Por A. Galopim de Carvalho.
E vamos fazê-lo porque as propriedades ópticas, magnéticas e químicas dos 17 elementos químicos incluídos nestas “terras”, ou seja, nestes óxidos, são fundamentais para, como já está a acontecer, darmos este salto tecnológico que nos maravilha e, ao mesmo tempo, nos assusta.
Um parêntese para lembrar que a descoberta do oxigénio, nos primeiros anos da década de 70 do século XVIII, pelo inglês Joseph Priestley (1733-1804), em 1772 e, separadamente, pelo sueco Carl Wilhelm Scheele (1741-1786), em 1774, levou a que a composição química das rochas passasse a ser expressa em óxidos e que estes pioneiros da Química davam o nome de “terras” a esses óxidos de metais.
Estes 17 elementos têm aplicações nas chamadas tecnologias verdes, nas bio e nanotecnologias, na agora tão falada inteligência artificial, na medicina, na robótica, na indústria aeroespacial, nas telecomunicações, equipamentos militares, entre outras. Vistos sob um outro ângulo, eles são essenciais para assegurar a sustentabilidade, entendida como o equilíbrio entre a disponibilidade dos recursos naturais e o seu uso pela sociedade, tentando aliar o uso dos recursos naturais e a conservação da natureza. Aliança difícil senão, mesmo, impossível numa sociedade desenvolvimentista como é a que estamos a viver.
As novas tecnologias, muitas e sempre a surgirem, podem libertar-nos da queima de combustíveis fósseis, sendo, portanto, essenciais à transição energética e à chamada revolução digital. Sendo vitais para o desenvolvimento económico da sociedade, a procura dos minerais que contêm estes 17 elementos químicos tornou-se uma prioridade e o seu abastecimento está longe de ser assegurado, dada a dificuldade da sua extracção e, ainda, por motivos geopolíticos, como os que já estão, de forma bem visível, nos últimos anos, a “virar do avesso”, de forma inexorável, a cena mundial liderada, sobretudo, pela China.
Com efeito, dados tornados públicos pelos Serviços Geológicos dos EUA, a China detinha, já em 2019, mais de 60% da produção mundial de terras-raras. Segundo outras fontes, este gigante asiático alcançava cerca de 95% da sua refinação, razões pelas quais está na vanguarda deste sector decisivo da sociedade e explica a competição a que se assiste entre a chamadas grandes potências mundiais.
Na imagem: cristal de monazite um dos minerais (o mais conhecido) das terrras-raras, de que falarei num próximo post.
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