Por A. Galopim de Carvalho
Cada vez com mais frequência, dou por mim a reflectir sobre o encurtar do horizonte de vida, em particular pela falência acelerada do corpo, bem sentida fisicamente a cada dia que passa, e bem consciencializada pela lucidez do pensamento, como é, felizmente, o meu caso, quanto à inevitabilidade desta descida na “curva de Gauss” que é nossa condição da vida.
Quando olho para o espelho não vejo o adulto maduro e cheio de energia que ainda trago comigo e rege a minha maneira de estar e de conviver. Vejo um rosto que não conheço, que não condiz com o que vejo quando olho para dentro de mim. Mentalmente mantenho a curiosidade, a ousadia e a força anímica da juventude, caldeadas pela ponderação, tolerância e paciência dos velhos.
Devo dizer que esta realidade não me assusta minimamente. Felizmente, a medicação regular que tomo assegura-me a qualidade de vida que me permite ocupar o dia-a-dia com salutar alegria e continuar a trabalhar intensamente como até aqui. Já o disse, quando estou, como agora, bem sentado, frente ao monitor do computador, não tenho idade nem as múltiplas maleitas e limitações que se apoderaram do meu corpo.
Neste percorrer de uma longa caminhada, para além das múltiplas experiências presenciadas na infância, na adolescência e no tempo que cumpri como miliciano ao serviço do Exército, dei particular atenção às vividas e presenciadas como aluno e, mais tarde, como docente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e como director do Museu Nacional de História Natural da mesma Universidade.
Quando olho para o espelho não vejo o adulto maduro e cheio de energia que ainda trago comigo e rege a minha maneira de estar e de conviver. Vejo um rosto que não conheço, que não condiz com o que vejo quando olho para dentro de mim. Mentalmente mantenho a curiosidade, a ousadia e a força anímica da juventude, caldeadas pela ponderação, tolerância e paciência dos velhos.
Devo dizer que esta realidade não me assusta minimamente. Felizmente, a medicação regular que tomo assegura-me a qualidade de vida que me permite ocupar o dia-a-dia com salutar alegria e continuar a trabalhar intensamente como até aqui. Já o disse, quando estou, como agora, bem sentado, frente ao monitor do computador, não tenho idade nem as múltiplas maleitas e limitações que se apoderaram do meu corpo.
Neste percorrer de uma longa caminhada, para além das múltiplas experiências presenciadas na infância, na adolescência e no tempo que cumpri como miliciano ao serviço do Exército, dei particular atenção às vividas e presenciadas como aluno e, mais tarde, como docente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e como director do Museu Nacional de História Natural da mesma Universidade.
A estas experiências, sobre as quais tenho reflectido e que tenho relatado em livros e em vários outros meios de comunicação, acrescento as muitas que vivi e presenciei como cidadão interventor, sobretudo, na árdua defesa e valorização da geologia e do nosso património natural, numa sociedade cinzenta, onde, para vergonha dos responsáveis, assisto à degradação e, em alguns casos, destruição do património natural, à falência da Educação e ao descrédito da Justiça.
Sociedade cinzenta onde a escola dá diplomas, mas não dá cultura e onde o conhecimento científico e humanístico continuam arredados da grande maioria dos nossos decisores, aos vários níveis da administração.
A, Galopim de Carvalho
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