quinta-feira, 15 de agosto de 2024

"DÁ O PRIMEIRO PASSO!"

“Ser professor… é mudar vidas”. Estas são as palavras que formam o principal slogan da "campanha de sensibilização" (ver aqui) (leia-se marketing) destinada a (como direi?) "encontrar", "angariar", "recrutar" ou (de modo politicamente correcto) "atrair" pessoas que possam assegurar funções docentes na escola pública portuguesa. A medida, que tinha sido antes anunciada pelo (agora designado) Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI), no âmbito do dito "Plano+Aulas+Sucesso", foi operacionalizada pela Direção-Geral da Administração Escolar (DGAE), constando no seu site oficial (aqui) e redes sociais associadas. Também está a ser divulgada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, Câmaras Municipais de Lisboa e Porto, instituições de ensino superior, rede pública de escolas e mais além (ver aqui).

Recorte daqui
Abri o site oficial e os diversos links, vi as imagens, assisti a um pequeno filme, li os textos... Os comentários a fazer seriam mais do que o tempo de férias permite e que limito a três.

1. Entre as pessoas a "atrair" para o ensino, contam-se, sobretudo, jovens, que podem concorrer com habilitação própria (não realizaram o Mestrado em Ensino, habilitação que, segundo a lei vigente, lhes permite serem professores de pleno direito) e já idosas, que se irão reformar ou já se reformaram como professores.
 
Esses dois grupos estão representados na imagens de rosto do mencionado site: na primeira a jovem professora (?) quase não se distingue dos alunos e na terceira a senhora grisalha quererá "continuar jovem". Estas representações (todas de mulheres) mereciam desenvolvimento, mas penso que o leitor entenderá aqui a presença de uma ideia que marca o discurso sobre a profissão em causa: a motivação e... sucesso dos alunos são (muito) devidos à "proximidade" que os professores mantêm com eles, como se fossem como eles: novos, dinâmicos, aprendizes...
 
2. Daí, talvez, o tratamento por "tu" que o MECI/DGAE entendeu usar, ainda que não de modo exclusivo, para se dirigir formalmente aos potenciais candidatos, que, jovens ou idosos, são adultos.
"Receberás indicações sobre o tipo de habilitações, o(s) respetivo(s) grupo(s) de recrutamento, e, em seguida, deves proceder ao registo (...). Deverás acompanhar no website da DGAE e nas Redes Sociais os horários disponíveis em oferta de escola (Agrupamento de Escolas/Escolas não Agrupadas) para poderes concorrer online. o primeiro passo! (aqui)
3. Numa apreciação global do material da campanha, destaco a pobreza da linguagem, os lugares-comuns, os argumentos-mais-que-estafados, a ausência dos grandes princípios condutores da educação escolar pública. Digo isto por várias razões:
a) tal como o slogan principal, que acima reproduzi, os restantes (destinados a diferentes tipos de potenciais candidatos) não são mais animadores: Ser professor é escolher o futuro (destinado a alunos que ingressem em licenciaturas e mestrados em Ciências da Educação/Ensino e que passam a beneficiar de bolsa); Ser professor é um novo percurso (destinado a bolseiros de doutoramento, mestres, investigadores e doutorados); Ser professor é continuar jovem (destinado a professores que chegados à reforma queiram continuar a ensinar) e Ser professor é voltar à escola (destinado a professores aposentados com remuneração extra) (ver aqui);
b) não falta a alusão à "boa-vondade" do sistema, direccionada sobretudo para os alunos de "contextos socioeconómicos mais desfavorecidos, colocando em causa a igualdade de oportunidades no acesso a uma educação de qualidade e a um percurso escolar de sucesso";
c) os depoimentos de três professores que constam num tal "Guia da profissão docente" (atendendo à data de publicação noutro sítio, conta já com um ano, terá sido repescado? ver aqui e aqui) são "redondos", confrangedores, nota-se que desempenharam um papel.
Em suma, alguém que coloque o ensino além da trivialidade subjacente a este discurso (que se percebe replicado de outros), que considere a dignidade um atributo inalienável da profissão docente, que entenda o professor como um intelectual, a menos que precise desesperadamente de um trabalho, não "dá o primeiro passo", como consta no texto da campanha, que se quer mobilizador.
 
