sábado, 31 de maio de 2014

Amado Nervo (1870-1919)

Yo te bendigo, vida


Dois poemas deste poeta mexicano:

Ultravioleta
Há problemas que têm claridades de lua
e outros que têm  esplendores de uma manhã de abril.
O meu problema: luz derramada, muito macia e pontual:
Não é o obscuro, é uma
Claridade mais subtil...
Clareza para olhos crepusculares, para
Olhos contemplativos, habituados a ver
Esse pressentimento de luz tão ténue e rara
Que palpita nos ortos antes do amanhecer...
Nota: as estrelas pequenas emitem radiação ultravioleta

O Castanheiro Não Sabe…
O Castanheiro não sabe que se chama Castanheiro;
mas, ao aproximar-se o término do ano,
dá-nos o seu nobre fruto  de fragrância outonal;
e Canopus  não sabe que Canopus se chama;
mas a esfera colossal envia-nos o seu nome,
e é, dos universos, o sideral eixo.
Ninguém olha para a rosa que nasceu no deserto;
mas, ela, arrogante, ereta, mostra o cálice aberto
como se enviasse um ósculo perene ao domínio.
Ninguém semeou a espiga na orla do caminho,
nem ninguém a colhe; mas, ela, em divino
silêncio, dará grãos aos pássaros esfaimados .
Muitos versos, oh, pensei que nunca os escrevi,
cheios de ânsias celestes e de amores infinitos,
carecendo de nome, que ninguém lerá!;
mas, com a árvore, a espiga, o sol, e a rosa
unidos, desde agora, dando a sua expressão harmoniosa
à Essência Inefável que é, foi e será!

Nota:
As estrelas mais brilhantes são, em ordem decrescente: Sirius, Canopus,  α do Centauro (Rigil Kent.), Vega, Capella, Arcturus, Rigel, Procyon, Achernar, β do Centauro (Hadar), Altair e Betelgeuse.
Canopus é a segunda estrela mais brilhante do céu, apesar de se encontrar a 310 anos-luz do sistema solar. Esta estrela supergigante está situada na Constelação de Carina e é 20 000 vezes mais brilhante do que o Sol. No hemisfério norte pode-se vê-la, indicando a direção aproximada do Sul.
A estrela Sírius encontra-se apenas a 9 anos-luz do sistema solar. 

sexta-feira, 30 de maio de 2014

A PROPÓSITO DO DIA DO GEÓLOGO


Texto recebido Prof. Galopim de Carvalho (na foto o Prof. Carlos Teixeira):

Sem desprimor para os pioneiros da geologia portuguesa, com destaque para Carlos Ribeiro (1813-1882), Nery Delgado (1835.1908) e Paul Choffat (1849-1919), ilustres geólogos dos saudosos Serviços Geológicos de Portugal, hoje Laboratório Nacional de Energia e Geologia  [1], devemos ao Prof. Carlos Teixeira (1910-1982), catedrático de Geologia da Faculdade de Ciências de Lisboa e fundador da Sociedade Geológica de Portugal, as primeiras tomadas de posição pela valorização da geologia e pela dignificação de profissão de geólogo.

Responsável, em Lisboa, por uma plêiade de geólogos, criou-lhes as condições que lhes permitiram distribuir-se pelo país e pelas então colónias, uns no ensino superior, outros no liceal, outros nos diversos serviços públicos e outros ainda na actividade privada. Os seus “filhos”, entre os quais me incluo (a sofrerem as agruras a que foram violentados os pensionistas deste desgovernado país), e os de outros mestres, em Lisboa, em Coimbra e no Porto, deram-lhes “netos”, hoje devotados profissionais no activo como docentes ou como geólogos de todo o terreno, que não sendo muitos, não são assim tão poucos. Ao contrário de biólogos e arqueólogos temos de convir que nós, os geólogos portugueses, não temos sabido “defender a nossa dama” e as justificações ao nosso alcance são muitas e facilmente explicáveis.

Para além do interesse utilitário da geologia na procura, exploração e gestão racional de matérias-primas minerais metálicas e não metálicas, indispensáveis no mundo actual, a geologia ensina-nos, ainda, a encontrar águas subterrâneas e recursos energéticos, como são, entre outros, o carvão, o petróleo, o gás natural e os campos geotérmicos. Essencial no estudo da natureza dos terrenos sobre os quais há que implantar grandes obras de engenharia (pontes, barragens, aeroportos), a geologia dispõe dos conhecimentos necessários à utilização do solo, à defesa do ambiente natural, numa política de desenvolvimento sustentado, e à preservação do nosso património mais antigo. Para além destas potencialidades, a geologia dá resposta a muitas preocupações de carácter filosófico. Na história do pensamento científico, da Antiguidade aos dias de hoje, são muitos os exemplos de filósofos, alquimistas, naturalistas e, por último, geólogos, que se destacaram nas referidas preocupações.

