como à mineralogia.

                                                                                                                                A. Galopim de Carvalho

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