Metade do Nobel da Química deste ano premiou dois cientitas da DeepMind (grupo da Google), que descobriram estruturas de proteínas usando IA. Falei várias vezes das proezas da DeepMind nas minhas crónicas dominicais sobre IA no Correio da Manhã. Esta, por exemplo, tem mais de um ano:
DeepMind é uma empresa do grupo da Google, sedeada em Londres, que desenvolve sistemas de inteligência artificial (IA). Criou um programa, o AlphaZero, para jogar xadrez, Go e outros jogos, que consegue, dadas as regras, tornar-se campeão após um curto treino competindo consigo mesmo.
O seu admirável poder foi
demonstrado quando, em 2017, venceu a máquina de jogar xadrez mais poderosa do
mundo, o Stockfish: em cem jogos, ganhou 28 e empatou 72, isto é, não
perdeu nenhum. Demorou apenas quatro horas a aprender xadrez até se tornar,
embora não oficialmente, «campeão do mundo». Este feito passou-se 20 anos
depois de um supercomputador da IBM, o Deep Blue, ter batido à tangente
o então campeão do mundo, o russo Garry Kasparov: em seis jogos, a máquina
ganhou dois, empatou três e perdeu um. Os progressos do xadrez computacional
são tais que hoje uma aplicação de telemóvel bate qualquer amador. A mim, pelo
menos, ganha.
Os grandes-mestres da modalidade
reconhecem que o novo programa tem uma capacidade verdadeiramente sobre-humana.
Kasparov declarou: «o xadrez foi abalado nos seus fundamentos pelo AlphaZero».
O norueguês Magnus Carlsen, actual campeão do mundo, diz que não joga contra
computadores pois «perde sempre e não há nada mais deprimente».
O xadrez computacional é apenas
uma das muitas aplicações da IA. Hoje ela está por todo o lado, desde o motor
de pesquisa da Google aos algoritmos da Amazon, Netflix
e Facebook. Está também na saúde, conseguindo melhores diagnósticos
de certas doenças do que os médicos especialistas.
A DeepMind inventou um
outro sistema, o AlphaFold, capaz de prever o modo como as proteínas –
máquinas-ferramentas da vida – se enrolam, um problema muito difícil e muito
importante em biologia. Foi a descoberta do ano 2021 para a revista Science e
prevê-se que proporcionar novos fármacos.
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