Nada se aproveita, então, nas diversas "peças" que constituem a campanha? Sim, aproveita: o diagnóstico (já há muito conhecido) da gravíssima situação da falta de professores devidamente formados e a referência à legislação com que, bem ou mal, temos de contar neste momento. 
 
Era acrescentar, de modo muito simples e directo, que a tutela (tal como muitas outras), em virtude de medidas inadequadas que tem tomado para o ensino e para a formação docente, não pode eximir-se à responsabilidade na debilitação de uma profissão que, note-se, tem em Portugal um passado recente frágil. E solicitar a quem possa contribuir para reerguer estas duas áreas que se disponha a fazê-lo. Isto sem os ardis de campanhas e dos seus slogans... Em educação, o marketing não vale.

22 comentários:

Mário R. Gonçalves disse...

Totalmente de acordo, está em curso a infantilização do professor. É mais fácil controlar e fazer obedecer jovens dóceis cativados pelo discurso empático e vazio do "tu". Já fizeram de nós soldados, cobaias, guerrilheiros, funcionários, e mais... agora fazem do professor um jovem pateta dependente de Apps. Dignidade, onde ela vai, já nem com o Space Telescope se vislumbra.

Anónimo disse...

Da selvajaria do ensino primário do Estado Novo à divinização da ignorância boçal no 3.º ciclo e ensino secundário do regime democrático implantado em Portugal no dia 25 de abril de 1974.
Efetivamente, eu sou testemunha de atrocidades físicas e morais cometidas, antes do 25 de Abril, por “professores” primários, sob crianças indefesas. O regime democrático não encontrou melhor medida para castigar esses algozes do que equiparar todos os professores primários a professores do liceu.
Agora, com a indisciplina e violência instaladas no 3.º ciclo e ensino secundário, em contexto de sala de aula, onde a boçalidade mais desbragada é metamorfoseada, pelas autoridades educativas, em inconformismo inerente à idade adolescente, ser professor pode ser tudo que o slogan diz, mas já não é ensinar.
Enquanto não restituírem o dinheiro aos professores - que houve tempos em que lhes pagavam, por inteiro, o estágio integrado, e a correção de exames nacionais, por exemplo – e não lhes devolvam a autonomia pedagógica e científica, que se quer longe de grelhas cheias de domínios, subdomínios, rubricas e critérios de avaliação e classificação esdrúxulos, e por escrito, então o problema da falta de professores continuará a ser de difícil resolução.

Helena Damião disse...

Vale a pena ler o texto que António Duarte publicou no seu blogue sobre uma das imagem usadas nesta campanha, da responsabilidade, não se esqueça, do Ministério da Educação de Portugal: https://escolapt.wordpress.com/2024/08/15/uma-campanha-indigna/. Confirmei e... sim... a imagem foi retirada de um banco de imagens e, consta por exemplo, num anúncio de apagadores de quadros: https://www.linkedin.com/pulse/apagador-de-quadro-branco-veja-vantagens-tipos-e-como-limpar/
Cordialmente,
MHDamião

Carlos Ricardo Soares disse...

A Escola, em Portugal, não escapou ao processo de mercantilização dos valores, que é o processo normal e costumeiro que envolve os valores venais a que, mais coisa menos coisa, todos aspiram. A única excepção talvez seja a dos anacoretas ascéticos isolados do mundo que optam por uma forma de morte que é um sucedâneo de vida, num mundo em que, realmente, não há espírito, nem valores espirituais, mas que, paradoxalmente, eles acreditam haver em algum lugar, ou, como se diz também, algures no céu. A renúncia deles, ainda assim, pode ser questionada como uma recusa em participar ativamente.
A própria Escola, desenhada por, e para, elites cultoras do não venal, ou espiritual, que detinham, porém, as vantagens do venal, foi sendo crescentemente crítica da venalidade, na medida em que a não venalidade ganhou ascendente e reclamou para si a primazia dos valores culturais e da sua respeitabilidade. Este jogo de cintura conduziu à inversão dos valores: os valores venais só seriam espirituais se tivessem o batismo e a bênção da Escola. A sociedade, porém, ou o mercado (a sociedade é uma grande feira, com mais ou menos fiscais e cobradores) não podia deixar de entrar no jogo, ou nessa bolsa de valores.
Então, o facto de alguém, por exemplo, ser perdulário, ou viver luxuosamente, não devia ser entendido como materialista, mas como desprendido da materialidade, sem apego ao dinheiro e aos bens materiais. Quando as coisas se tornam, ou são apenas questões de linguagem, a realidade passa ao lado, porque o importante parece ser a linguagem.
Ainda assim, não nos iludamos com a magia das palavras.
A Escola, os professores, o próprio conhecimento, não podem ficar dependentes, nem eternamente à espera de quem se enamore e se apaixone por eles, ou pelo valor deles, cada vez menos promovido, mas que não tem preço. E aí entram os tais valores venais, o preço em vez do valor, e as relações, ou casamentos (dissolúveis), por interesse. Um pouco à semelhança de «quem não tem cão caça com gato».

