É já esta quinta e sexta-feira que o Pavilhão do Conhecimento recebe a grande conferência internacional Light, from the earth to the stars, organizada pela Ciência Viva e pela Academia Europaea - Barcelona Knowledge Hub.
O papel da luz nos nossos dias e a sua ligação com a arte, a ciência, a tecnologia, as comunicações ou a história serão discutidos por um painel de investigadores, artistas e empresários portugueses e estrangeiros.
Desde o fotão, que o investigador do CERN Álvaro de Rújula chama "a partícula da vida", até ao satélite Hipparcos da ESA que mapeou mais de 100 000 estrelas, passando pelas células solares e LEDs de baixo custo que mudarão a forma como iluminamos as nossas casas e a vida nos países emergentes, todo um arco-íris de temas se abre à nossa curiosidade.
De que forma a luz deu origem à vida, como é que a natureza comunica através da bioluminescência e de que forma a arte faz uso da luz, serão outras questões que irão iluminar estes dois dias de discussão viva e aberta.
Reserve já o seu lugar em www.cienciaviva.pt
terça-feira, 30 de junho de 2015
OS MARCIANOS SOMOS NÓS - INTRODUÇÃO
Trancrevo a Introdução do livro "Os Marcianos somos nós" de Nuno Galopim, que acaba de sair na colecção Ciência Aberta na Gradiva:
Creio que o meu interesse por Marte terá começado com Carl Sagan. Num episódio da série Cosmos,
que ele concebeu e apresentou, a sua grande nave da imaginação caminhava sobre o Valles Marineris, ao som da suite Os Planetas, de Gustav Holst. Sagan dava então conta de uma história feita de ligações entre o mundo real que a ciência vai descobrindo e o mundo imaginário que há muito ali tínhamos sonhado (e continuamos a sonhar). Num episódio centrado no Planeta Vermelho, tanto evocava as observações de Percival Lowell no seu observatório em Flagstaff, no Arizona, ou nas (então) recentes revelações das duas sondas Viking, como lembrava as histórias de invasores criadas por H. G. Wells em A Guerra dos Mundos ou o mundo de aventuras tendo John Carter por protagonista, que Edgar Rice Burroughs inventara com cenário em Barsoom, o nome ficcionado que em 1912 deu ao quarto planeta do sistema solar, no qual falou, entre outros povos, de homens verdes, nascendo aí uma das mais célebres ideias da representação do que poderiam ser os marcianos, que assim quase usurparam uma cor de pele antes já referida entre gnomos e outros seres imaginários de histórias do folclore de várias culturas ocidentais (note‑se que a pele verde não seria nunca um exclusivo marciano e foi frequentemente atribuída pela literatura e cinema a outros povos alienígenas igualmente ficcionados).
Sagan sublinhava nesse episódio como tinham sido estas aventuras entre John Carter, a princesa Dejah Thoris e os gigantes e verdes tharks que o levaram a desenvolver um encanto especial por Marte, que acabaria por guiar boa parte do seu trabalho como astrofísico. Para contar a história de Marte é por isso importante juntar os factos que a ciência tem observado e interpretado não só às antigas mitologias mas também às numerosas histórias de ficção que, sobretudo a partir do século xix, usaram esse planeta para falar de lugares e seres exóticos, lançar utopias, temer invasores, respirar o fulgor das aventuras, acreditar na força da tecnologia que nos pode lá levar um dia (e mesmo permitir habitar a sua superfície) ou lançar o debate ético sobre se devemos ou não agir sobre o seu ambiente com vista à sua eventual adaptação às nossas exigências biológicas. No fundo, e como sempre em ficção científica, usámos Marte para falar de nós, do nosso mundo e dos nossos desejos e medos. Entre a literatura, o cinema e a música, inventámos, para além da ciência — mas sempre tendo em atenção a história das suas descobertas — um mundo que ainda não visitámos. Mas que nos habituámos assim a conhecer.
Ao longo destas páginas cruzamos as várias narrativas, notando como a ficção científica se foi sempre adaptando e reinventando à medida que a ciência trazia, primeiro, novas observações e, depois, conclusões baseadas nelas.
Não se trata de uma história da exploração científica e tecnológica de Marte. Nem de uma abordagem do foro da crítica literária à muita (e muitas vezes bem interessante) ficção científica que se foi escrevendo. Os filmes e discos que aqui se evocam juntam‑se aos livros escolhidos entre uma vasta literatura «marciana» e também aos dados colhidos pela ciência para, acima de tudo, assinalar como evoluiu a nossa representação de Marte e como fomos tomando este planeta como cenário para falar do que somos, do que nos seduz ou nos assusta e do que queremos ou não queremos ser.
Nuno Galopim
Creio que o meu interesse por Marte terá começado com Carl Sagan. Num episódio da série Cosmos,
que ele concebeu e apresentou, a sua grande nave da imaginação caminhava sobre o Valles Marineris, ao som da suite Os Planetas, de Gustav Holst. Sagan dava então conta de uma história feita de ligações entre o mundo real que a ciência vai descobrindo e o mundo imaginário que há muito ali tínhamos sonhado (e continuamos a sonhar). Num episódio centrado no Planeta Vermelho, tanto evocava as observações de Percival Lowell no seu observatório em Flagstaff, no Arizona, ou nas (então) recentes revelações das duas sondas Viking, como lembrava as histórias de invasores criadas por H. G. Wells em A Guerra dos Mundos ou o mundo de aventuras tendo John Carter por protagonista, que Edgar Rice Burroughs inventara com cenário em Barsoom, o nome ficcionado que em 1912 deu ao quarto planeta do sistema solar, no qual falou, entre outros povos, de homens verdes, nascendo aí uma das mais célebres ideias da representação do que poderiam ser os marcianos, que assim quase usurparam uma cor de pele antes já referida entre gnomos e outros seres imaginários de histórias do folclore de várias culturas ocidentais (note‑se que a pele verde não seria nunca um exclusivo marciano e foi frequentemente atribuída pela literatura e cinema a outros povos alienígenas igualmente ficcionados).
