domingo, 28 de junho de 2015

LUGARES PARA DEFICIENTES, GRÁVIDAS E VELHOS EM PARQUES DE ESTACIONAMENTO


"O dever é a necessidade de realizar uma acção por respeito pela ordem moral".
Emmanuel Kant

A imagem acima reporta-se a uma ocorrência de que se fez personagem involuntária um cidadão brasileiro (ao que me atrevo a pensar, capaz de correr os 100 metros planos) por ter estacionado a sua viatura num lugar destinado a deficientes.

Segundo Fernando Pessoa, “o civismo é simplesmente o medo agudo da opinião dos outros”. Por isso, perante o batalhão de assistentes que o receberam a tirar fotos dessa viatura coberta de cartões azuis e brancos, não acredito que ele não tenha jurado a si próprio  não voltar a repetir a façanha. E se ao caso me refiro fica-se a dever a situações de cidadãos portugueses useiros e vezeiros neste tipo de esperteza saloia, por exemplo, em locais de estacionamento do  Coimbra Shopping .

Uma vez, quando era bem mais novo e, como tal, menos sujeito a que me partissem a cara pela mania de querer endireitar o mundo, dirigi-me a um espertalhão, advertindo-o: “O senhor desculpe mas este lugar destina-se a deficientes físicos e não a deficientes mentais!” Em voz quase inaudível ruminou ele impropérios, que não me chegaram aos ouvidos sequer, afastando-se, embora eu acredite ter ele, em outros dias, voltado ao mesmo local para arrumar a viatura, a exemplo dos criminosos dos livros policiais que se diz voltarem sempre ao local do crime.

Outra ocorrência vulgar nestes locais é ver indivíduos do sexo masculino, ainda que viajando sozinhos, estacionarem o automóvel em lugares destinados a grávidas, em declarada gravidez que não consta dos registos de maternidades de qualquer parte do mundo ou sequer dos chamados fenómenos do Entroncamento. Ipso facto, serei eu obrigado a confessar não estar à la page com o que se virá a passar num futuro mais ou menos próximo em países conservadores como a Velha Albion? Concedo que sim, a fazer fé na leitura da seguinte notícia:
“O médico britânico Robert Winston, um dos maiores especialistas em inseminação artificial da Grã-Bretanha, afirma que os homens podem engravidar e ter filhos. Winston diz que a Medicina evoluiu tanto nos últimos tempos, que já existem técnicas capazes de implantar um embrião no abdômen de um homem, possibilitando que ele tenha um filho, se for submetido a um tratamento à base de altas doses de hormônios femininos” (Jornal “O Dia”, Rio de Janeiro 24/02/99).
Pois é, incrédulo leitor que, porventura, esteja a ler esta notícia: a mim já nada me espanta desde que vi um porco a andar de bicicleta e mulheres no circo com barbas de fazerem inveja ao nosso Guerra Junqueiro! Mas não pense o leitor, que os actos de falta de civismo, a que se assiste diariamente nesses locais, se quedam por aqui. Há corredores de acesso aos lugares de estacionamento, uns num sentido, outros noutro sentido. Pois não é que, sempre que um lugar está vago num corredor com a placa de acesso proibido, certos espertalhões, ou espertalhonas, avançam lampeiros por ele dentro em prejuízo do automobilista cumpridor das regras de trânsito, sujeitando-se este, ainda por cima, a passar por parvo?

Ao contrário de certos filmes que avisam o espectador que “qualquer semelhança com a realidade é pura ficção”, garanto que este meu relato é a realidade dos factos que se pode transformar num filme do far west sem um alto e espadaúdo John Wayne que imponha um mínimo de justiça em situações que correm o risco da força dos punhos se fazer lei!

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