domingo, 17 de junho de 2018

Escola sem telemóveis: a discussão renasce em Espanha

Texto na sequência de um outro recente - Escola sem telemóveis -, a propósito da proibição, restrição ou "pedagogização" do telemóvel.

Depois de o Ministro da Educação de França ter proibido os telemóveis de alunos e de professores na escola, Espanha discute a adopção (ou não) da mesma regulamentação. Estão envolvidos sobretudo investigadores, empresas, mas também sindicatos de professores.

Tal como em Portugal, no país vizinho, cada escola (centro escolar) ao abrigo da figura de autonomia, tem possibilidade de fazer essa regulamentação. Algumas fazem-no, outras não. As escolas que o fazem alegam que o telemóvel:
1) constitui um forte factor de distracção nas aulas, dificultando a aprendizagem. Além de receberem e enviarem constantemente mensagens, jogam e acedem a "sítios" que nada têm a ver com o currículo;
2) provoca conflitos permanentes nas aulas, que além de não terem solução, desgastam os professores, sobretudo os mais empenhados na aprendizagem dos alunos;
3) minimiza a comunicação directa entre as crianças e os jovens, distorce as suas trocas espontâneas, anula as brincadeiras e os jogos no recreio, reduz a sua visão do mundo e do que é estar em interacção em tempo e espaço real. Trata-se, como disse o ministro da educação francês, de "uma questão de saúde pública".

Tanto quanto se percebe das notícias que vão surgindo, estas escolas (públicas) espanholas não serão, muitas. Na verdade, há que reconhecer que a pressão que recai sobre elas, sendo subtil, não deixa de ser fortíssima, tendo efeitos na sua decisão, que vai sendo ponderada e reponderada e... adiada. 

Além dos alunos (alguns dos quais são levados a crer que o telemóvel é o centro da vida) e das famílias (a quem dá "jeito" que crianças e adolescentes estejam sempre contactáveis), há os especialistas, as múltiplas entidades que se infiltram na educação, os decisores políticos e as empresas (que lamentavelmente aparecem ligados, fazendo passar uma mensagem que não sendo um declarado sim, leva a concluir pelo sim).

Para ilustrar este "quarteto", recorremos a uma das notícias lidas para redigir este texto (aqui) (os sublinhados são nossos):
El informe Digital Education Action Plan, publicado por la Comisión Europea en 2018, señala que existen multitud de estudios relacionados con el uso de las tecnologías en los colegios, pero que todos ellos son parciales y que faltan evidencias y recolección de datos para conocer la repercusión aprendizaje real. 
Otro estudio de la Unesco sobre aprendizaje móvil publicado en 2012 ya advertía del peligro de los móviles en el aula por casos de aislamiento, distracción o bullying. Sin embargo, destacaba el potencial de esos aparatos para mejorar la participación de los estudiantes en el aula y el trabajo en equipo. 
... un estudio para medir el impacto de los dispositivos en el aprendizaje, en el que colaboran el Ministerio de Educación y Samsung. Llevan tres años de pruebas en 29 colegios públicos de 13 comunidades autónomas en un "campo emergente" del que existen pocos datos. Aunque faltan evidencias científicas de si afecta al rendimiento académico, han comprobado que mejoran tres competencias: la digital, la de trabajo en equipo y la autonomía en el aprendizaje.
É um "cenário" no mínimo confuso mas que não pode, no entanto, impedir os profissionais das escolas de decidir o que é razoável. E o que é razoável, neste como noutros casos, é que se entenda um recurso como um recurso, sendo que qualquer recurso deve apoiar o ensino e a aprendizagem (e não, obviamente, perturbar o ensino e a aprendizagem).

                                                            Maria Helena Damião e Isaltina Martins
_________

Textos usados para escrever este apontamento:
- La prohibición silenciosa de los móviles en los colegios españoles
- Expertos en Educación, contra la retirada de móviles en el aula como en Francia
- La educación en España abre el debate: ¿hay que integrar el móvil en las aulas?

18 comentários:

Anónimo disse...