Sagan sublinhava nesse episódio como tinham sido estas aventuras entre John Carter, a princesa Dejah Thoris e os gigantes e verdes tharks que o levaram a desenvolver um encanto especial por Marte, que acabaria por guiar boa parte do seu trabalho como astrofísico. Para contar a história de Marte é por isso importante juntar os factos que a ciência tem observado e interpretado não só às antigas mitologias mas também às numerosas histórias de ficção que, sobretudo a partir do século xix, usaram esse planeta para falar de lugares e seres exóticos, lançar utopias, temer invasores, respirar o fulgor das aventuras, acreditar na força da tecnologia que nos pode lá levar um dia (e mesmo permitir habitar a sua superfície) ou lançar o debate ético sobre se devemos ou não agir sobre o seu ambiente com vista à sua eventual adaptação às nossas exigências biológicas. No fundo, e como sempre em ficção científica, usámos Marte para falar de nós, do nosso mundo e dos nossos desejos e medos. Entre a literatura, o cinema e a música, inventámos, para além da ciência — mas sempre tendo em atenção a história das suas descobertas — um mundo que ainda não visitámos. Mas que nos habituámos assim a conhecer.
Ao longo destas páginas cruzamos as várias narrativas, notando como a ficção científica se foi sempre adaptando e reinventando à medida que a ciência trazia, primeiro, novas observações e, depois, conclusões baseadas nelas.
Não se trata de uma história da exploração científica e tecnológica de Marte. Nem de uma abordagem do foro da crítica literária à muita (e muitas vezes bem interessante) ficção científica que se foi escrevendo. Os filmes e discos que aqui se evocam juntam‑se aos livros escolhidos entre uma vasta literatura «marciana» e também aos dados colhidos pela ciência para, acima de tudo, assinalar como evoluiu a nossa representação de Marte e como fomos tomando este planeta como cenário para falar do que somos, do que nos seduz ou nos assusta e do que queremos ou não queremos ser.
Nuno Galopim
LUZ INVISÍVEL
Texto primeiramente publicado na imprensa regional portuguesa.
Em 1801, o físico alemão Johann Wilhelm
Ritter investigou
o outro lado do espectro visível e
detectou a existência do que ele chamou de "raios químicos" (raios de
luz invisíveis que provocavam reações químicas). Estes raios comportavam-se de
forma semelhante aos raios de luz violeta visíveis, mas estavam para além deles
no espectro. O termo "raios químicos" foi posteriormente mudado para radiação ultravioleta. A luz ultravioleta, tal
como outros tipos de radiações, é emitida pelo Sol. Mas é absorvida pela
atmosfera, excepto no famoso “buraco de ozono” na Antártida.
Há mais luz
para além da luz visível. Para além do arco-íris, há muita mais luz que é
invisível aos nossos olhos.
A luz solar
influenciou e permitiu o desenvolvimento da vida tal qual a conhecemos no
planeta Terra. A vida adaptou-se ao intervalo de energias em que a radiação
emitida pelo Sol é mais intensa. A evolução dos olhos, iniciada há cerca de 560
a 520 milhões de anos durante o Câmbrico (caracterizado por uma intensa
revolução na vida na Terra em que se formaram quase todos os grandes grupos de
animais), permitiu aos seres vivos detectar essa luz solar, torná-la um sentido
visível e receber muita informação sobre o meio envolvente. Permitiu aos seres
que desenvolveram olhos localizar predadores e prezas à distância, evitar
obstáculos, potenciar uma ágil mobilidade.
À luz solar
a que os nossos olhos são sensíveis e que está belamente resumida no arco-íris,
chamamos naturalmente luz visível. Mas esta constitui um
pequeno intervalo no largo espectro de luz (ou radiação electromagnética) que
hoje conhecemos e detectamos científica e tecnologicamente.
A zona visível do espetro, compreendida entre o
vermelho e o violeta, situa-se entre o infravermelho (invisível, de frequência ou
energia menor que a radiação visível) e a luz ultravioleta (também invisível,
mas de frequência ou energia mais elevada que a radiação visível). Diga-se que
frequência é o número de repetições, ou ciclos, da onda por unidade de tempo. Os
cientistas descobriram que há uma relação proporcional entre a frequência e a energia:
quanto maior a frequência de uma dada radiação electromagnética (aqui
genericamente designada por luz) maior a sua energia.
Foi em 1800 que o físico inglês William Herschel
descobriu a luz infravermelha. Um termómetro colocado na zona invisível, perto
da zona vermelha do espetro visível, revelou uma nova radiação. Esta
experiência clássica expandiu o conhecimento para a existência de luz
invisível. A luz infravermelha é usada hoje, por exemplo, nos comandos da
televisão.
O espetro eletromagnético compreende ainda radiações
invisíveis de mais baixa frequência como as ondas de rádio, de televisão e as
micro-ondas – com aplicações nas telecomunicações - e de muito mais elevada
frequência, como os raios X e os raios gama – que têm aplicações médicas tanto
em diagnóstico como em terapia.
Os raios X foram descobertos em dezembro de 1895
pelo físico alemão Wilhelm Roentgen, quando estudava a passagem de correntes
elétricas em tubos cheios de determinados gases (tubo de Crookes). Essa
experiência foi repetida em Coimbra cerca de um mês depois, uma vez que os
instrumentos necessários (bobina de Ruhmkorff e o tubo de Crookes) existiam no
Laboratório de Física da Universidade de Coimbra.
Os raios gama foram descobertos em 1900 pelo químico e físico francês Paul Ulrich Villard, ao estudar
uma das propriedades do Urânio. Mas foi só em 1910 que o físico britânico
William Henry Bragg mostrou que essa forma de energia era realmente radiação
electromagnética muito energética. Por outras palavras, os raios gama são a luz
invisível que conhecemos com a frequência mais elevada.
Temos assim
e simplificadamente o espectro de luz que conhecemos no universo, distinguido
em regiões, ordenadas da menor para a maior energia: ondas de rádio,
micro-ondas, infravermelho, visível, ultravioleta, raios X e raios gama.
António Piedade
segunda-feira, 29 de junho de 2015
OS MARCIANOS SOMOS NÓS
|
domingo, 28 de junho de 2015
LUGARES PARA DEFICIENTES, GRÁVIDAS E VELHOS EM PARQUES DE ESTACIONAMENTO
"O dever é a necessidade de realizar uma acção por respeito pela ordem moral".
Emmanuel Kant
A imagem acima reporta-se a uma ocorrência de que se fez personagem involuntária um cidadão brasileiro (ao que me atrevo a pensar, capaz de correr os 100 metros planos) por ter estacionado a sua viatura num lugar destinado a deficientes.
