terça-feira, 10 de julho de 2007

She blinded me with science


Thomas Dolby ao vivo no Joan River's Show, em 1987, onde interpreta a faixa que dá nome ao post, incluída no álbum de 1983, «The Golden Age Of Wireless».

Para quem considere estranha esta mistura new wave e ciência, há pouco tempo descobri o tema «Chemical Calisthenics» da banda rap Blackalicious. Embore ache interessante esta forma de divulgar ciência, não posso deixar de apontar um erro na letra dos rappers alternativos: na realidade o gás hilariante utilizado pelos dentistas não é dióxido de azoto, NO2 - um poluente de tom castanho, muito irritante e tóxico-, mas sim óxido nitroso, N2O.

O óxido nitroso foi descoberto em 1776 pelo cientista inglês Joseph Priestley, o mesmo que a peça de «Oxigénio» de Carl Djerassi, o «pai» da pílula contraceptiva, e do Nobel Roald Hoffmann, coloca na «disputa» pela paternidade da descoberta deste gás.

Cerca de 20 anos depois, o então aprendiz de farmacêutico Humphry Davy, mais tarde Sir Humphry Davy, na sua época um dos mais prestigiados químicos ingleses - embora o seu assistente Michael Faraday seja actualmente mais conhecido - descobriu o efeito hilariante e analgésico da inalação deste gás. A parte analgésica permaneceu ignorada por umas décadas mas o efeito hilariante foi rapidamente um sucesso popularizado em sessões em que os interessados pagavam uma pequena quantia para experimentarem os efeitos recreativos do óxido nitroso.

A utilização de óxido nitroso na extracção de um dente foi realizada pela primeira vez em 1844 por Gardner Quincy Colton no dentista norte-americano Horace Wells, a seu pedido. Colton tinha deixado o estudo de medicina pela muito mais lucrativa encenação de «circos» em que os espectadores eram igualmente os actores depois de inalarem uma quantidade q.b. de óxido nitroso e tinha sido numa destas exibições públicas que Wells redescobriu os efeitos anestésicos do gás hilariante.

No final do século XIX, o óxido nitroso começou a ser utilizado como anestésico noutras intervenções que não apenas dentárias, nomeadamente em 1881, foi introduzido como analgésico no parto. Hoje em dia é ainda muito utilizado para este efeito no Reino Unido, sendo comercializada como Entonox pela British Oxygen company (BOC) e Equanox pela Linde Gas a mistura 50% de óxido nitroso e 50% de oxigénio descrita em 1961.

O gás hilariante continua a ser utilizado na odontologia, especialmente pediátrica. Voltando ao «Chemical Calisthenics», pensaria que outro óxido de azoto descoberto por Joseph Priestley, o óxido nítrico ou NO, seria mais merecedor de uma canção. De facto, o NO passou em poucos anos de ameaça a molécula (maravilha) do ano e a descoberta do seu papel no sistema cardiovascular mereceu a três norte-americanos, Louis Ignarro, Robert Furchgott e Ferid Murad, o prémio Nobel da Medicina em 1998.

Assim, em 1980 o NO era considerado apenas um membro de uma família de poluentes ambientais indesejáveis e carcinogéneos potenciais. Actualmente, o NO é reconhecido como um dos mais importantes mediadores de processos intra e extracelulares e o estudo da sua acção um dos principais alvos da indústria farmacêutica (e não só...). Nomeadamente, a acção no funcionamento de um orgão em especial, já que o NO é libertado localmente por filamentos nervosos nas células do tecido eréctil (corpo cavernoso) produzindo o principal «culpado» da erecção masculina, a guanosina monofosfato (cGMP). O célebre Viagra ( citrato de sildenafil) é simplesmente um inibidor potente e muito selectivo da PDE5 (fosfodiesterase tipo 5 específica do cGMP), a enzima que degrada o cGMP produzido pelo NO no corpo cavernoso.

Como lia há mais de uma década o primeiro acetato da aula de Química de Jorge Calado numa das «Grandes Aulas» que tive o prazer de organizar no âmbito da recepção ao calouro no Técnico, «NO Sex is Good Sex».

7 comentários:

Anónimo disse...