Face as estas capacidades, a Geologia e as diversas disciplinas que a integram (Mineralogia, Paleontologia, Vulcanologia, Sismologia, Hidrogeologia, Geotecnia, entre outras) e nos permitem conhecer o mundo em que vivemos, acabaram por conquistar, em muitos países, estatuto de ciências de grandeza compatível com a sua real e grande importância no desenvolvimento sustentado, o que não é o caso em Portugal, onde permanecem subalternizadas nos currículos escolares e continuam arredadas da cultura geral dos portugueses, dos mais humildes e iletrados às elites intelectuais mais iluminadas.

A vida profissional permitiu-me, ao longo de décadas, conviver, algumas vezes de muito perto, com as mais altas figuras nacionais, dos chefes de estado aos dos governos central e local, com ministros da educação e outros, com parlamentares e figuras gradas dos partidos políticos, com os mais prestigiados jornalistas e comentadores dos jornais, da rádio e da televisão (tudo gente do direito, da economia e finanças e das humanidades) e pude, salvo uma ou outra excepção, constatar a falta de cultura geológica desta elite que, neste domínio, não difere do comum dos cidadãos.

Urge, pois, elevar a cultura geológica dos portugueses e isso começa na escola. De há muito que venho alertando, em textos escritos e em intervenções públicas, para a pouca importância dada ao ensino da Geologia nas nossas escolas do ensino básico e secundário. Até parece que quem decide (leia-se o Ministério da Educação) sobre o maior ou menor interesse das matérias curriculares, desconhece a real importância deste domínio da ciência na sociedade moderna.

Exceptuando aqueles que, por formação académica e profissional, possuem os indispensáveis conhecimentos deste interessante e útil ramo da ciência, a generalidade dos nossos concidadãos não conhece nem a natureza, nem a história do chão que pisa e no qual assentam as fundações da casa onde vive. Uns mais, outros menos, conhecem a lenda do malogrado Martim Moniz, entalado na porta do castelo, para que D. Afonso Henriques o pudesse somar às suas conquistas, mas muitíssimo pouco ou nada sabem do que aqui aconteceu há milhões e milhões de anos. Marcados por um ensino livresco, tantas vezes desinteressante e fastidioso, são muitos os cidadãos deste nosso país que frequentaram disciplinas do âmbito da geologia e que, terminada esta fase das suas vidas, esquecem o pouco que lhes foi ministrado sem entusiasmo nem beleza.

Estamos a viver um tempo em que o saber científico e os recursos tecnológicos avançam a passos de gigante e, dia após dia, nos deslumbram. À semelhança de outras ciências, a geologia é hoje um do pilares da sociedade moderna, facultando alavancas poderosas para o bem e para o mal, ao serviço de uma humanidade, a um tempo, sabedora e desencantada, à procura de um caminho que tarda em encontrar.

A. Galopim de Carvalho

 [1] Depois de ter tido outras designações, ao sabor de caprichos não justificados das rapaziadas que deixámos tomar conta dos nossos destinos.

Sugestões para a Feira do Livro



Este é um convite ao conhecimento. 

Nesta época de feiras do livro, a acontecerem um pouco por todo o país, não podia deixar de sugerir uma lista de livros de divulgação de ciência.

Indico-vos dez livros, por ser um número com duas mãos cheias de bons momentos de descoberta. Alguns dos livros são já clássicos da divulgação de ciência, outros primam pela sua novidade. Todos juntos permitem, na minha opinião, aceder à ciência que nos leva a compreender melhor o universo em que vivemos. Aqui estão eles por ordem alfabética do apelido do autor.

O céu nas pontas dos dedos” de Guilherme de Almeida, publicado em Fevereiro de 2013 pela Plátano Editora. Um excelente livro para quem quer começar a conhecer o céu.

O mistério do bilhete de identidade e outras histórias” de Jorge Buescu, publicado em 2001 pela Gradiva, incluído na colecção Ciência Aberta com o número 113. Livro muito interessante sobre a matemática no dia-a-dia, escrito pelo principal divulgador de matemática português.

A Física no dia-a-dia” de Rómulo de Carvalho, re-editado pela Relógio D’Água em 1995. Um dos melhores livros de divulgação de ciência, em particular da Física, dirigido a todos (o título original de 1968 era “Física para o povo”), escrito por esse grande pedagogo e divulgador científico que foi Rómulo de Carvalho, também conhecido pela poesia do seu heterónimo António Gedeão. 

Vida e Morte dos Dinossáurios” de A.M. Galopim de Carvalho e Nuno Galopim, publicado em 1991 pela Gradiva. Um excelente livro de divulgação sobre os dinossáurios para todos, escrito pelo decano da divulgação de ciência em Portugal.

A Matemática das coisas” de Nuno Crato, publicado em 2008 pela Gradiva na colecção Temas de Matemática. Um livro que nos mostra de forma muito clara a presença da matemática em muitas coisas do nosso quotidiano, do papel A4 aos atacadores de sapato, do GPS às rodas dentadas.