Segundo Fernando
Pessoa, “o civismo é simplesmente o medo
agudo da opinião dos outros”. Por isso, perante o batalhão de assistentes que o receberam a tirar fotos dessa viatura
coberta de cartões azuis e brancos, não acredito
que ele não tenha jurado a si próprio não voltar a repetir a façanha. E se ao caso me refiro fica-se a
dever a situações de cidadãos portugueses useiros e vezeiros neste tipo de
esperteza saloia, por exemplo, em locais
de estacionamento do Coimbra Shopping .
Uma vez, quando era bem mais novo e, como tal, menos sujeito a que me partissem a cara pela mania de querer endireitar o mundo,
dirigi-me a um espertalhão, advertindo-o:
“O senhor desculpe mas este lugar destina-se a deficientes físicos e não a
deficientes mentais!” Em voz quase
inaudível ruminou ele impropérios, que
não me chegaram aos ouvidos sequer, afastando-se, embora eu acredite ter ele,
em outros dias, voltado ao mesmo local para
arrumar a viatura, a exemplo dos
criminosos dos livros policiais que se diz voltarem sempre ao local do crime.
Outra ocorrência
vulgar nestes locais é ver indivíduos do sexo masculino, ainda que viajando
sozinhos, estacionarem o automóvel em lugares destinados a grávidas, em declarada gravidez que não consta dos registos de maternidades de qualquer parte do mundo ou sequer dos
chamados fenómenos do Entroncamento. Ipso facto, serei eu obrigado a confessar não estar à la page com o que se virá a passar num futuro mais ou menos próximo em países
conservadores como a Velha Albion? Concedo que sim, a fazer fé na leitura da seguinte notícia:
“O médico britânico Robert Winston, um dos maiores especialistas em inseminação artificial da Grã-Bretanha, afirma que os homens podem engravidar e ter filhos. Winston diz que a Medicina evoluiu tanto nos últimos tempos, que já existem técnicas capazes de implantar um embrião no abdômen de um homem, possibilitando que ele tenha um filho, se for submetido a um tratamento à base de altas doses de hormônios femininos” (Jornal “O Dia”, Rio de Janeiro 24/02/99).
Pois é, incrédulo
leitor que, porventura, esteja a ler
esta notícia: a mim já nada me espanta desde que vi um porco a andar de
bicicleta e mulheres no circo com barbas de fazerem inveja ao nosso Guerra
Junqueiro! Mas não pense o leitor, que os actos de falta de civismo, a que se assiste diariamente nesses
locais, se quedam por aqui. Há corredores de acesso aos lugares de
estacionamento, uns num sentido, outros noutro sentido. Pois não é que, sempre
que um lugar está vago num corredor com a placa de acesso proibido, certos espertalhões, ou espertalhonas, avançam lampeiros por ele dentro em prejuízo do automobilista
cumpridor das regras de trânsito, sujeitando-se este, ainda por cima, a passar por parvo?
Ao contrário de
certos filmes que avisam o espectador que “qualquer
semelhança com a realidade é pura ficção”, garanto que este meu relato é a realidade dos factos que se pode transformar num filme do far west sem um alto e espadaúdo John Wayne que imponha
um mínimo de justiça em situações que correm o risco da força dos punhos se
fazer lei!
sexta-feira, 26 de junho de 2015
Delfim Santos Studies
Informação chegada ao De Rerum Natura.
É com enorme satisfação que os Editores da revista internacional Delfim Santos Studies anunciam a edição das Atas do Colóquio sobre Joaquim de Carvalho.
Os artigos estão disponíveis em versão digital aqui.
A edição em papel está disponível para venda aqui.
Algumas informações úteis sobre a DSS:
1. A Delfim Santos Studies é uma Revista Internacional consagrada ao estudo da "geração de ouro" dos anos 30 em Portugal, de que Delfim Santos foi indiscutivelmente um dos maiores expoentes. Deste modo, a DSS publicará textos sobre todos os autores, obras e temas pertinentes a este período da nossa história cultural, que atrai cada vez mais investigadores, quando Portugal, apesar do contexto desfavorável dos anos da Grande Depressão e depois da Guerra, conseguiu colocar-se efetivamente a par da Europa: em Medicina, a descoberta da angiografia e o primeiro Nobel português, a introdução no país das matemáticas modernas, do movimento psicanalítico, dos debates em torno da escola nova, o surgimento de trabalhos pioneiros nas ciências, nas artes, em engenharia, os anos de ouro do cinema nacional, ou a renovação literária do Segundo Modernismo (a geração da "presença"), etc.
2. A periodicidade da revista é anual. O próximo número está previsto para Dezembro de 2015. Neste momento está aberta a chamada de artigos para o próximo número.
3. As normas de edição da DSS podem ser encontradas aqui.
4. A DSS é uma publicação registada com ISSN, possui Conselho Científico e funciona em sistema de peer review. A par da edição online será disponibilizada uma versão em papel.
5. O próximo número reflete o lançamento da evocação dos 50 anos da morte de Delfim Santos, que decorrerá ao longo de 2016, tendo como tema principal o balanço da obra, pensamento e estudos de / e sobre o autor portuense.
6. As propostas de artigos são recebidas em fluxo contínuo e devem ser enviadas para: arquivodelfimsantos@gmail.com
É com enorme satisfação que os Editores da revista internacional Delfim Santos Studies anunciam a edição das Atas do Colóquio sobre Joaquim de Carvalho.
Os artigos estão disponíveis em versão digital aqui.
A edição em papel está disponível para venda aqui.
Algumas informações úteis sobre a DSS:
1. A Delfim Santos Studies é uma Revista Internacional consagrada ao estudo da "geração de ouro" dos anos 30 em Portugal, de que Delfim Santos foi indiscutivelmente um dos maiores expoentes. Deste modo, a DSS publicará textos sobre todos os autores, obras e temas pertinentes a este período da nossa história cultural, que atrai cada vez mais investigadores, quando Portugal, apesar do contexto desfavorável dos anos da Grande Depressão e depois da Guerra, conseguiu colocar-se efetivamente a par da Europa: em Medicina, a descoberta da angiografia e o primeiro Nobel português, a introdução no país das matemáticas modernas, do movimento psicanalítico, dos debates em torno da escola nova, o surgimento de trabalhos pioneiros nas ciências, nas artes, em engenharia, os anos de ouro do cinema nacional, ou a renovação literária do Segundo Modernismo (a geração da "presença"), etc.