Anónimo disse...

Nota-se que é bastante velho e não se atualizou. Neste momento, são os encarregados de educação e os alunos a agredirem verbal e fisicamente os professores. É uma atrocidade boçal da sua parte esse agachar às supostas elites de outros tempos.
Quanto à diferenciação de remuneração de carreiras que tanto defende, qualquer país civilizado já percebeu a importância do docente do 1 ciclo que é tão licenciado como os outros, com pós-graduações, mestrados e doutoramentos. Não confunda a faixa etária dos alunos e seus conhecimentos com os dos professores. Acho muito bem uma carreira única.

Anónimo disse...

Vossa Excelência não entendeu a profundidade acutilante das minhas palavras.
Deixo-lhe apenas o exemplo da Alemanha, onde nasceram Kant, Beethoven, Euler e Werner Heisenberg, entre outros:

Na Alemanha, o sistema de carreira para professores e educadores é bastante diferente do que existe em Portugal. Vou explicar em partes para responder a todas as suas perguntas:

1. Carreira Única para Professores e Educadores:
Portugal: Existe uma carreira única para professores do ensino básico e secundário, bem como para educadores de infância. Isso significa que, de modo geral, todos os professores têm um percurso profissional semelhante, com progressões na carreira baseadas em anos de serviço, formação contínua e avaliação de desempenho.
Alemanha: A estrutura de carreira para professores na Alemanha é mais diversificada. Cada estado federal (Land) tem sua própria política educacional e estrutura de carreira, o que significa que há variações entre os estados. Em geral, a carreira de um professor pode ser influenciada pela sua especialização, o tipo de escola em que trabalha (primária, secundária, técnica, etc.), e as qualificações específicas exigidas. Educadores de infância (Erzieher) têm uma carreira separada dos professores, e suas formações e progressões na carreira seguem caminhos distintos.
2. Remuneração:
Portugal: Os professores em Portugal, independentemente de lecionarem no ensino básico ou secundário, seguem uma tabela salarial que se baseia na progressão da carreira. Em termos gerais, há pouca diferenciação significativa nos salários entre diferentes níveis de ensino, além das progressões por tempo de serviço.
Alemanha: A remuneração dos professores na Alemanha varia consideravelmente entre os estados federais. Em geral, os professores do ensino secundário tendem a ser mais bem pagos do que os do ensino primário. Além disso, a remuneração pode variar dependendo das qualificações adicionais e do tipo de escola em que o professor trabalha. Educadores de infância geralmente ganham menos do que professores do ensino básico e secundário.
3. Habilitações de Acesso:
Portugal: A formação exigida para professores é bastante uniforme, sendo necessária uma licenciatura em Educação e, posteriormente, um mestrado em Educação para a maioria dos níveis de ensino.
Alemanha: As exigências de qualificação para professores variam conforme o estado federal e o nível de ensino. Em geral, os professores do ensino secundário precisam de uma formação mais longa, geralmente com dois cursos universitários (Lehramt), que envolvem a combinação de uma formação específica em duas disciplinas e um estágio prático (Referendariat). Para os educadores de infância, as qualificações exigidas são geralmente obtidas em escolas técnicas ou através de cursos especializados, o que é diferente da formação universitária necessária para professores de ensino básico e secundário.
4. Alemanha como um País Desenvolvido no Sistema Educativo:
Sim, a Alemanha é considerada um país desenvolvido em termos de sistema educativo. O país possui uma estrutura educacional robusta, com uma forte ênfase em formação técnica e dual, que combina educação formal com aprendizado prático no local de trabalho (um sistema amplamente reconhecido e respeitado internacionalmente). Além disso, o sistema educativo alemão é conhecido por sua diversidade e flexibilidade, o que permite que os estudantes sigam diferentes caminhos educativos de acordo com suas aptidões e interesses.
Em resumo, o sistema educativo na Alemanha é altamente desenvolvido, mas bastante diverso e descentralizado, com diferenças significativas em relação a Portugal em termos de estrutura de carreira, remuneração e qualificações exigidas para professores e educadores.