Estes posts, como os que escarnecem da vontade divina, são a prova da existência do pecado.

Com pecado não pode existir comunhão eterna com um Deus santo e justo.

Se Deus não tivesse amaldiçoado a natureza e introduzido a morte no mundo como consequência do pecado, este existiria para sempre.

Por outro lado, nós não teríamos uma razão para abandonar o pecado, porque não teriámos consciência da sua gravidade aos olhos de Deus e das consequências eternas daí decorrentes.

É evidente que, uma vez havendo pecado no mundo, Deus não iria ficar indiferente.

Deus promete pôr fim a este estado de coisas e dar a vida eterna àqueles que confessarem os seus pecados e aceitarem a salvação através do seu Filho Jesus Cristo.

Pouco inteligente não foi Deus ter demonstrado o seu ódio ao pecado diante de toda a Criação.

Pouco inteligente é não aceitar a salvação que Deus dá gratuitamente a todos os que crêrem no Seu Filho, que levou sobre si as nossas culpas quando morreu na cruz há dois mil anos.

Pouco inteligente é não aceitar aquele que ressuscitou com um corpo incorruptível, e que promete ressuscitar com o mesmo tipo de corpo todos os que confiarem nele.

O Apóstolo Paulo, na sua carta aos Romanos, diz:

"Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuíto de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor."

Quem é a maior autoridade em matéria de Bíblia? Jesus Cristo, que é o Criador (João 1:1.4) ou os cientistas , que são as criaturas e não existiam quando Deus criou o mundo nem conseguem compreender tudo o que Deus criou do princípio até ao fim?

Anónimo disse...

A Bíblia, no livro de Génesis, diz que Deus enviou um dilúvlio global por uma simples razão:

"O Senhor verificou que a maldade dos homens crescia cada vez mais no mundo e que as suas intenções e planos eram sempre maldosos".

"Para Deus a Terra estava completamente corrompida e cheia de violência".

Génesis 6, 5 e 11.

A Bíblia diz que Deus poderia ter destruído toda a humanidade. Se não o fez, é apenas porque quer que todos venham a arrepender-se dos seus pecados e a conhecê-Lo.

Deus na sua infinita misericórdia perdoará aos autores deste blog que espalha a corrupção e o pecado se estes se arrependerem e reconhecerem a Sua verdade.

Anónimo disse...

Pela boca do Apóstolo Paulo, a Bíblia diz:

"Todos pecaram e ficaram longe de Deus. Mas, pela Sua bondade, Deus torna-os seus amigos gratuitamente, por meio de Jesus que os libertou do poder do pecado".

Romanos 3:23-24

Assim, a boa notícia, é que podemos clamar por misericórdia e perdão diante de Deus e ele nos ouve!

Isso é importante, tendo em conta o facto de que, mesmo com Cristo, continuamos a pecar neste mundo.

O mesmo Apóstolo Paulo dizia:

“Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer o bem está em mim, mas o efectuá-lo não está. Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.

Acho então esta lei em mim, que, mesmo querendo eu fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei guerreando contra a lei do meu entendimento, e me levando cativo à lei do pecado, que está nos meus membros.

Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor! De modo que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado.”

Romanos 7:18-25

Felizmente nenhum de nós tem que depender de si mesmo para obter a misericória e o perdão de Deus. Podemos depender exclusivamente de Jesus Cristo, e isso é suficiente.

Joana disse...

Estes romanos são loucos!

Embora à primeira leitura os comentários deste anónimo sejam de chorar a rir quando se pensa que esta gente quer impôr estas patetadas a todos cai o rir fica-se com vontade de chorar!

O que é que se passa para mesmo o nosso cantinho estar cheio de fanáticos acéfalos como estes anónimos?

Joana disse...

Mais preocupante é abrir os jornais de hoje e deparar com notícias em todos eles que mostram que a ICAR está a pôr as garras de fora e a exigir dinheiro e benesses sem sentido do governo:

«Mil milhões por ano para a acção social»

«Pressão da Igreja sobre o Governo é necessária»

«Bispos muito zangados com Governo»

«Bispos esperam respostas»

«Igreja quer debater relação com Estado»

«Igreja Católica pede reunião com Sócrates»


Numa altura em que há a crise que sabemos que sentido faz "O Governo prepara-se para transferir cerca de mil milhões de euros" para a Igreja?