2. A periodicidade da revista é anual. O próximo número está previsto para Dezembro de 2015. Neste momento está aberta a chamada de artigos para o próximo número.
3. As normas de edição da DSS podem ser encontradas aqui.
4. A DSS é uma publicação registada com ISSN, possui Conselho Científico e funciona em sistema de peer review. A par da edição online será disponibilizada uma versão em papel.
5. O próximo número reflete o lançamento da evocação dos 50 anos da morte de Delfim Santos, que decorrerá ao longo de 2016, tendo como tema principal o balanço da obra, pensamento e estudos de / e sobre o autor portuense.
6. As propostas de artigos são recebidas em fluxo contínuo e devem ser enviadas para: arquivodelfimsantos@gmail.com
CREME DE ALHO E PIMENTO ENCARNADO
Deliciosa receita que o Professor Galopim de Carvalho enviou ao De Rerum Natura.
(Para 4 adultos)
Para um litro de água, corte em pedaços um pimento encarnado de tamanho médio (depois de lhe retirar as sementes) e 4 dentes de alho.
Introduza esta mistura no copo da varinha mágica, junte 0,5 dl de bom azeite, uma pequena golada de água (para ajudar a operação) e reduza tudo a um batido muito fino.
Dilua o batido na restante água, juntamente com uma colher de sopa de maizena e leve-a ao lume a abrir fervura e engrossar. Sobre este caldo, logo que esteja a ferver, verta lentamente um ovo bem batido e mexa rapidamente com um garfo, a fim de fazer fios e obter um caldo cremoso e aveludado.
Tempere de sal (facultativo).
Junte, por fim, uma porção a gosto de coentro picado, com o propósito de aromatizar e alegrar o colorido.
Para que cada conviva se sirva na quantidade que desejar, coloque na mesa um recipiente com pequeninos (0,5 cm) cubos de pão frito.
Sempre que tenha cozido bacalhau, peixe ou marisco, aproveite a água da cozedura para confecionar este saboroso creme
Experimente usar pimento verde, amarelo ou cor de laranja.
Bom apetite e dias felizes!
(Para 4 adultos)
Para um litro de água, corte em pedaços um pimento encarnado de tamanho médio (depois de lhe retirar as sementes) e 4 dentes de alho.
Introduza esta mistura no copo da varinha mágica, junte 0,5 dl de bom azeite, uma pequena golada de água (para ajudar a operação) e reduza tudo a um batido muito fino.
Dilua o batido na restante água, juntamente com uma colher de sopa de maizena e leve-a ao lume a abrir fervura e engrossar. Sobre este caldo, logo que esteja a ferver, verta lentamente um ovo bem batido e mexa rapidamente com um garfo, a fim de fazer fios e obter um caldo cremoso e aveludado.
Tempere de sal (facultativo).
Junte, por fim, uma porção a gosto de coentro picado, com o propósito de aromatizar e alegrar o colorido.
Para que cada conviva se sirva na quantidade que desejar, coloque na mesa um recipiente com pequeninos (0,5 cm) cubos de pão frito.
Sempre que tenha cozido bacalhau, peixe ou marisco, aproveite a água da cozedura para confecionar este saboroso creme
Experimente usar pimento verde, amarelo ou cor de laranja.
Bom apetite e dias felizes!
Manuel Bandeira: Teadoro, Poesia
A estrela e o Anjo
Vésper caiu cheia de pudor na
minha cama
Vésper em cuja ardência não havia
a menor parcela de sensualidadeInsatisfeito de Deus.
A realidade e a
imagem
O arranha-céu sobe no ar puro lavado pela chuva
e desce refletido na poça de lama do pátio. Entre a realidade e a imagem, no chão seco que as separa,
quatro pombas passeiam.
A Lua
A proa reta abre no oceano
Um tumulto de espumas pampas.
Delas nascer parece a esteira Do luar sobre as águas mansas.
O mar jaz como um céu tombado
Ora é o céu que é um mar, onde a lua, A só, silente louca emerge
Das ondas-nuvens toda nua.
Lua Nova
Meu novo quarto
virado para o nascente:
meu quarto, de novo a cavaleiro
da entrada da barra.
Depois de dez anos de pátio
volto a tomar conhecimento da
aurora.
Volto a banhar meus olhos no
mênstruo incruento das madrugadas.
Todas as manhãs o aeroporto em
frente me dá lições de partir.
Hei de aprender com ele
a partir de uma vez
— sem medo,
sem remorso,
sem saudade.
Não pensem que estou aguardando a
lua cheia
— esse sol da demência
vaga e noctâmbula.
O que mais quero,
o de que preciso
é de lua nova.
Onda
a onda anda
aonde anda
a onda?
a onda ainda
ainda onda
ainda anda
aonde?
aonde?
a onda a onda
Satélite
Fim de tarde.
No céu plúmbeo
A lua baça
Paira.
Muito cosmograficamente
Satélite.Desmetaforizada,
Desmitificada,
Despojada do velho segredo de
melancolia,
Não é agora o golfão de cismas,
O astro dos loucos e enamorados,
Mas tão-somenteSatélite.
Ah! Lua deste fim de tarde,
Demissionária de atribuições românticas;Sem show para as disponibilidades sentimentais!
Fatigado de mais-valia,
gosto de ti, assim:
Coisa em si,
—Satélite.SUUM CUIQUE TRIBUERE
“Um dia, quando olhares para trás, verás que os dias mais belos foram aqueles em que lutaste” (Sigmund Freud).
Indo contra a
corrente que entende, ou mesmo defende, que a entrada de leão da Grécia, em despique com a troika e a Alemanha (ou vice-versa), lhe traria uma vitória estrondosa,
ocorre-me à lembrança o conselho de
um ditado português: "Com o teu amo não jogues às pêras, porque ele dá-te as verdes e come as maduras”.