O slogan "Escola sem telemóveis" é um erro, a real questão maior está antes, leia-se "Escola sem Wi-fi":
http://www.escuelasinwifi.org/nuestra-propuesta

A extrema negligência do Princípio da Precaução vai custar-nos um bom pedaço da nossa humanidade, não só relacional, emocional, mas bem física.

Blogue do cientista que liderou o trabalho que levou a OMS a declarar as microondas como agente possivelmente carcinogénico, e ainda que aquém das evidências, a pressão da indústria travou a decisão mais lógica:
https://lennarthardellenglish.wordpress.com/

Os Apelos de cientistas e médicos são mais do que muitos:
https://www.emfscientist.org/index.php/emf-scientist-appeal
https://ehtrust.org/wp-content/uploads/Scientist-5G-appeal-2017.pdf

Anónimo disse...

A invenção da imprensa constituiu um marco importante na história da educação, pois permitiu a produção e consequente difusão da posse e usufruto dos livros por camadas da população anteriormente afastadas de bens culturais, como as obras manuscritas que só estavam ao alcance de gente com muito dinheiro. No entanto, os livros impressos não levaram ao desaparecimento das escolas nem dos professores. Muito mais tarde, a invenção da televisão pareceu abrir as portas a um novo modelo de ensino, com um número reduzido de professores a lecionarem simultaneamente para milhões de alunos, que até poderiam assistir às aulas sentados nos sofás das salas das suas casas de família.. Mas o modelo televisivo também não vingou.
Num mundo ideal, admito perfeitamente que o uso regrado dos telemóveis na escola tem virtualidades para o constituir num método muito bom de ensino/ aprendizagem, porém, como ainda não estamos a viver na lua, a utilização perversa dos telemóveis, que pode adquirir mil e uma formas nas mãos dos adolescentes, só pode ser impedida, infelizmente, com a proibição dos telemóveis nos recintos escolares.
Para ensinar, temos de continuar a contar com os professores, agora ajudados pelos computadores que, quando devidamente utilizados, são um instrumento de ensino/ aprendizagem muito poderoso.

Anónimo disse...

Wi-fi não representa o mais pequeno perigo para o bem-estar físico das pessoas (psicológico é outra conversa). Micro-ondas de tão baixa frequência não têm qualquer influência sobre o corpo humano, facto que já foi demonstrado até à exaustão na discussão oca de os telemóveis causarem cancro.

Anónimo disse...

Negar é burrice:
« Magnetic fields can change the transparency of the water channel to protons, thereby reducing the current. As a result, you get less ATP, which can have systemwide consequences, from promoting chronic disease and infertility to lowering intelligence. »

A professor of toxicology explains how EMFs cause biological damage and even cancer
http://pollution.news/2018-06-03-a-professor-of-toxicology-explains-how-emfs-cause-biological-damage-cancer.html

Além disso, a sua afirmação prova que não faz qualquer ideia do mundo em que vive! Deve achar que tamanha tecnologia como a presente em smartphones (por exemplo) é lhe facilitada só para que você possa falar com outras pessoas?

Também é idiota o pensamento linear que associa a baixa potência das microondas, à sua inocuidade. Até porque o teste é fraude, pois é efectuado sobre geles, porque se fosse efectuado sobre a actividade biológica a música seria outra.

Mas enfim, com este tipo de juízos, de cérebros com inteligência semelhante ao de geles, o Wi-fi não representa o mais pequeno perigo. Não haja dúvida!


Anónimo disse...

O facto é que as leis da Física mostram que o Wi-fi não representa nenhum perigo. Enquanto as suas provas forem notícias de jornal e coisas do género, só mostra que não tem razão.

Aqui tem um estudo científico que mostra que está errado:
https://journals.lww.com/health-physics/pages/articleviewer.aspx?year=2013&issue=12000&article=00019&type=abstract

Ou então, se estudos científicos são demasiado para si, deixo-lhe umas páginas de blogues ou opiniões, já que esse é o meio preferido dos conspiradores:

https://www.howtogeek.com/234817/dont-worry-wi-fi-isnt-dangerous/

http://www.alphr.com/technology/1000878/reality-check-no-your-wi-fi-isn-t-dangerous

https://www.theguardian.com/technology/askjack/2012/sep/27/wi-fi-health-risks

https://www.telegraph.co.uk/women/mother-tongue/11599311/Wi-Fi-is-not-harming-our-chidren-heres-the-evidence.html

http://www.iflscience.com/technology/no-wi-fi-does-not-cause-cancer/


Ou, pelo menos, a opinião da OMS:
http://www.who.int/peh-emf/publications/facts/fs304/en/

As redes Wi-fi não lhe apresentam mais perigo que o campo magnético natural da Terra. Por isso, se estas se lhe fazem mal, a única coisa a dizer é que nasceu no planeta errado.

