quarta-feira, 23 de outubro de 2019

O ENSINO TÉCNICO LUSO-BRASILEIRO


Meu artigo de opinião saído hoje no "Diário as Beiras":

“A escola única  é uma ficção,  um igualitarismo funcional que nada tem a ver com a igualdade” (Jean-Luc Méllanchon, antigo ministro francês da Educação Vocacional, 2000-2002).


Acabo de ler um texto publicado por Rui Leão Martinho, director de Cadernos de Economia, Julho/Setembro 2019, em que é feita a seguinte crítica: “Incompreensível que ainda não tenha sido assumido com vontade e determinação o ensino técnico-profissional que tanta falta tem feito desde que foi descontinuado por razões meramente políticas”.

Em arrimo a esta opinião, anos atrás, deparei-me com o post, “Cursos técnicos x bobagens académicas, publicado no blogue brasileiro, “Boteco Escolar - Ensaios sobre o uso de blogs em educação” que transcreveu o meu post, "O Deputado Paulo Rangel, Canudos e Desemprego”(“De Rerum Natura”, 22/04/2012).

Nessa transcrição, lê-se: “Dias atrás, dois amigos me contaram as bobagens que certos académicos andam fazendo com o ensino técnico no Brasil. A bobagem maior é a de oferecer muita teoria, esvaziando o conteúdo técnico dos cursos. Eu precisaria de mais informações para analisar com cuidado o que está acontecendo. Mas, acho que o texto sobre o assunto, escrito em Portugal, no blog “De Rerum Natura”, oferece um bom quadro daquilo que meus amigos me contaram. A matéria é escrita pelo educador Rui Baptista que achei por bem reproduzir”..

Deveras honrado e sensibilizado com o interesse que este meu post despertou no país -irmão, publiquei um novo post, titulado “Cursos técnicos e bobagens académicas” (“De Rerum Natura”, 15/05/2012), merecedor de vários comentários, um deles, da autoria de um brasileiro, Jarbas Novelino Barato, que vim a saber tratar-se de uma personalidade detentora do mestrado em tecnologia educacional pela “San Diego State University” e doutorado em Educação pela Unicamp, professor da Universidade São Judas Tadeu com especialização em educação profissional numa prática de mais de trinta anos no “Senac” São Paulo.

Em outro artigo, a enviar para publicação neste jornal, reproduzirei esse comentário demonstrativo de uma analogia de dislates revolucionários que extinguiram  o ensino liceal e  o ensino técnico criando, em seu lugar,  uma escola única denominada secundária em vassalagem, como escreveu Guilherme Valente (2003), “à doutorice do diploma, a que quase sempre não corresponde nada”.

Exemplos desse ensino profissional de indiscutível qualidade a Escola Avelar Brotero desta cidade e a Escola Industrial Mouzinho de Albuquerque de Lourenço Marques. Aqui falo por experiência própria por ter leccionado 18 anos nesta escola que dispunha de oficinas excelentemente apetrechadas e corpo docente, professores e mestres oficinais, especializado nas matérias teóricas e práticas  ensinadas.

Em preito de comovente homenagem, no “site” da Escola Industrial de Lourenço Marques, um seu antigo aluno escreveu em texto dirigido a seus filhos: “Naturalmente, no respeitável corpo docente, que ao longo dos anos, leccionou na nossa Escola, nem todos conseguiram ser populares, mas fazendo questão de realçar a respectiva competência, todos contribuíram, de uma forma ou outra, para a nossa formação, quer como estudantes, quer como cidadãos”.

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