Assim penso que a
gravidade do problema da Grécia (melhor, do povo grego), vítima de elevadíssima
corrupção e descontrolo governativo, não
se coaduna com o ar blasé e sorriso permanentemente despreocupado do respectivo primeiro-ministro,
Alex Tsiparas, quando se apresenta em
areópagos decisivos para o destino do
país, em perigo de bancarrota, como quem
vai a uma recepção oficial em dia festivo. E mais discordo da chantagem do género ou vocês, Comunidade Europeia, Alemanha e troika, cedem às nossas condições ou vamos bater às
portas de Moscovo…
Passado este (des)ajustado intróito, porque aos gregos o
que é dos gregos e aos portugueses o que é dos portugueses nativos de um país que ainda passa “as passas do Algarve” com a ameaça da espada de Dâmaclos do Fundo Monetário Internacional
(FMI), numa Europa vítima de uma política em que os países mais pobres se ajoelham
perante o trono de Rei Midas, ocupado pela chanceler alemã Angela Merkel, vou
tentar clarificar e fundamentar, mais detalhadamente, com exemplos concretos, o que pretendi denunciar no meu post “O Fundo Monetário Internacional e as Reformas de
Aposentação” (DRN, 15/06/2015).
Para evitar mal-entendidos, ou seja aquilo que podemos traduzir, ainda que um tanto
forçadamente, pela expressão francesa honny
soit qui mal y pense, desde já assumo
a minha identificação com uma direita democrática que não
ressumbre vestígios de ditadura que se
perdura contra a vontade do povo. Condição política essa que não me exime, no entanto, e por vezes, de ao falar com amigos da esquerda, lhes confessar: - “Eu é que pareço de esquerda e vocês de direita!” Tal o statu quo a que chegou a política portuguesa em que as
pessoas chegam a não saberem as águas
turvas da política em que navegam!
Concedendo que as
exigências do FMI são medidas inamovíveis, qual Rochedo de Gibraltar, vamos ao
cerne da questão no que tange aos cortes cegos, repito, cortes cegos, nas
pensões dos actuais aposentados. Recuemos a tempos em que os licenciados
ganhavam mais do que os bacharéis e o bacharéis, por sua vez, mais do que os diplomados com cursos médios, cifrando-se os escalões de vencimentos, respectivamente,
nas letra A, B e C da carreira docente. Evidentemente, que os descontos para a
Caixa Geral de Depósitos seguiam essa
linha gradativa, sendo menores para as
letras C e B e maiores para a letra A.
Tudo mudou! Em vésperas
de se reformarem os antigos diplomados com cursos médios, equiparados a bacharéis, para continuação de estudos, procuraram o
negócio de escolas superiores privadas
que escancararam as portas para venderem
licenciaturas “ignominia causa” (adjectivação com direitos de autor da minha pertença). Que
diacho, se há doutoramentos “honoris
causa” de toda a respeitabilidade, porque não atribuir a estas licenciaturas, embora de nenhuma respeitabilidade, o papel (ou mesmo pergaminho) de maná caído do céu aos pés dos respectivos usufrutuários?
E se assim o
pensarem, assim o fizeram para que lhe fossem oferecidas de bandeja reformas
idênticas aos licenciados, mas com um capital de descontos incomparavelmente
menor, como se uma conta bancária, de milhares de euros devesse dar os
mesmo juros de uma conta de escassos euros. E se tudo isto ainda fosse pouco, foi este statu quo agravado por a lei permitir a esses docentes bacharéis a
reforma aos 52 anos de idade e aos licenciados aos 56 anos, sem, por outro lado, qualquer benefício para os que se
reformaram aos 70 anos de idade empurrados à força para fora da função pública.
Como diria Teilhard Chardin, “o barbarismo da nossa época é ainda mais
estarrecedor pelo facto de tanta gente não ficar realmente estarrecida”.
Estarrecida por haver cortes cegos nas reformas dos actuais aposentados mais
idosos, e que mais descontaram para a sua reforma perante a resignação
de quem suporta tanta e tamanha injustiça.
Estes cortes mutatis mutandins, assemelham-se à accão de arrecadar impostos exemplificada por Jean-Baptiste Colbert: "O acto de tributar é idêntico ao depenar de um ganso, procurando obter o maior número de penas com a menor gritaria"! E assim, perante a apatia de uns tantos reformados, decorre o triste e insólito mundo das aposentações em Portugal em que tudo o que é legal nem sempre é moral!
Estes cortes mutatis mutandins, assemelham-se à accão de arrecadar impostos exemplificada por Jean-Baptiste Colbert: "O acto de tributar é idêntico ao depenar de um ganso, procurando obter o maior número de penas com a menor gritaria"! E assim, perante a apatia de uns tantos reformados, decorre o triste e insólito mundo das aposentações em Portugal em que tudo o que é legal nem sempre é moral!
quinta-feira, 25 de junho de 2015
ESTA É A EXCELÊNCIA DA FCT
Ler aqui os atrasos de uma FCT displicente, que zela muito pelos atrasos dos outros mas que não cuida de evitar os seus, mesmo quando eles prejudicam gravemente jovens em formação.
Porque é que o que se passa na Antártida é importante para ti?
Na próxima 3ª feira, dia 30 de Junho de 2015, pelas 18h00,"Porque é que o que se passa na Antártida é importante para ti?", com José Carlos Caetano Xavier, Biólogo Marinho, Investigador do MAR-CMA - Marine and Environmental Research Centre da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.
Esta palestra encerra o ciclo "À Luz da Ciência" dinamizado pelo Bioquímico António Piedade, que decorreu de Fevereiro a Junho de 2015.
Público-Alvo: Público em geral
ENTRADA LIVRE
SINOPSE DA PALESTRA:
A palestra pretende evidenciar, através de uma viagem à Antártida, a importância da ciência que é feita na Antártida no nosso dia-a-dia. Nesta palestra serão abordadas questões como as alterações climáticas, o degelo, o camada do ozono, o que vai acontecer aos pinguins e a relevância cientifica, política, diplomática e educacional desta parte do planeta. Serão ainda dadas respostas às seguintes questões: “Como a Antártida poderá influenciar o resto do planeta?”; “O que se passa lá pode afetar Portugal também? Se sim, como?”; “O que é que já se descobriu lá de importante?”
Esta palestra encerra o ciclo "À Luz da Ciência" dinamizado pelo Bioquímico António Piedade, que decorreu de Fevereiro a Junho de 2015.
Público-Alvo: Público em geral
ENTRADA LIVRE
SINOPSE DA PALESTRA:
A palestra pretende evidenciar, através de uma viagem à Antártida, a importância da ciência que é feita na Antártida no nosso dia-a-dia. Nesta palestra serão abordadas questões como as alterações climáticas, o degelo, o camada do ozono, o que vai acontecer aos pinguins e a relevância cientifica, política, diplomática e educacional desta parte do planeta. Serão ainda dadas respostas às seguintes questões: “Como a Antártida poderá influenciar o resto do planeta?”; “O que se passa lá pode afetar Portugal também? Se sim, como?”; “O que é que já se descobriu lá de importante?”