Anónimo disse...

Depois não venha com o discurso dos direitos humanos e tal, eu sei que muita gente nasceu no planeta errado. O erro ético de impôr aos outros algo que eles dispensam, é isso mesmo, um erro insanável.

Porque será que as microondas estavam naturalmente filtradas do nosso ambiente à superfície da Terra? Pior do que ser-se categórico é ser-se burro.

Escolhendo entre Média conhecidos pelas suas "fake news" e conhecedores independentes das matérias, prefiro estes últimos, a História prova como acabam sempre por ter razão. A ciência é sempre a última a reconhecer seja o que for. Não vai querer que eu lhe dê exemplos anteriores embaraçosos, vai?

Deixe lá, em breve o Modelo do Universo Eléctrico vai reinar e terá de engolir as danos do Wi-fi, do mesmo modo que vai engolir a homeopatia.

Anónimo disse...

Ah, é um daqueles membros do culto do Universo Eléctrico... Isso teria poupado muita conversa. Ao menos está explicada a sua preferência por notícias falsas e excessivamente dramáticas.

Anónimo disse...

De facto tenho que mudar a minha descrição: se acredita que as Wi-fi lhe fazem mal e que o Universo Eléctrico reina, então não est+a apenas no planeta errado. Está mesmo no Universo errado. O pior para si é que as Leis da Física estão a borrifar-se para as suas convicções, e as redes Wi-fi continuam a não representar perigo, tal como o Universo não é regido a largas escalas por forças eléctricas.

Anónimo disse...

Sim, o organismo não é movido por frequências e forças eléctricas. A gravidade, a força mais fraca de todas explica e rege o Universo... não me faça rir! Big Bang, prepare-se para mudar de Universo.

Anónimo disse...

Quando tiver umas aulas de Física de 10º ano, pode falar à vontade desses assuntos. Até lá, deixe as ideias do seu culto numa gaveta.

Quanto à gravidade, é muito simples: ao contrário das forças nucleares, é de longo alcance. E ao contrário da forma EM, acumula com a distância. Um aluno do Ensino Secundário conseguiria explicar-lhe isso. Mas malta do Universo Eléctrico não chega assim tão longe na educação em ciência...

Continua a ser verdade: as redes Wi-fi não representam perigo físico, e o Universo Eléctrico é uma treta. Quando quiser contestar, apresente provas.

Anónimo disse...

As provas pululam por aí, basta acompanhar as consistentes previsões dos cientistas que estão a trabalhar no Modelo do Universo Eléctrico. Mas entendo, a "matéria negra" não o deixa ver, não é? Quanta tolice é preciso para considerar científico algo designado por "matéria negra", etc? É electricidade no Espaço, por todo o lado!

Anónimo disse...

Tenho pena de si, cego com as crenças que foi acumulando. É o reflexo daquilo em que a ciência se tornou, manipulada por fundos e comités, uma ciência que se estabelece como dogma, contra a natureza básica da descoberta científica. Os dados não apoiam as conclusões que se insiste em tirar, porque, ai de quem diga o contrário! Massaje lá esses neurónios com este artigo, as evidências acumuladas não lhe dão outra saída, senão ir-se habituando à ideia:

Jun 21, 2018
Electricity moves the Universe.
https://www.thunderbolts.info/wp/2018/06/20/against-the-wind-2/

Anónimo disse...

Crenças? Eu fui o único nesta conversa que mostrou um estudo a suportar a minha posição, ao contrário de opiniões da treta.