História da Ciência em Portugal” de Carlos Fiolhais, publicada em 2013 pela Arranha-Céus. Do actualmente mais profícuo e incontornável divulgador de ciência português, surge-nos este título único que nos fornece uma visão realista da ciência em Portugal ao longo da história. Imprescindível.

A espiral da vida” de Nick Lane, publicado em Julho de 2012 pela Gradiva com o número 194 na sua colecção Ciência Aberta. É por ventura o melhor livro e mais interessante e actual sobre a evolução da vida no nosso planeta. Brilhantemente escrito permitindo uma leitura deslumbrante.

Cosmos” de Carl Sagan, publicado entre nós pela Gradiva, primeiramente na sua colecção Ciência Aberta em 1984. É seguramente um dos incontornáveis livros de divulgação científica da história. Ao lê-lo, ficamos cientes do nosso lugar na história e no universo. O estímulo constante ao conhecimento torna-nos mais inteligentes com a leitura deste livro.

Meu dito meu escrito” de Maria de Sousa, publicado em Abril de 2014 pela Gradiva. De uma das nossas mais ilustres mulheres cientistas, um livro magnificentemente escrito sobre a ciência e os cientistas que a fazem.

 “Experiência Antárctica” de José Xavier, publicado em Março de 2014 pela Gradiva, número 207 da insubstituível colecção Ciência Aberta. Um relato apaixonante do dia-a-dia de investigação na Antártida escrito na primeira pessoa pelo nosso principal cientista Polar.

Boas leituras.


António Piedade 

quinta-feira, 29 de maio de 2014

VALORES DAS BOLSAS NÃO PODEM SER CORTADOS

A FCT deu ontem conhecimento que as reduções remuneratórias previstas no Orçamento de Estado de 2014, não podem ser aplicados aos bolseiros:
A FCT obteve, no dia 26 de maio, da Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP) um parecer segundo o qual a redução remuneratória prevista na Lei do Orçamento do Estado 2014 (artigo 33º) não é aplicável aos contratos de bolsa. Este parecer, registado pelo Secretário de Estado da Administração Pública, baseia-se no facto de que nos contratos de bolsa não existe uma componente financeira que se destine a remunerar a prestação de trabalho ou o exercício de funções a qualquer outro título, logo não lhes são aplicáveis o artigo da LOE2014 em causa.
Na sequência desta decisão, o Conselho Diretivo comunicou o entendimento da FCT às instituições de investigação, reforçando, desta forma o parecer jurídico da FCT e a posição adoptada desde que o assunto surgiu. Efetivamente, a FCT não tomou qualquer posição que legitimasse a aplicação de reduções remuneratórias a bolseiros de investigação. Os esclarecimentos que a FCT tem emitido sobre esta matéria, têm por alvo contratos de trabalho ou outros contratos de prestação de serviço ou avença, não sendo extrapolável para quaisquer outros vínculos, nomeadamente para os contratos de bolsa.
Uma boa notícia que tardava e que vem finalmente tranquilizar os bolseiros de investigação sob quem pairava esta ameaça. Fica um sabor amargo na justificação, de que o trabalho dos bolseiros de investigação não é reconhecido como trabalho. Melhor seria que os cortes fossem aplicáveis porque o bolseiros se enquadravam na protecção da legislação laboral, com direito a subsidio desemprego e a um regime de segurança social igual ao dos demais trabalhadores.

Livros com química: a história das histórias de vampiros


As histórias de vampiros como as conhecemos actualmente, assim como o Frankenstein devem muito a um encontro que ocorreu em Junho de 1816, na Villa Diodati, junto ao lago de Genebra.

Lord Byron, acompanhado pelo seu médico, John Polidori, veio encontrar-se com Percy Shelly, e a sua companheira Mary Godwin (mais tarde Mary Shelly) e Claire Clairmant, meia irmã de Mary Godwin e amante de Lord Byron. Lord Byron, o mais velho, tinha 28 anos, Mary Shelley e Claire Clairmont tinham 18 anos, Percy Shelly tinha 23 e John Polidori 20 anos. Segundo contam, numa noite de tempestade, resolveram, por proposta de Lord Byron, escrever e contar histórias fantásticas que envolvessem fantasmas ou entidades sobrenaturais. Duas dessas histórias, Frankenstein e O Vampiro, pela forma como tratam as tensões entre a sociedade e a ciência e entre a natureza e o sobrenatural, revelaram-se marcantes para a história da literatura e da sociedade (embora nem sempre tal facto seja devidamente reconhecido).

Na altura, Mary Shelly tinha um bebé, William, com cerca de seis meses, o qual nascera em Janeiro de 1816, após um parto prematuro e traumático, no início de 1815. Claire Clairmont estava grávida de Byron. Também a esposa que Percy Shelley abandonou para viajar para a Suiça com Mary Godwin, Harriet, estava, por essa altura, grávida, acabando por se suicidar por afogamento em Dezembro de 1816.