Para mais informações: ccvromulocarvalho@gmail.com
ALGUNS MISTÉRIOS DA LUZ
Na próxima 6ª feira, dia 26 de Junho de 2015, pelas 21h15, o Prof. Doutor José António Paixão, do Centro de Estudos da Difracção dos Raios X da Universidade de Coimbra, vem ao RÓMULO - Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra falar-nos de "Alguns Mistérios da Luz".
Inserida no Projecto Quark! - Escola de Física para Jovens (http://quark.fis.uc.pt/), este ano 2015 dedicado ao tema "Ano Internacional da Luz", esta conferência é a que encerra a Escola Quark! 2015.
Público-Alvo: Alunos do ensino secundário e público em geral
Entrada livre
quarta-feira, 24 de junho de 2015
O FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL E AS REFORMAS DE APOSENTAÇÃO
Meu artigo de opinião saído hoje no "Público":
“Os velhos são os verdadeiros rebeldes”.
Miguel Esteves Cardoso
Num tempo em que voltam a pairar nuvens negras sobre a
economia nacional com o Fundo Monetário Internacional (FMI) a assestar baterias
para a necessidade do “controle da massa
salarial e despesa com as pensões” (PÚBLICO; 13/06/2015), foram os portugueses defrontados, por um lado, com declarações apocalípticas da ministra das
Finanças, que puseram os actuais
aposentados em polvorosa, e, por outro
lado, com esperança renascida por
possíveis soluções vindas do Partido Socialista para evitar uma hecatombe nas suas bolsas num país devoto de milagres de
Santo António.
E assim, muito se disse, escreveu e polemizou sobre
declarações de Maria Luís Albuquerque quase
deixando na penumbra possíveis soluções de
António Costa para o futuro da Segurança
Social. Ora, este diz-tu-direi- eu, seria evitável se, para além dos assessores
de imagem que tentam melhorar a fotogenia dos políticos, houvesse assessores
das suas declarações públicas para evitar aquelas que são verdadeiros tiros nos
pés de quem as profere. Isto, para além do facto de em campanhas pré-eleitoral ou eleitoral, os políticos,
normalmente, fazerem juras de um mundo de rara felicidade em namoro a
possíveis e ingénuos votantes.
Pela excepção, a declaração pública de Marisa Luís
Albuquerque teria assumido o papel de invulgar honestidade em elucidar os portugueses
sobre o que o PSD seria obrigado a fazer no caso de vencer as próximas eleições. Até aqui tudo bem, não se desse o caso
de logo ter dado o dito por não dito utilizando, a contrario sensu, a
metodologia de Maurice Tayllerand, político do tempo de Napoleão, com rara habilidade
em se manter no poder. Sentenciou ele: [A política] “é a arte de estar contra, mas com uma habilidade tal que logo se possa
estar a favor”.
Ou seja, para a actual ministra das Finanças a política é a
arte de estar a favor do corte das actuais reformas de aposentação, mas com uma
habilidade tal que logo se possa estar contra desdizendo o que disse sem
qualquer pejo em passar um atestado de ignorância aqueles que não conseguiram
descodificar a “subtileza” da sua mensagem televisiva.
Para além da “erosão
de valores éticos”, apropriando-me de uma expressão do reputado
constitucionalista Jorge Miranda, mesmo que se queira tapar o sol com a
peneira, a questão reside no verdadeiro
nó górdio de princípios estabelecidos na Constituição Portuguesa impeditivos de
cortes em pensões actuais contratualizadas entre o Estado e os
seus servidores. Sustenta, ainda, Jorge
Miranda que “qualquer esquema desse género, de aplicação aos já aposentados de
qualquer regime restritivo das pensões a que têm direito, é manifestamente
inconstitucional, é violação do princípio da protecção da confiança e até do
direito de propriedade, porque as pessoas contribuíram, deram dinheiro, em
larga medida é dinheiro das pessoas”.
Suponhamos,
por hipótese, haver um partido político
(sozinho ou em coligação), vencedor das próximas eleições, que chegado ao poder desembainhasse a espada
capaz de desfazer este nó górdio constitucional. A questão que se continuaria a pôr seria a
forma como esses cortes se processariam. A continuação de cortes cegos para antigas reformas sem ter em linha de
conta o montante dos descontos efectuados para o efeito e a respectiva duração?
Por exemplo, detendo-me sobre as pensões de quem se tenha reformado aos 52 anos
de idade com uma reforma por inteiro (não
se trata de mera hipótese mas de casos concretos), pleno de saúde mental e vigor
físico, não deveria ter cortes maiores
na sua aposentação de que um outro que o tenha feito no tempo limite obrigatório: 70 anos de idade?
Isto
é, numa espécie de perversa injustiça, o
dever para os que mais contribuíram para
a sua reforma durante mais anos e os
direitos para os que menos contribuíram
e durante menos anos. Aliás, é o que tem acontecido, por exemplo, com os cortes feitos nas actuais reformas da Caixa Geral de
Aposentações. E se errare humanum est persistir no erro dos cortes cegos que
têm incindindo sobre as reformas actuais
será, no mínimo, atentatório do
princípio da igualdade que, segundo Rui Alarcão, antigo reitor da Universidade de Coimbra, está na Constituição significando que “o que é igual deve ser tratado igualmente e
o que é desigual deve ser tratado desigualmente”. Tão simples como isto!
Mas
o que mais nos deve impressionar nisto tudo é a apatia de quem cala consente de
uns tantos reformados que na
terceira idade deveriam ser mais rebeldes nas suas
reivindicações, ainda que pessoais, e o não fazem perante a actuação de um Governo despreocupado com as doenças próprias da terceira idade e despesas
de saúde a elas inerentes. Chegou, portanto, a altura de evocar,
junto de quem nos governa, ou venha a governar, a força do voto reconhecida por
Abraham Lincoln: “Um boletim de voto tem
mais força do que um tiro de espingarda”!
A cerveja e a Europa do século XXI
"Os casos de sucesso de portugueses no estrangeiro multiplicam-se de dia para dia", assim começa a notícia de um jornal online, onde se conta o de dois jovens empreendedores, com formação superior, que "viram" uma oportunidade de negócio ainda não explorada no mercado internacional: fabricar a "cerveja do século XXI".
