Nesta altura ninguém tem dúvidas sobre as irregularidades graves da "avaliação" da ciência em Portugal feita pela European Science Foundation - ESF às ordens da Fundação para a Ciência e Tecnologia - FCT. Quem é o responsável maior?
Pois, como tenho dito, não penso que seja o Presidente da FCT nem a Secretária de Estado da Ciência e Tecnologia. O responsável maior é obviamente o ministro Nuno Crato que, alertado em tempo para o desastre que estava à vista, persistiu em não corrigir nada, dizendo que aprovava plenamente o que tinha sido feito e o que se continuava a fazer. Tal como a ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, é a responsável maior pelo colapso do sistema informático que origina a paralisia do funcionamento dos tribunais (e não o chefe dos serviços técnicos ou algum Secretário de Estado da Justiça), assim também o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato é o responsável maior pelo descalabro do sistema de ciência e tecnologia português com o corte anunciado para metade dos centros (e não o chefe dos serviços técnicos ou a Secretária de Estado mais ligada ao sector).
Agora que já há uma denúncia (não anónima) ao Ministério Público que aponta o dedo a numerosas irregularidades (outras serão denunciadas a seu tempo), o ministro que se cuide. Além de ter dado cobertura às irregularidades técnicas, ele é o responsável político. Ainda poderá, se estiver interessado em exercer plena e correctamente as suas funções, reconhecer os erros e corrigir a trajectória. A componente política pode ser mais grave do que a técnica. Tudo indica que esta "avaliação", sob a capa de um processo técnico, não passa de um processo político, assenta numa ideologia, realizado por um pequeno grupo, com o ministro à frente, que, desprezando o diálogo com os cientistas, se está aproveitar da sua temporária ocupação do poder.
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