Anónimo disse...

Excelentíssimo
Se aceder à Direção-Geral de Estatística-Carreira Docente da Europa (Acesso, progressão e apoios) terá a oportunidade de verificar que a Inglaterra, terrinha de Bertrand Russell, John Locke, Francis Bacon, Adam Smith, Newton e tantos outros crânios, famosa por ser um dos melhores sistemas educativos do mundo, ajoelhou a uma carreira única dos docentes, tal como Portugal. Todos igualmente importantes nas diferentes fases do percurso estudantil.

Anónimo disse...

Eu considero as minhas fontes fidedignas. Convenhamos, contar a história da carochinha, ensinar o "a e i o u" , ou ensinar números complexos são trabalhos DIFERENTES, independentemente do lugar da Terra em que nos encontremos. Dou de barato que o educador de infância ganhe mais que o professor do liceu, mas impor uma carreira única, dos professores dos ensinos básico e secundário e dos educadores de infância, é um absurdo, com consequências trágicas no ensino e na educação em Portugal.
Eis o exemplo inglês:

Na Inglaterra, o sistema de carreira dos professores é bastante diferente do modelo português, onde há uma carreira única para professores do ensino básico, secundário e educadores de infância. Vamos analisar as principais diferenças:

1. Carreira Única para Professores e Educadores:
Portugal: Como mencionado, existe uma carreira única que engloba professores do ensino básico, secundário e educadores de infância.
Inglaterra: Na Inglaterra, as carreiras dos professores do ensino primário, secundário e dos educadores de infância não são unificadas em uma única carreira. Embora todos possam ser classificados como "professores" no sentido amplo, as suas carreiras, qualificações e remunerações variam consideravelmente com base no nível de ensino.
2. Grau Académico e Formação:
Professores do Ensino Primário e Secundário:
Os professores de ensino primário e secundário na Inglaterra geralmente possuem um grau de Bacharelado (Bachelor's Degree) em Educação ou numa disciplina específica, seguido de uma qualificação profissional para ensino, como o PGCE (Postgraduate Certificate in Education). Os requisitos para os professores do ensino secundário podem ser mais especializados, já que eles lecionam disciplinas específicas.
Após obterem o PGCE, os professores completam um ano de estágio probatório chamado NQT (Newly Qualified Teacher) antes de se qualificarem completamente.
Educadores de Infância:
Educadores de infância (Early Years Educators) na Inglaterra podem ter formações variadas, desde qualificações técnicas, como NVQ (National Vocational Qualifications), até diplomas de ensino superior especializados em Educação Infantil. Embora existam caminhos que levam ao ensino superior, muitos profissionais na área não possuem necessariamente uma licenciatura.
3. Remuneração:
Professores do Ensino Primário e Secundário:
Na Inglaterra, a remuneração dos professores do ensino primário e secundário é estruturada em uma escala salarial, conhecida como "Main Pay Range" e "Upper Pay Range", que pode variar dependendo da experiência e do desempenho do professor. Professores de ensino secundário podem, em alguns casos, ganhar mais, especialmente se assumirem cargos de responsabilidade adicional ou se especializarem em áreas de alta demanda.
Educadores de Infância:
Os educadores de infância geralmente recebem salários mais baixos em comparação com os professores do ensino primário e secundário. As diferenças salariais refletem tanto a formação exigida quanto o tipo de instituição em que trabalham, como creches ou pré-escolas.
4. Igualdade de Carreira e Remuneração:
Ao contrário de Portugal, onde há uma maior uniformidade na carreira e na remuneração dos professores, na Inglaterra existe uma diferenciação significativa tanto em termos de progressão na carreira quanto em termos salariais entre os diferentes níveis de ensino e os tipos de qualificações.
Conclusão:
Na Inglaterra, as carreiras dos professores do ensino primário, secundário e dos educadores de infância não são unificadas como em Portugal. As formações exigidas e as escalas salariais variam de acordo com o nível de ensino e a função específica, resultando em diferenças significativas nas carreiras e na remuneração desses profissionais.