Comecei por ouvir parte de uma entrevista na rádio a um desses jovens. Muito entusiamado contava que, com um amigo de infância, teve a ideia fabricar uma cerveja diferente de todas as outras. E o que poderia fazer mesmo a diferença numa cerveja? O mel e o ouro! Sobretudo, o ouro.
Esta declaração não fez estremecer os entrevistadores da rádio e do jornal. Ambos continuaram a perguntar e o jovem a explicar que era uma cerveja destinada aos mercados internacionais de luxo, que tem de ser feita na Bélgica, porque, como se sabe, é a casa-mãe da cerveja, que o fabrico artesanal passa por umas tantas etapas... que o ouro usado é ser 24 quilates, "o grau máximo de pureza do ouro alimentar"... Sim, há clientes, muitíssimos por todo o mundo: Europa, Ásia, Américas...
Esta é, tal como a cerveja, a Europa do século XXI: um sítio onde não se acha estranho (nem os jornalistas que se formaram para estranhar) que quem tenha o dinheiro não lhe baste mostrar o ouro: tem de o ingerir.
O simbolismo é fortíssimo, admitamos!
Nota: A imagem que ilustra o texto não tem nada (ou, terá tudo?) a ver com ele, razão porque o escolhi.
Imigrantes ilegais retidos na Líbia quando tentavam ir para a Itália pelo Mediterrâneo (aqui) |
Esta declaração não fez estremecer os entrevistadores da rádio e do jornal. Ambos continuaram a perguntar e o jovem a explicar que era uma cerveja destinada aos mercados internacionais de luxo, que tem de ser feita na Bélgica, porque, como se sabe, é a casa-mãe da cerveja, que o fabrico artesanal passa por umas tantas etapas... que o ouro usado é ser 24 quilates, "o grau máximo de pureza do ouro alimentar"... Sim, há clientes, muitíssimos por todo o mundo: Europa, Ásia, Américas...
Esta é, tal como a cerveja, a Europa do século XXI: um sítio onde não se acha estranho (nem os jornalistas que se formaram para estranhar) que quem tenha o dinheiro não lhe baste mostrar o ouro: tem de o ingerir.
O simbolismo é fortíssimo, admitamos!
Nota: A imagem que ilustra o texto não tem nada (ou, terá tudo?) a ver com ele, razão porque o escolhi.
COIMBRA SPACE SUMMER SCHOOL
Mensagem recebida do Observatório Geofísico e Astronómico da Universidade de Coimbra:
COIMBRA SPACE SUMMER SCHOOL
13 a 17 de Julho de 2015
Observatório Geofísico e Astronómico
da Universidade de Coimbra
A
Coimbra Space Summer School é uma escola de Verão de 5 dias onde
empreendedores, estudantes ou investigadores exploram uma ideia de
negócio em torno do Espaço. A ideia é aproveitar conhecimento,
tecnologias e recursos gerados nas missões espaciais e nas actividades
científicas de exploração do Espaço para conceber negócios para outras
áreas: cidades inteligentes, transportes, turismo e lazer, saúde e
bem-estar, agricultura, ambiente, media, etc..
UM TRIBUTO AO JARDIM BOTÂNICO DE COIMBRA
Mensagem recebida de Ana Cristina Tavares:
Para
celebrar o 2º aniversário da Universidade de Coimbra e seu Jardim
Botânico como Património da Humanidade, venho, com muito gosto,
partilhar a publicação do Livro BILINGUE:
“UM TRIBUTO AO JARDIM BOTÂNICO DE COIMBRA, Património Mundial da Humanidade, 2013”.
Registado com ISBN-13: 978-84-16399-23-9, o livro é gratuito e está disponível on-line :
Três factos “notáveis” sobre o financiamento pela FCT
Com a devida vénia transcrevo artigo de opinião no Público de hoje sobre o inacreditável processo da pseudo-avaliação da Fundação para a Ciência e Tecnologia, que o ministro Nuno Crato ainda não emendou como lhe competia. O comportamento da FCT e do ministro não configura apenas um caso de desonestidade intelectual- é também um caso e grave de desonestidade material:
Em Portugal, como tem sido divulgado pela comunicação social, o financiamento dos centros de investigação científica é efetuado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e decorre dos resultados da avaliação realizada periodicamente. É esse financiamento que sustenta uma parte da sua atividade científica; a outra parte decorre da capacidade de investigadores/as obterem financiamento em concursos nacionais e internacionais muito competitivos.
A última avaliação dos centros de investigação tem suscitado, nas diversas várias fases do processo, reações muito críticas por parte da comunidade científica, às quais os órgãos de comunicação social têm dado alguma cobertura, em particular o jornal PÚBLICO, que dessa forma tem contribuído para que os próprios centros — e a sociedade em geral — fiquem cientes do que têm sido as ilegalidades e a falta de transparência que caracterizam este processo de avaliação. Nessas críticas tem sido realçada uma política de destruição da investigação científica no país, depois de anos em que a aposta na ciência foi visível e impulsionadora de um desenvolvimento sustentado.
O centro que representamos — o CIIE-UP (Centro de Investigação e Intervenção Educativas/Universidade do Porto) — passou com sucesso todas as fases do processo de avaliação, mas, mesmo assim, encontrou motivos que justificaram a contestação da sua avaliação em sede de audiência prévia, como fizeram 123 dos 178 centros que passaram à segunda fase.
Dos 17 centros de investigação em Ciências da Educação existentes em Portugal, e que se sujeitaram ao processo de avaliação, apenas 3 passaram à segunda fase. O CIIE, embora tendo o 2.º lugar na classificação final, obteve um financiamento incompreensivelmente baixo, o que inviabiliza o cumprimento do plano estratégico que lhe permitiu atingir esse 2.º lugar, com a classificação de Muito Bom.