Independentemente de considerações morais, as gravidezes sucessivas e muitas vezes indesejadas, assim como as suas complicações, eram condições normais na época. Foi preciso esperar quase 150 anos para que a pílula contraceptiva, uma invenção em parte acidental da química, viesse permitir que a generalidade das pessoas pudesse fazer escolhas mais conscientes sobre a maternidade.

Também as doenças e febres, frequentemente mortais, eram comuns na época. A filha de Byron e Claire, Allegra, morreu com cinco anos, provavelmente de tifo. O filho de Mary e Percy Shelly, William, morreu de malária com três anos. A melhoria das condições de higiene e alimentação, o tratamento das águas e dos esgotos, os insecticidas que ajudaram a eliminar os mosquitos causadores da malária, as vacinas e os medicamentos modernos vieram, sem qualquer dúvida, acabar com muito do sofrimento físico das pessoas que viveram no passado. E isso nada tem que ver com a possibilidade dessas pessoas poderem ser mais menos felizes do que actualmente.

O que era certo é que as pessoas viviam até ao princípio do século XX em média muito menos do que actualmente e podiam morrer de doenças e acidentes que hoje, graças em boa parte à química, são tratáveis e evitáveis, incluindo algumas algumas de natureza mental como as depressões.

John Polidori sofria de problemas nervosos devido a uma queda e parece ter-se suicidado em 1821 com ácido cianídrico. Shelley sofria possivelmente de paranóia e depressão e morreu afogado em 1822 em circunstâncias nunca esclarecidas. Lord Byron procurou juntar-se aos gregos na sua luta pela independência e acabou por morrer com febres que se seguiram a um constipação tratada com um método já na época anacrónico: uma sangria. Mary Shelley viveu até aos 53, tendo morrido provavelmente com um tumor cerebral. A estatística melhora um pouco com Claire que, não tendo deixado obra tão visível, viveu até aos oitenta anos.

A partir da história que contou na Villa Diodati, Mary Shelley escreveu Frankenstein, ou o Prometeu moderno, editado inicialmente em 1818 e reformulado em 1831. Com base na história que contou Lord Byron, John Polidori publicou em 1819, com a autoria atribuída a Lord Byron, aparentemente por acidente, O Vampiro. Lord Byron, que não gostou da confusão, publicou a sua versão expurgada das partes vampirescas também em 1819 como anexo ao poema Mazeppa, com o título de Fragmento de um texto. A história de Percy Shelley foi esquecida e a história de Polidori, que tinha, segundo Mary Shelley conta na introdução do Frankenstein, problemas de coerência, acabou também por ser publicada em 1819, sendo na sua introdução esclarecida a questão da autoria e circunstâncias de publicação de O Vampiro.

Contrariamente a uma opinião corrente actual, julgo que o aparecimento das histórias de vampiros no século XIX não é tanto uma manifestação da nostalgia de um tempo em que o sobrenatural dominava em relação a um tempo em que a ciência vai ocupando o lugar da magia, mas antes uma manifestação da perplexidade gerada e da tensão nunca resolvida, que a partir do início do século XIX se tornou mais forte, entre as promessas da ciência, tecnologia e medicina e as manifestações do inexplicável. De facto, em livros como O Vampiro, de 1841, de Aleksei Tolstoi (escritor russo com o mesmo apelido de Liev Tolstoi), Carmilla, de 1872, de Le Fanu, ou mesmo no Drácula de de Bram Stoker, encontra-se muitas vezes a perplexidade perante as doenças, febres e fraquezas inexplicáveis, ainda à luz da ciência e medicina.

Há também implicações políticas nas histórias de vampiros do século XIX. Estes são a encarnação do mal, representados, em geral, por aristocratas lânguidos e egoístas. E, embora transportem algum erotismo e fascínio retomado nos vampiros do século XXI, são em geral seres intrinsecamente maus e causadores de desgraça que é necessário eliminar, encontrando as suas tumbas ou caixões e destruí-los usando estacas e decapitando-os.

O caso particular do vampiro feminino que é Carmilla, é nesse ponto, mais próximo dos actuais no seu erotismo latente, sendo relacionável com o poema Christabel de 1797 e 1800 (só publicado em 1816) de Coleridge que também retrata uma relação ambígua e de fascínio entre duas mulheres.

Mas, se o Vampiro de Polidori (e Byron) recriam o género de aristocrata mau e imortal que se alimenta de sangue, é com Drácula de Bram Stoker que esta personagem se cristaliza no lugar-comum do ser sobrenatural que não pode sofrer o efeito da luz e que tem pavor de alho e de cruzes, coisas que as obras de autores anteriores pouco valorizavam ou sobre as quais ironizavam.