Anónimo disse...

A informação sobre os salários dos professores ingleses encontra-se em www.apagina.pt , edições n. 160, salários dos professores do 1.2.3. e ensino secundário. Nessa página são referidos os vencimentos auferidos inicialmente e 15 anos depois em vários países da Europa. Posso enviar essa folha ao professor Carlos Fiolhais para ele a publicar.

Anónimo disse...

Eu posso retorquir-lhe com o exemplo norueguês, que é de uma latitude mais elevada:
Os professores de liceu e os professores primários na Noruega não têm salários iguais. Os professores de liceu tendem a ter vencimentos mais elevados, refletindo as exigências adicionais de qualificação e especialização. Contudo, as diferenças podem ser influenciadas por vários fatores, incluindo experiência, formação contínua e localização geográfica.


4/4






Anónimo disse...

Exigências adicionais de qualificação? Quais? Estou curiosa.

Anónimo disse...

Exigências adicionais de qualificação? Quais? Estou curiosa.

Anónimo disse...

Peço desculpa. Inseri a pergunta erradamente. A questão era para o anónimo seguinte.

Anónimo disse...

Na Noruega, os "monodocentes", seja lá o que isso for, não estão num nível de formação académica superior à dos professores do liceu. Seria absurdo!
Segue mais informação:
Na Noruega, as exigências adicionais de qualificação para professores do ensino secundário (liceu) em comparação com os professores do ensino primário refletem a complexidade e a especialização necessárias para ensinar em níveis educacionais mais avançados. Aqui estão algumas das principais exigências e qualificações adicionais:

1. Nível de Formação Académica
Professores Primários: Para ensinar no ensino primário (educação infantil e ensino básico), é geralmente necessário um diploma de quatro anos de um programa de ensino primário ou de pedagogia, conhecido como "Grunnskolelærerutdanning".
Professores Secundários (Liceu): Para ensinar no ensino secundário, os professores geralmente precisam de um mestrado (ou um diploma equivalente) em uma disciplina específica, além de uma formação pedagógica. O curso é conhecido como "Master i utdanningsvitenskap" ou "Master i fagdidaktikk". Isso permite que eles se especializem em áreas específicas, como matemática, ciências, línguas, etc.
2. Especialização em Disciplinas
Professores Primários: A formação dos professores primários é mais generalista, cobrindo uma gama mais ampla de matérias e competências pedagógicas.
Professores Secundários (Liceu): Os professores de ensino secundário geralmente devem ter uma especialização profunda em uma ou mais disciplinas. Isso significa que, além da formação pedagógica, eles devem ter um conhecimento académico avançado na sua área de ensino.
3. Formação Pedagógica Avançada
Professores Primários: A formação pedagógica dos professores primários é focada em métodos de ensino para crianças mais novas e gestão de sala de aula.
Professores Secundários (Liceu): Os professores secundários precisam de formação pedagógica que inclui técnicas de ensino mais avançadas, estratégias de avaliação, e preparação para o ensino de adolescentes e jovens adultos. A formação pedagógica para esse nível pode incluir métodos de ensino mais específicos e avançados para as disciplinas que ensinam.
4. Experiência e Formação Contínua
Professores Primários: A experiência prática durante a formação é essencial, mas a progressão na carreira pode ser mais linear e focada em aspectos gerais da pedagogia e gestão de sala de aula.
Professores Secundários (Liceu): A experiência prática também é crucial, mas pode haver uma ênfase maior em estágios em escolas secundárias e em projetos relacionados à pesquisa ou ao desenvolvimento de currículos avançados. Além disso, a formação contínua e o desenvolvimento profissional são importantes para manter e atualizar as qualificações e o conhecimento na sua área de especialização.
5. Certificações Adicionais
Professores Secundários (Liceu): Em alguns casos, pode haver a necessidade de certificações adicionais ou qualificações em áreas específicas de ensino, dependendo das exigências regionais ou das necessidades das escolas.
Conclusão
As exigências adicionais de qualificação para os professores do ensino secundário na Noruega são principalmente relacionadas com a profundidade e especialização do conhecimento académico nas disciplinas que eles ensinam, bem como à formação pedagógica mais avançada. Essas qualificações adicionais refletem a complexidade e a responsabilidade envolvidas em ensinar em níveis mais elevados, onde os professores lidam com conteúdos mais especializados e com uma população estudantil mais velha e diversificada.