Este é o primeiro facto notável deste processo: melhorar para piorar. Em 2007, o CIIE-UP foi avaliado pela FCT com a classificação de Bom. Com essa classificação, o CIIE teve, entre 2008 e 2014, um financiamento muito superior ao que agora a FCT lhe quer atribuir. Tendo no passado (com a classificação de Bom) 124.820 euros por ano, com Muito Bom, a FCT quer atribuir-lhe 38.854 euros, ou seja, menos de um terço do financiamento anterior. É notável, de facto, que um centro de investigação que, em resultado do trabalho desenvolvido, melhora claramente a sua classificação, tornando-se o segundo centro com classificação mais elevada a nível nacional na área da Ciências da Educação (21 pontos, num total de 25), tenha o seu orçamento reduzido em mais de 2/3. A uma melhoria clara do ponto de vista científico, a FCT faz corresponder, paradoxalmente, uma deterioração expressiva do apoio financeiro atribuído para a realização dos trabalhos previstos e avaliados.
Segundo facto notável: a seriedade orçamental não compensa. Para o período 2015-2020, o CIIE-UP, no plano estratégico classificado com Muito Bom, apresentou uma proposta de orçamento de “financiamento estratégico” que teve em conta não apenas os trabalhos a realizar nesse período, mas também a difícil situação económico-financeira do nosso país. Esta proposta envolvia valores anuais idênticos aos que tinham permitido ao CIIE melhorar a sua atividade e a sua classificação no período anterior. O próprio painel de avaliação da FCT qualificou o orçamento apresentado como “modesto”. Em contexto de crise, entendemos tal qualificativo como um elogio. Ser modesto é estar consciente de que, num contexto de grave crise económica, o financiamento que sustenta a produção científica deve ser tratado com muito respeito. Aliás, o CIIE obteve nota máxima no Critério D “Exequibilidade do programa de trabalhos e razoabilidade orçamental proposta”. Desconhecíamos que, a posteriori, a FCT iria introduzir uma regra “cega” que definiu que aos centros de investigação avaliados com Muito Bom seriam apenas atribuídos 36 a 44% do financiamento estratégico proposto. Por outras palavras, em vez de fazer, como lhe competia, uma avaliação orçamental que considerasse em que medida as verbas indicadas pelos centros eram justas e razoáveis em função dos objetivos propostos, a FCT aplicou um critério “administrativo”. Quem tinha um orçamento irrealista e irrazoável, com quantitativos muito “alargados”, teve 36 a 44%; quem tinha um orçamento realista e razoável, teve também 36 a 44%, mas, porque apenas indicou o financiamento necessário, não tem condições para cumprir o plano com que se comprometeu. Conclui-se que a seriedade orçamental não compensa.
Terceiro facto notável: o financiamento base desapareceu. O Regulamento da FCT distinguia claramente entre “financiamento base” (o montante mínimo a atribuir pela obtenção de uma determinada classificação, e que visa assegurar os “serviços mínimos” de funcionamento) e “financiamento estratégico” (o montante variável e que serviria para financiar o programa estratégico que esteve na base da avaliação). Estranhamente, quando divulga os resultados da avaliação dos centros, a FCT faz desaparecer o “financiamento base”, declarando que o financiamento atribuído integra ambas as parcelas, sem apresentar qualquer justificação. Presumimos que o possa ter feito para escapar ao ridículo. De facto, por exemplo, no caso do orçamento do CIIE, qualificado de “modesto” na avaliação, se fosse aplicada a distinção entre “financiamento base” e “financiamento estratégico”, a FCT seria forçada a reconhecer que atribui cerca de 500 euros por ano para o financiamento da investigação constante do plano estratégico, valor obviamente risível. Nada risível é aquilo que consideramos constituir uma violação clara do princípio da transparência, questão grave em procedimentos desta natureza, fazendo desaparecer por baixo dos nossos olhos elementos do Regulamento definido pela própria FCT.
Estes factos notáveis não podem deixar de ser expostos publicamente. O sentimento de justiça assim o exige. Há neste processo injustiças de ordem diversa: da insensibilidade ao mérito, num sistema supostamente meritocrático, às injustiças processuais, passando pela “simples” desconsideração da razoabilidade e do bom senso. Estes factos “notáveis” não podem passar sem que lhes seja manifestada oposição. Aqui e em todas as instâncias que se revelem adequadas.
Helena C. Araújo, Amélia Lopes, Isabel Menezes, Carlinda Leite e Tiago Neves
Direção do Programa Estratégico do CIIE-UP (Centro de Investigação e Intervenção Educativas/Universidade do Porto)
MEMÓRIAS DE PROFESSORES
Meu depoimento no jornal de I de hoje:
Devo tudo aos meus pais. E para além deles devo tudo aos meus
professores, desde a escola primária (que foram duas, a Escola da Voz do
Operário em Lisboa e a Escola dos Olivais em Coimbra) até à
universidade (também duas: a Universidade de Coimbra e a Universidade
de Frankfurt, na Alemanha), passando pelo liceu (que foi só um, o Liceu
de D. João III, hoje Escola Secundária José Falcão, em Coimbra). Se os
pais me transmitiram as primeiras noções do mundo e da sociedade, os
professores transmitiram-me o melhor do património
da humanidade. Sem os pais e sem os professores não poderia ser quem
sou.
Guardo gratas memórias de todos os meus professores, sendo difícil fazer
o que me pedem: distinguir alguns. Mas não fujo ao desafio. Na Escola
Primária dos Olivais, lembro a exigência do Prof. Nobre. Fazia-se exame
da quarta classe e de admissão aos liceus
e pude passar nos dois com facilidade, porque sabia na ponta da língua o
que ele me ensinou. Era o tempo em que se ensinavam as serras (o monte
Ramelau, em Timor, era o pico maior) e os reis portugueses das várias
dinastias (com os cognomes, claro).
No liceu lembro-me com saudade do Padre Urbano Duarte, professor de
Moral. Aos quinze anos atribuiu-me a mim, e a um colega (o António Pedro
Pita, hoje professor de Filosofia), a responsabilidade de uma página no
Correio de Coimbra, o jornal que ele dirigia. A página, intitulada Início,
foi o meu início na imprensa. O Padre deu-nos total liberdade de
escrever o que entendêssemos, mas já o mesmo não se passou com a
censura…
Por último na Universidade, quero homenagear o Doutor Joaquim Domingos,
falecido há pouco tempo. Muito sábio, atento ao mundo e dono de um humor
extraordinário ensinou-me a mecânica quântica e a física nuclear nos
atribulados tempos da Revolução. Lembro-me
tanto da Física que ele fez por transmitir como das suas histórias de
vida, que tinham por cenário Oxford ou Lourenço Marques.
O que são bons professores? Aqueles que jamais esquecemos.
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