(Luiz Vaz de Camões)
Em resposta ao comentário anónimo (30/05/2918 às 13.57), publicado no meu meu post
da véspera, intitulado “Há lagrimas
espremidas…", começo por evocar a memória
de meu avô materno José Pereira da Silva, presidente da Câmara Municipal do
Porto (1925) num tempo em que esse
honroso desempenho estava, apenas, ao
alcance de personalidades de alto destaque cultural e social e, hoje, se fica dever ao agitar frenético de bandeiras
partidárias por parte de uma juventude que vê nisso a forma de subir na vida, num
abrir e fechar de olhos, a maior parte das vezes, sem honra e mérito.
Pela sua participação
fracassada na Revolução do Porto (1927), foi José Pereira da Silva, escassos dias após, deportado político para uma inóspita Angola, em que o paludismo, e
outras doenças tropicais, ceifava vidas como quem ceifa searas de trigo, apenas
com a roupa que vestia e com as
algibeiras vazias de dinheiro, obviamente, das modernices dos actuais “offshores”,
“em que se esconde o equivalente a um
quinto da riqueza produzida” (“Jornal de Economia”, 19/09/2017). Foi ele um idealista que morreu na pobreza por tudo ter sacrificado
em prol da política: família, posição social, fortuna.
Não pela sua posição social de destaque
que não possuo e fortuna inicial ainda menos,
encontro, todavia, razão para a minha luta em citação do escritor Milan Kundera, que
abandonou o Partido Comunista Checo por discordância: “A luta do homem contra o poder é a luta da memória contra o
esquecimento”.
Em minha vida de octogenário, encontro no baú das coisas impressas em letra de forma, uma forma de luta quixotesca, reconhecida por um grande amigo de meus tempos de Moçambique, Augusto Cabral, depois independência desse território, director do Museu Álvaro de Castro de Moçambique/Maputo e professor universitário desta urbe, falecido anos atrás, que, em prefácio ao meu livro “Sem contemporizar” (1972), escreveu: “Defesa essa em que ele tem sido intransigente, mesmo quando fica sozinho e luta até ao último alento até quando lhe falta o apoio daqueles que sobre estes assuntos se deveriam pronunciar e o não fazem, limitando-se a colher benefícios, quando os há, da luta que ele tem travado”.
Em minha vida de octogenário, encontro no baú das coisas impressas em letra de forma, uma forma de luta quixotesca, reconhecida por um grande amigo de meus tempos de Moçambique, Augusto Cabral, depois independência desse território, director do Museu Álvaro de Castro de Moçambique/Maputo e professor universitário desta urbe, falecido anos atrás, que, em prefácio ao meu livro “Sem contemporizar” (1972), escreveu: “Defesa essa em que ele tem sido intransigente, mesmo quando fica sozinho e luta até ao último alento até quando lhe falta o apoio daqueles que sobre estes assuntos se deveriam pronunciar e o não fazem, limitando-se a colher benefícios, quando os há, da luta que ele tem travado”.
Injustiça minha (vade
retro Satanas!) seria não relevar os numerosos comentários de apoio que
tenho recebido relativamente a uma causa que gostaria não perdida pela justiça
que encerra e moralidade de que se faz voz. Não o faço, ou farei, em nome dessa solidariedade sempre presente que muito me
contenta e apraz registar.
Na intenção de se perpetuar no poder através de votos nas
eleições que se avizinham, António Costa para obter uma maioria que lhe permita governar sem uma “geringonça” a
desconjuntar-se e a chiar por todos os lados, no Congresso do Partido Socialista do mês
passado, desfez-se em promessas para com a juventude - sem uma palavra de estímulo ou apoio a velhos, doentes ou deficientes por saber que muitos deles não votam por dificuldade em se deslocarem às mesas de voto - sendo
longamente aplaudido por ela, por fezada em, num próximo
futuro radioso de alvoradas de esperança, tomar em suas mãos o leme do destino deste país onde a falta de emprego
será substituída por uma profissão bem
remunerada (apesar de lamúrias que se ouvem por aí), até que reformas, obtidas num abrir e fechar
dos olhos, os recompense do serviço a
uma vida de sacrifícios como, v.g., terem refeições no luxuoso restaurante da Assembleia da
República em preço de saldo de fim de verão. Tudo isto em nome do povo num
hemiciclo de tentações demoníacas em que,
por vezes, mais do que servirem o
país dele se servem, com escândalos que
enchem de manchetes os jornais diários pelo aumento, por vezes, escandaloso e não justificado dos seus proventos. Bem dita
liberdade de imprensa!
Por depositar grandes esperanças numa presidência de afectos,
com ingenuidade que a minha idade desaconselhava, mas que a recordação do final feliz das histórias
infantis em que o mal é sempre castigado e os bons recompensados justificava,
escrevi um artigo de opinião, intitulado “Carta Aberta ao Presidente da
República” (“Diário as Beiras”, 26/10/2017), com o seguinte desfecho: “Finalmente, por considerar que se trata de importantes questões de natureza
social, por atingir pessoas velhas e doentes, por vezes, em situação em que, como sói dizer-se, se vão
os anéis para ficarem os dedos, ‘no uso da licença e liberdade de quem não
pede favor senão justiça’, como foi
hábito de vida do padre António Vieira, submeto-as, como ultima ratio, à consideração de Vossa Excelência”.
Respeitosamente. Rui Baptista.”
Passados dias, em mera hipótese, por os serviços
burocráticos de apoio à Presidência da República terem assumido o simples papel de caixa de correio, recebi
um ofício da ADSE, assinado pelo respectivo presidente, Liberato Baptista, qual
raposa a tomar conta do galinheiro, endossando-me para a leitura da medida legislativa em que
justificava a sua razão ou sem razão, como se eu, porque desabilitado
de um “valioso diploma” das Novas Oportunidades,
ainda que só para fins meramente estatísticos que nos coloque, em pós de
perlimpimpim, a par da literacia de outros países mais avançados da Comunidade
Europeia, não tivesse bestunto bastante para a interpretar e aceitar a sua retroactividade
Ou ele não compreendeu, ou fez-se desentendido, que a minha
petição se destinava à alteração do conteúdo que expulsava antigos familiares
de titulares numa altura em que a ADSE, sob a sua tutela directa procedia,
dia-sim-dia-não, a mudanças sucessivas legislativas, dando o dito por não dito e o não dito por
dito, em procura de nova clientela cheia
de saúde e estaleca que lhe voltasse a encher os cofres arruinados por uma má
gestão que o obrigou ao respectivo pedido
de demissão. Vá lá a gente entender esta gentinha!
P.S.: Ao
leitor que possa, porventura, estar interessado em visitar a fonte da minha evocação a meu avô, poderá
fazê-lo no meu post “In memoriam de
José Pereira da Silva e sua participação na Revolução do Porto de 25 de
Fevereiro de 1927” (“De Rerum Natura”, 18/06/2012).
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