Sendo um ser fantástico e sobrenatural, a explicação científica do vampiro não é necessária para o efeito da narrativa. No entanto, a partir de meados do século XX a inconsistência desse aspecto das histórias, além da natural procura de explicações para tudo o que nos rodeia, levou alguns autores, embora em pequeno número, a criarem narrativas mais próximas da ficção científica.

Em Eu sou a lenda, de 1954, de Richard Matheson, os vampiros surgem de uma infecção por uma bactéria que os coloniza e lhes controla o corpo. Essa bactéria precisa de sangue para sobreviver, não suporta o contacto com o ar e a luz e consegue selar as aberturas causadas por balas. Mas quando entra em contacto com o ar (por exemplo com uma estaca ou corte profundo) ou com a luz entra em grande actividade e leva o humano que colonizou à destruição. Por isso as estacas e a luz do sol destroem os vampiros. E, descobre-se mais tarde, que o medo do alho e das cruzes não passa de um atavismo associado às memórias alienadas dos humanos controlados. Entretanto, lentamente os seres humanos habituam-se à infecção e criam uma sociedade diferente na qual os últimos humanos são indesejáveis: a lenda é o último humano, um ser diferente da normalidade.


Brian Stableford, em O Império do Medo de 1988 procurou outra forma de apresentar a fantasia do mito vampiro, dando-lhe verosimilhança científica e histórica. Neste livro, fantasia-se uma história alternativa em que uma aristocracia de vampiros imortais domina a terra. Estes não têm problemas com a luz, mas o aumento do seu número é muito limitado, embora continuem a precisar de sangue, mas apenas em pequenas quantidades. Com o desenrolar da história, que vai de 1623 e 1983, percebe-se que se trata de uma doença benigna causada por um germe (mais tarde identificado como um vírus) que repara danos celulares e retarda os processos de envelhecimento celular. O sangue, modernamente substituído por comprimidos, é necessário porque alguns neurotransmissores importantes deixam de ser produzidos no corpo transformado que entra em hibernação na sua falta.

É de notar que foi em tempos apontada uma doença rara, a porfíria, como estando na possível origem do mito do vampiro. Nesta doença há acumulação de porfirinas no corpo do doente devido à produção deficiente de hemoglobina. Essas porfirinas são fotossensíveis, o que levaria os doentes a evitar a luz. Trata-se obviamente de uma hipótese muito pouco verosímil, mas mesmo assim interessante. Por outro lado, a ecologia dos vampiros clássicos, baseada no aparecimento de um vampiro por cada humano mordido, levaria à extinção da humanidade em pouco tempo de forma exponencial. Assim, como ainda há humanos, pode concluir-se que não podem existir vampiros na sua forma clássica. No entanto este argumento é muito fraco, dado que na maior parte da literatura do género, tornar-se vampiro é muito difícil: mas fácil é ser morto!

Mais recentemente, apareceu na literatura o vampiro atormentado e falador que quer explicar-se, por exemplo, em a Entrevista com o Vampiro, de 1976, de Anne Rice. Nesta narrativa, continua a ser o vampiro clássico em todas as suas ideossincrasias que se manifesta, excepto na questão do alho e das cruzes, mas a sua psicologia, e a química que lhe está associada, tornou-se mais complexa. Anne Rice não procura encontrar um explicação científica plausível para este vampiro, mas não deixa de ser interessante alguns elementos da história que evocam a química, e.g., a fábrica de índigo que era a sua quinta em Nova Orleães, no tempo em que este corante era obtido do índigo cultivado e tratado por escravos (este composto é agora obtido de forma sintética).

O vampiro jovem e cavalheiro da literatura mais recente, cujo sucesso se deve em boa parte à atracção erótica e romântica não é, na minha opinião, tão interessante como os vampiros que o precederam. Mas não se pode dizer de forma leviana que os vampiros são sempre personagens estereotipadas e que não revelam, nas narrativas fantásticas que os envolvem, relações complexas com a ciência e a sociedade.

DIA DO GEÓLOGO - 1



Artigo recebido de opinião Victor Hugo Forjaz, Catedrático Jubilado de Vulcanologia (na figura, fotografia aérea das ilhas da Terceira, em primeiro plano, S. Jorge, Pico e, ao fundo no centro,  o Faial):

1 - Dizem-me que inventaram mais um dia comemorativo - o Dia do Geólogo, no  30.º dia de mês de Maio, um  mês de santidades. É um dia sem direito a feriado ou a dispensa de serviço. Ou bónus como os de certos bancos. Dizem-me, uns longínquos  colegas e amigos, que é o dia  em que eu, como decano indígena (o mais velhote, entenda-se) devo recordar coisinhas dessa profissão aqui, na Região Autónoma, sem partitura, cábula ou  assopro. Assim, arriscando um pensamento de Luther King ( "Para se ter inimigos basta emitir uma opinião"….) avanço com um resumo recordatório do que tem sido a Geologia nos Açores, resumo para um público generalista, nomeadamente políticos. E realço "resumo" porque a história, nomeadamente a pós-abrilina, é um longo romance de capa e espada, já  escrito,  bem guardado e que alguns políticos detestam recordar .