Anónimo disse...

Seria conveniente informar-se melhor. Monodocente é um professor generalista que se encontra ao mesmo nível de um professor de liceu, lecionando 12 disciplinas no 1 ciclo.
1. Nível de formação académica
A legislação em vigor exige o mesmo nível de qualificação académica-mestrado- para todos os docentes do ensino básico e secundário, segundo a alteração de 97 da Lei de Bases do Sistema Educativo.
2. Especialização em disciplinas
Muitos docentes do 1 ciclo fizeram mestrados ou pós-graduações em matemática, português, PLNM, inglês, entre outras. Como são 12, fica complicado a especialização em todas as disciplinas lecionadas.
3. Formação pedagógica avançada
Muitos docentes do 1 ciclo fizeram especializações ou mestrados em supervisão educativa, educação especial, educação básica, ensino artístico, pedagogia de projeto, biblioteca, avaliação, pedagogia, didática, etc etc… Doutoramentos tb se verificam.
4. Experiência e formação contínua
Escusado será dizer que é obrigatória para qualquer docente que queira progredir na carreira: 50 h para escalões de 4 anos e 25 horas para os de dois anos ( apenas o 5 escalão) e confirmo que a maioria ultrapassa largamente estas horas. Muitos docentes do 1 ciclo dão formação em várias áreas do conhecimento, inclusivamente tecnológico.
5. Certificações adicionais
São todas aquelas que vão para além da licenciatura, acima referidas. Mais do mesmo.
Concluindo: todos os docentes ao mesmo nível, carreira única. Diferentes níveis etários e currículos. Não são diferenças de qualidade ou de superioridade.

Anónimo disse...

Mas um patinho feio pode ser, afinal, um cisne. Não sou educadora de infância e o que diz a lei é que o pré-escolar não é escola, daí não ter caráter obrigatório e trabalhar com orientações curriculares, não propriamente com um currículo letivo. Uma exceção que até poderia compreender à luz meia fundida das suas críticas.Tanto que a lei divide docentes em professores e educadores de infância. Quanto a professores e, colocando-lhe um aparelho corretor nos dentes, tudo igual com igual importância porque uma boca é feia desdentada e todos os dentes assumem igual protagonismo na sua identidade funcional, contribuindo para o tal do sorriso perfeito.
Concordo que a indisciplina seja o pão nosso de cada dia, mas a responsabilidade será dos professores? Se puxar pela cabeça, chegará facilmente à resposta.
O sucesso escolar é uma fraude. Concordo em absoluto. E a culpa é de quem? De políticas permissivas. Agora, pensemos os dois: para quê tanta formação de professores, tanta requintada e requentada qualidade, tanta engravatada diferenciação, se passam todos de qualquer maneira a chinelar pela má educação?
Professores: carreira única, juntinhos e felizes até que a reforma nos separe!

Anónimo disse...

A designação oficial é Carreira ÚNICA dos Professores dos Ensinos Básico e Secundário e dos Educadores de Infância. Se Vossa Excelência é capaz de escrever "o sucesso escolar é uma fraude", tiro-lhe o meu chapéu, como sinal do reconhecimento da grande inteligência que revela. No entanto, continua a ser um sinal de decadência do sistema de ensino em Portugal não distinguir, nomeadamente em termos de remuneração, a função de um professor do ensino secundário, com formação universitária (de universidade pública), da função de um professor primário que geralmente tem formação politécnica. Eu sei que, no fim, o Governo da República Portuguesa só quer que passem todos, mas a questão é saber se estamos contra ou a favor desta fantochada. Eu estou contra!

Anónimo disse...