Para virem para aqui os católicos rasgarem as vestes e dizerem que a religião deles sópode ser verdadeira porque têm muitas "obras" beneméritas pagas com o dinheiro dos nossos impostos?

Anónimo disse...

E estas?

Últimas da ICAR:

Argentina, declaraciones del obispo Hesayne: la Iglesia debe meterse en política
09.07.07, Washington Uranga, en Página/12 (AR). “La verdad es que la Iglesia debe ‘meterse en política’”, afirmó con absoluta firmeza y sin dejar espacio para las dudas el obispo emérito de Viedma, Miguel Esteban Hesayne.

México. Quiere Iglesia católica “plena” libertad de expresión en asuntos políticos
09.07.07, Milenio (MX). Después de criticar reformas al aborto y uniones homosexuales, la Iglesia católica mexicana entra en una nueva controversia al impulsar cambios constitucionales para quitar lo que llama de limitaciones a la libertad de expresión y ofrecer educación religiosa en escuelas públicas. La Arquidiócesis Primada de México ha determinado que una organización de abogados católicos prepare un proyecto de modificaciones y no descarta que los propios ministros participen en cabildeos con legisladores federales y locales.

Anónimo disse...

Na Argentina esta caiu muito mal.

O padre católico Christian Federico von Wernich sentou-se no banco dos réus pela primeira vez no dia 5 de Julho. É acusado de participar em sete crimes de homicídio e em quarenta e um de sequestro e tortura. Os crimes em que participou ocorreram entre 1976 e 1983, durante a ditadura militar de que a ICAR foi cúmplice e entusiasta de tal forma que, em 23/9/1975, o capelão católico das Forças Armadas chegou a afirmar, numa homilia em que falava de «Cristo»: «o Exército está expiando a impureza do nosso país (...) os militares foram purificados no Jordão do sangue para se porem à frente de todo o país» (outro sacerdote diria anos mais tarde que «por vezes a repressão física é necessária, obrigatória e, enquanto tal, lícita»). A repressão militar vitimou mortalmente cerca de 30 000 pessoas, num país que tinha uma população de 3 milhões. Tratou-se de um verdadeiro genocídio, que a ICAR caucionou moralmente, e em que sacerdotes católicos participaram. O padre católico von Wernich, uma peça chave do sistema repressivo, será acusado de genocídio.

Von Wernich, que era capelão da polícia de Buenos Aires, actuava nas prisões durante as sessões de tortura. Com o pretexto de prestar «assistência religiosa», e perante presos políticos enfraquecidos pelos espancamentos e pelos choques eléctricos, o padre oferecia a última tortura: a «salvação» a troco da confissão. Os seus longos interrogatórios tiveram frequentemente sucesso. Não parecia ter problemas éticos com o que fazia: quando um oficial do exército matou um oposicionista na presença de Von Wernich, este sossegou-o dizendo-lhe que «o que tinha feito era necessário; era um acto patriótico que Deus sabia que tinha sido para o bem do país». Graças aos seus mui católicos serviços, foi mesmo condecorado publicamente pela ditadura fascista. Em tribunal, tem-se recusado a dar detalhes alegando o «segredo de confissão

A ICAR apoiou-o sempre. Quando, após o final da ditadura, se refugiou numa paróquia de província, a população protestou contra a presença do padre torcionário. A ICAR não ouviu os protestos, mas mudou-o de paróquia quando teve um caso amoroso com uma paroquiana. Conclusão: para a ética invertida que a ICAR pratica, a tortura não é condenável, mas o amor, esse sim, é intolerável.

Em 2003, um juiz argentino defensor dos Direitos do Homem pediu a sua captura. A ICAR disse que não sabia do facínora, mas era mentira: Von Wernich estava numa paróquia remota do Chile, dando missa tranquilamente. Foi capturado depois de a imprensa argentina e chilena ter descoberto o seu esconderijo. É caso para dizer que há jornalistas que têm princípios éticos que não se aprendem na missa.».

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...