terça-feira, 16 de junho de 2015

William Bronk (1918-1999)




1-Como o indeterminado nos determina

Assim somos tão pouco discerníveis
em tanto nada que resulta que a nossa particularidade,

por vezes, nos assombra: o mundo é nosso;
é tão-só nosso; outros que se movem aí,
ou parecem mover-se, estão noutro sítio, estão noutro mundo,

no seu mundo; vemos somente de vez em quando
— fragmentados, como se fôssemos nada, ou

Instáveis—, algumas vezes vemos o que eles vêem,
nenhum mundo conhecemos. O deles. Estranho. Como se

por uma mutação momentânea de pequenas partículas
de cargas, o cobre se tornasse carbono e sentisse o peso

e valências do carbono num mundo alterado
de inércias e reacções, e se retornasse cobre

num mundo cuproso. Resta-nos maravilhar e
ponderar a nossa particularidade e ponderar o seguinte:

somos duas incógnitas numa só equação, nós
E o nosso mundo, funções um do outro. A visão

é  interior e vê-se a si mesma, a audição, o tacto,

são interiores. O que conhecemos do mundo é exterior?

Livro: Pensar a Ciência
Editora: Gradiva
Tradução: António Manuel Nunes dos Santos

Nota: O poeta expande o princípio de incerteza de Heisenberg para além do mundo subatómico.


2-Elocuções

Não há galáxias próximas: Isto
tanto quanto que para alguma, mesmo sem se usar a unidade milha,

nós conhecemos o quanto são absurdas as milhas
em unidade de milha. Como a distância de mim para você?

É quase tudo na elocução,
metáfora —como medimos milhas, e a milha

é absurda, mas conhecemos o que a distância é:
Incomensurável. Todavia existem distâncias.

Nota: O poeta parte da Lei de Hubble e recua até à distância psicológica entre homens.

3- Dez poemas de W.Bronk

The Inclination of the Earth; Home Address; My Father Photographed with Friends; The Changes; At Tikal;The Annihilation of Matter; The Beautiful Wall, Machu Picchu; The Nature of Musical Form; The World in Time and Space; The Outcry.

 

 

 

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