2 - Um  geólogo é o profissional que se dedica a estudar e a divulgar o conhecimento geológico, a História da Terra, a génese e evolução do planeta que habitamos com maior ou menor ou nenhuma felicidade. Há séculos, a Geologia encontrava-se associada com a  Filosofia, fase interessantíssima para a compreensão das que se seguiram. No século XIX  a Geologia passou a integrar as Ciências Histórico-Naturais e no segundo quartel do século seguinte passou  a assumir-se como Ciências da Terra e do Espaço, modelo CEE/UE. Presentemente já existem astrogeólogos (tal como os astrobiólogos, gente estranhíssima...), geólogos lunares, geólogos marcianos,etc. Nos Açores já existiu a tentativa de dividir, tal como nas castas da Índia, a classe geológica regional  e assim  criar a profissão de vulcanólogo "made in Azores", exclusivo da nossa querida universidade. Arrumei com a tontice (antes de "subir" ao reitorado do "amen") recordando que Haroun Tazieff, primeiro doutor honoris causa da nossa bendita universidade e decerto  um dos maiores do mundo, era engenheiro agrónomo e que Frederico Machado, o maior vulcanólogo nacional,era engenheiro civil. Os proponentes ficaram desapontados, quase desistindo, mas voltarão à carga… O conhecimento geológico, dizem os economistas, está relacionado com o estado de desenvolvimento de cada país, de cada região. Compete aos geólogos inventariar e descobrir minerais e rochas, descrever camadas sobre camadas e respectivos significados, realizar a várias escalas  as denominadas cartas geológicas e suas variantes temáticas, fornecer à  engenharia  civil os parâmetros geotécnicos que necessitam, estudar a génese, a circulação e a extracção da água  (o bem geológico mais precioso do planeta - frequentemente mal gerido), identificar e aconselhar as situações de perigos geológicos (recorrendo à sismologia, à vulcanologia, à  geotecnia, à  protecção civil, à tecnologia).  Geólogo é uma profissão planetária, imprescindível e insusbstituível por equipamentos informáticos; estes serão sempre meros auxiliares, simples complementos, embora cada vez mais apaixonantes

3 - A geologia dos Açores pode ser dividida em dois grandes períodos, ou seja,  antes e depois  do Projecto  Geotérmico de 1976 ( incluindo S. Migue, Terceira, Faial, Pico e Flores).

4 - O período ante-1976 ainda pode ser dividido em  várias  fases, algumas de incómoda explicação para a maioria dos leitores .Pelo que apenas sintetizamos as mais evidentes.

Porém tem interesse recordar que Gaspar Frutuoso, o famoso cronista das Saudades da Terra, no século XVI, já foi considerado o primeiro vulcanólogo português, dadas as suas espantosas descrições do relevo e litologias  as ilhas, nomeadamente quanto à ilha de S.Miguel. Porém, a primeira narrativa geológica e científica dos Açores deve-se a John Webster, obra em inglês, editada em Boston  em 1821 e intitulada "Uma descrição da Ilha de S.Miguel, Compreendendo o relato da sua Estrutura Geológica; com anotações sobre  outras ilhas dos Açores, as  localizadas a poente". Adquiri  essa raríssima obra  na  saudosa e célebre Livraria  Nove Estrelas, do Dr. José de Almeida, à rua do Mercado. O livro de Webster circulou pelo mundo científico de então e deu brado a sua trágica  morte, em Boston, por enforcamento, por ter mandado matar um  fornecedor  a quem devia volumosa maquia .

 Seguiram-se diversos e saltitantes  naturalistas de diversas nacionalidades, como Hulbert (1827 - Volcanoes of the Azores…, etc), Hartung e Esenwein, militares e mineralogistas vivendo em  Lisboa, alguns publicando excelentes descrições geológicas e até descobertas  (como o mineral azorite de Alfredo Bensaúde, genial fundador do Instituto Superior Técnico ) e o mineral  faialite, composto essencial da olivina, descoberto na Praia do Norte da ilha do Faial.