Agradeço a remoção da sua pequena cartola em homenagem à minha grande inteligência. A decadência não se centra na preocupante mesquinhez da diferenciação de remunerações entre professores que fizeram o politécnico ou a universidade pública. Não penso na coisa educativa em termos de gavetas ou prateleiras acima ou abaixo de qualquer normativo de qualidade inventado por alguém que pretensiosamente deseja hierarquias laborais injustas. O problema central está no respeito pela carreira docente e na sua valorização. Sucessivas reformas diluindo disciplinas importantes de pensamento superior, pobreza salarial dos docentes, congelamentos de carreira, currículos facilitistas, desajustados ou corroídos pelo tempo, corrupção, colocações a milhas de casa, educação a reboque de partidos políticos, violência nas escolas, direções que se perpetuam mandato após mandato possibilitando autênticos feudos de amizades onde os currículos profissionais de nada servem, alunos que passam por tudo e por nada, papéis e mais papéis com grelhas que avaliam sem qualquer impacto na aprendizagem, avaliações manhosas de alunos e professores, burocracia ineficaz e sei lá que mais me lembre até aos 66 anos e sete meses. Estou contra e a favor de uma carreira única nesta barcarola que vejo afundar de ano para ano. Não me admira que ninguém queira isto.

Anónimo disse...

Conclusão
Embora a criação da carreira única possa ter trazido benefícios em termos de simplificação administrativa e controle de custos, ela foi a principal responsável pelo desprestígio social dos professores do ensino secundário, que ficaram com menos dinheiro no bolso, ao nivelar por baixo as diferenças de complexidade e responsabilidade entre os vários níveis de ensino. Isso reflete uma abordagem economicista em que a eficiência e o controle orçamental prevaleceram sobre o reconhecimento das especificidades de cada nível de ensino.
O mesmo não se passou na área da saúde: os enfermeiros podem ganhar o mesmo que os professores do liceu, mesmo que nunca tenham frequentado a Universidade, mas a formação universitária dos médicos coloca-os num patamar mais acima.


Anónimo disse...

Sendo professora do 1 ciclo, não me considero nenhuma enfermeira em relação a um docente do secundário, que também não é nenhum médico. Isso é completamente ridículo. Somos todos docentes a trabalhar com alunos em diferentes faixas etárias, com igual grau de importância. Não se justifica qualquer diferenciação de vencimento e acho muito bem a carreira única. O desprestígio social tem fundamento em muitas razões, não se reduzindo apenas a salários. Desprestigiar é o que Vossa Excelência faz em relação aos professores que trabalham com crianças. Todos passam pelos primeiros 4 anos de escolaridade, fundação angular do que vem a seguir. Concluindo.

Anónimo disse...

Tive muito prazer em dialogar consigo, apesar de alguns laivos de falácia que pressenti, aqui e ali, na sua argumentação intelectualmente honesta, de um modo geral.
As minhas últimas palavras, mantêm o que disse ao longo de todo o diálogo:
Ensinar uma criança de 5 anos a contar o número de feijões que estão dentro do copinho de alumínio é muito diferente de ensinar a lei da inércia, a lei da ação-reação e a lei fundamental da dinâmica a uma moçoila de 17 anos, finalista do liceu, prestes a alcançar o perfil de aluna à saída da escolaridade obrigatória.
Um professor do 1.º ciclo, um professor do ensino secundário e um educador de infância não podem, pelas leis da lógica, estar integrados numa carreira profissional única. Os seus trabalhos são muito diferentes entre si.
Boas férias!

Anónimo disse...

Falácia nenhuma. Duvido que algum professor de Português do secundário consiga ensinar os mecanismos da leitura e da escrita a uma criança de forma consistente e sistematizada, mas acredito que, facilmente e sem professor, a moçoila de 17 anos seja capaz de descobrir a lei da inércia, a lei da ação-reação e a lei fundamental da dinâmica que, por sinal, até são fáceis, pelo que pude rapidamente verificar. Lembro-me de passar o meu 12.o ano a estudar sozinha. Ia às aulas para não ter falta e lá ouvia debitar o que estava escrito nos livros. Ainda assim é, pelo que me contam. Avaliações com testes americanos, cruzetas aqui e ali, poucas respostas descritivas. Uma trabalheira a corrigir!
Boas férias!

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