Senão, mostre as contas. Qual é a carga do Sol? Qual é a carga da Terra? Qual é a força eléctrica a atraí-los? Prosa é a única coisa que o seu culto tem, já que se recusam a fazer previsões. Até, estão no mesmo saco que a Terra Plana e a Lua Oca.

Vá lá ter as suas aulas de ensino secundário, e depois tenha a epifania de que esse culto nada mais é do que um grupo de pessoas a extorquir dinheiro a quem as apoia para não fazerem nada com ele.

Anónimo disse...

Dá ideia que o meu último comentário não foi aprovado, por isso cá vai mais uma tentativa:

Crenças? Eu fui o único que justificou as afirmações até agora. Você é que só apresenta prosa, e zero de provas.

Mas elucide-nos então com o seu grande saber: qual é a carga do Sol? Qual é a carga da Terra? Qual a força eléctrica entre os dois?

Se se recusar a responder, só vai estar a comprovar o estatuto de culto dessas ideias.

Anónimo disse...

LOL !!!
Mas é que vos disse que essas perguntas são pertinentes?
Eu já deixei o site onde podem acompanhar as previsões futuras e as já feitas, bem como os 'papers' relacionados. Por exemplo, a ideia do Sol ser termonuclear está totalmente desprovada. Mas sobretudo não acusem os outros do culto que vocês propagam todos os dias, e pelo qual vos pagam, ao ignorarem as descobertas que vos ultrapassam.

Anónimo disse...

Ora pronto. Ficou provado que é um culto. Uma pergunta tão simples, directa e pertinente, e nem sequer tentou responder.

Obrigado. Acabou de provar sem qualquer sombra de dúvidas que esse conjunto de aldrabões não vale nada. (Se não estiver convencido, pode sempre tentar responder às perguntas, tão fáceis que são) Pelo menos comparado com cientistas, já que se aprende no 7º (?) ano a calcular a força gravítica entre a Terra e o Sol. Já nem Ensino Secundário é, precisa mesmo é de rever o Básico.

A não ser que ache que isso seja assim TÃO complexo que não se perceba numa caixa de comentários, fico à espera que escreva os cálculos. A não ser que esteja pronto a admitir o estatuto de culto do Universo Eléctrico (coisa que já fez, mas apenas estaria a confirmar).

Se a pertinência não o atinge, eu explico: calcule a força eléctrica a atrair o Sol e a Terra, para se comparar com a força gravítica. Acho que a pertinência é óbvia, para quem defende a ideia tão "fora da caixa" que a primeira deve dominar a tão grandes escalas...

Anónimo disse...

Diga isso aos cientistas que o provam errado, não fuja deles insultando pessoas como eu. Devia saber que a ciência não é um conjunto de tricas pessoais. Acompanhe os factos e saberá que a gravidade não pode explicar a estabilidade do sistema solar, por exemplo. Está a ser idiota e a fechar a sua inteligência ao culto dos que se dizem abertos ao conhecimento científico mas, que invariavelmente têm a ciência como algo estabelecido. Incongruente, no mínimo! O pior é o grau de satisfação com as explicações e a lógicas convencionadas.
Disse... e não volto a repeti-lo aqui.

Anónimo disse...

Mais uma vez, o estatuto de culto do Universo Eléctrico fica comprovado. Nem sequer sabe dizer a força que liga o Sol e a Terra.

É engraçado. Até a um nível de 7º de escolaridade se consegue fazer isso. Mas a malta do Universo Eléctrico não. Se calhar não prestaram atenção às aulas e por isso saíram assim...

Pense nisto: quando nem sequer a mais óbvia questão de o que liga o Sol à Terra tem uma resposta clara e óbvia, o que é que esse culto pode ter para oferecer?

Vou experimentar de novo: Faça como os cientistas, e mostre qual a força eléctrica entre a Terra e o Sol. Tal é a ÚNICA maneira de provar em definitivo que esta domina (ou não) face à gravítica. Pode fazer toda a prosa que quiser, mas a ciência funciona baseada em provas, não em discursos, como fazem os cultos.

"A escola pública está em apuros"

Por Isaltina Martins e Maria Helena Damião   Cristiana Gaspar, Professora de História no sistema de ensino público e doutoranda em educação,...