A estadia do Príncipe Di Conti ,em S. Miguel, em 1950, a convite do Dr. Augusto Arruda, embora combatida pelo partido único, a União Nacional, conduziu ao início da cartografia das ilhas por equipas dos Serviços Geológicos de Portugal - SGP, em 1956. O raiar da erupção dos Capelinhos (tinha eu 16 anos…) apanhou a missão dos SGP em pleno trabalho de campo, em 1957, em S. Miguel, dirigida pelo Doutor Georges Zbyszewski, filho de príncipe polaco que se exilou em França. Um dos filhos dele (Georges) mudou-se para  Lisboa. O doutor Zbyszewski executou primorosos mapas geológicos dos Açores (peças sempre de difícil aquisição)  e encarregou-me de realizar a Carta Geológica de S. Jorge, após a crise sismovulcânica de 1964, a primeira carta oficial  que inseria a vulcanoestratigrafia da ilha, ou seja,  a divisão das diversas grandes formações geológicas  por idades (os Complexos Vulcânicos). A carta de S. Jorge constituiu a minha tese de estágio científico da licenciatura em Geologia e foi classificada pelo Catedrático de Geologia da FCUL Professor Doutor Carlos Teixeira. O respeitadíssimo geólogo Zbyszewsky (ou apenas  Doutor Zby para os  que  com ele conviviam) organizou duas belas memórias sobre os Capelinhos,  ainda hoje referências mundiais.  Era amigo de Tazieff, também polaco, primeiro doutor honoris causa da Universidade Açores. Nem um retratinho dele  (nem de outros honoris…) existe naquela  santa casa! Por causa dos proponentes, decerto.

(continua)                                                     



quarta-feira, 28 de maio de 2014

CIENTISTAS DE PÉ NA FEIRA DO LIVRO DE LISBOA

Actuação de stand-up comedy a propósito do livro Toda a Ciência (Menos as Partes Chatas), seguida de secção de autógrafos.


Os Cientistas de Pé são um grupo de cientistas de diversas áreas (desde a biologia à Buraca) que (desde 2009) faz espectáculos de stand-up-comedy sobre temas científicos. Já actuaram em teatros, anfiteatros, centros de investigação, museus de ciência, jardins e para muitos polícias de trânsito, na esperança de verem perdoada uma multa de estacionamento abusivo de velocípede.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Egas Moniz, o nosso único Nobel em ciências

Excerto ligeiramente adaptado do meu livro História da Ciência em Portugal (Arranha Céus).

No século XX, o cientista português mais conhecido internacionalmente foi  António Egas Moniz, o nosso único prémio Nobel em Ciência: recebeu o Nobel da Medicina e Fisiologia em 1949, pelos seus trabalhos relativos à lobotomia préfrontal, em conjunto com o suíço Walter Rudolf Hess (alguns partidários do Estado Novo chamaramlhe jocosamente “o meio prémio Nobel”...).

Egas Moniz nasceu em Avanca, perto de Aveiro, no sítio onde hoje pode ser visitada a Casa Museu Egas Moniz. É curiosa a história da iniciação de Egas Moniz na técnica de raios X. Corria o ano de 1896 e era ele ainda estudante de Medicina em Coimbra quando teve a oportunidade de colaborar com o seu professor de Física, Henrique Teixeira Bastos, na reprodução das experiências de raios X, passados dois escassos meses da descoberta daqueles raios por Wilhelm Roentgen em Wuerzburg, na Alemanha. Escreveu ele muitos anos mais tarde sobre as suas experiências com os raios X:

“O facto era conhecido, mesmo no vivo, pois nenhuma descoberta teve até hoje aplicação mais rápida e imediata que a de Roentgen. Em Coimbra, porém, não se tinha feito e lembrome da alegria que tal acontecimento determinou na minha vida.”

Após ter concluído no ano de 1899 o curso de Medicina, começou por ser professor na Universidade em Coimbra. Doutorouse também naquela instituição em 1901 a tese A Vida Sexual – Fisiologia, editada em livro, que foi considerado muito avançado para a época, a tal ponto que, nos anos do Estado Novo, só era vendido mediante receita médica. Tendo sido aprovado num concurso em Coimbra para professor catedrático em 1910, mudou-se no ano seguinte para a Universidade de Lisboa, quando aí abriu a Faculdade de Medicina. A razão, pelo menos em parte, foi a sua intensa actividade política, que realizava melhor em Lisboa. Durante a 1.ª República foi embaixador em Madrid em 1917 e Ministro dos Negócios Estrangeiros em 1918. Esteve presente no armistício de Versalhes em representação de Portugal. Mas, quando terminou a 1.ª República, abandonou a vida política para se dedicar em pleno à ciência.

Usando precisamente os raios X com os quais contactou na juventude, Moniz foi o autor da técnica da angiografia cerebral, que se servia da marcação de vasos sanguíneos para diagnosticar doenças do cérebro. Mas, apesar deste feito ser já merecedor do Nobel, seria outra  inovação que lhe valeria o prémio da Academia Sueca. Num congresso de Neurologia em Londres em 1935 Moniz ouviu um relato de experiências de cirurgia mental em símios, que lhes modificavam o comportamento, diminuindolhes a perigosidade. E logo pensou em aplicar essa técnica em doentes psicóticos graves. O Nobel foilhe atribuído precisamente pela sua “descoberta do valor terapêutico da leucotomia em certas psicoses”. A técnica, que consistia na ablação de parte do cérebro em doentes mentais, tornouse bastante popular (um médico norteamericano, Walter Freeman, foi o “campeão” das lobotomias, tendo realizado milhares delas), mas está hoje banida. A atribuição do Nobel ainda é, por isso, objecto de polémica nalguns círculos. Mas o certo é que não se pode ver o passado apenas com os olhos do presente. Entre os lobotomizados famosos em Portugal estiveram o escritor Raul Proença e Teresa Caetano, a mulher do primeiroministro Marcello Caetano. Na sua prática clínica Egas Moniz foi procurado por celebridades literárias actuais, embora não na época, como os poetas Mário de Sá Carneiro e Fernando Pessoa. Há até uma história curiosa sobre o primeiro: quando Sá Carneiro lhe descreveu um problema de separação corpomente, o médico referiu-lhe um poema glosando esse tema, que tinha lido na Orfeu:

As mesas do Café endoideceram feitas ar
Caiume agora um braço... olha lá vai ele a valsar,
Vestido de casaca, nos salões do ViceRei...
(Subo por mim acima como por uma escada de corda
E a minha ânsia é um trapézio escangalhado...).

Resposta lesta de Sá Carneiro:

– Mas esse poema é meu!

Tal como o seu colega médico Miguel Bombarda, Egas Moniz foi alvejado a tiro por um doente mental, mas conseguiu escapar aos graves ferimentos. Moniz foi o autor de várias obras científica e obras autobiográficas, como A Minha Casa, sobre a sua infância e juventude, e Confidências de um Investigador Científico, sobre a sua fulgurante carreira científica. Recebeu, além do Nobel, numerosas distinções nacionais e internacionais. O nosso Nobel deixou escola na Faculdade de Medicina de Lisboa, uma circunstância que não é normal em Portugal: a chamada escola de Angiografia de Lisboa. À cabeça dela esteve”, Pedro de Almeida Lima, o seu principal colaborador, pode mesmo dizerse em sentido literal “o seu braço direito, uma vez que Moniz sofria de gota, bem visível nas mãos, pelo que não podia operar. Mas também estiveram Reynaldo dos Santos e o seu filho João Cid dos Santos, entre outros (este não foi de algum modo o único caso de pai e filhos médicos, mas Egas Moniz não teve filhos). O médico, activo no Porto, Mário Corino de Andrade, que descobriu a “doença dos pezinhos”, também passou pelo laboratório de Egas Moniz.

Quem ganhou as Europeias foram a abstenção, nulos e brancos



Texto recebido do nosso leitor A. Küttner de Magalhães:

 
Por muitas voltas que todos possam querer dar aos resultados destas eleições para o Parlamento Europeu, convenhamos que quem ganhou foi a abstenção, os brancos e os nulos. Tudo o resto é fazer de conta.

A abstenção por haver quem não achou que deveria ir votar, por não ter qualquer vantagem em lá ir. E os nulos e os brancos por haver quem fez o esforço de ir votar, por ser um dever democrático, mas, não tendo escolha, ou votaram em branco ou riscaram o voto.

Tudo o resto será vontade de negação de quem não quer assumir abertamente que perdeu. Todos, sem excepções, perderam. E até a  surpresa, para todos ou pelo menos para muitos, que foi  um candidato a estas europeias ter obtido muito mais votos do que se julgava, aconteceu devido à descrença em todos os outros e ao excessivo populismo da pessoa em questão.

Assim, foram mais umas eleições que só nos vieram mostrar que os políticos portugueses, sem excepções, estão no caminho errado. Nenhum defendeu a sério o país e a sua população, todos tentaram  defenderem-se a si próprios e obterem lugares individuais na Europa. Tudo o resto é justificar o injustificável. Ou falar muito sem  ter muito para dizer.

Todas as ilacções que sejam tiradas de que houve censura ao governo, ou aos partidos do “arco da governação”,   não serão mais do que manobras de diversão. Até a inexistência no nosso país de um partido de extrema-direita fez aumentar a votação no único partido,  que há muito tempo defende o nacionalismo e preconiza a saída imediata do Euro.

O povo mostrou claramente o seu desânimo, revelou o seu descrédito em todos os políticos. Se assim não fosse, a abstenção, os nulos e os brancos não seriam sido os grandes venderores da noite.

Claro que nenhum dos políticos que foi a eleições para estas auropeias aceitará esta conclusão. Nem o Presidente da República, no final do seu mandato, a irá aceitar. Se for para escrever comentários no seu Facebook ou para nos falar quando for ao estrangeiro, mais valerá estar quieto e calado, deixando o seu tempo acabar.

Se nenhum político de carreira aprender a lição destas eleições será desastroso. Se nenhum arrepiar percurso passando a fazer diferente será dramático.

É chegado o momento de nós, cidadãos, não candidatos a qualquer cargo político, mas desejosos de ter um país onde possamos viver, exigir que aqueles que se apresentaram nas eleições no dia 25 de Maio de 2014 nos digam o que pensam fazer num futuro próximo. Se for mais do mesmo, não se admirem se, numas próximas eleições, a percentagem de abstenção, nulos e brancos chegar quase aos 100%.

A. Küttner de Magalhães

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...