Sabemos bem o que é a escola?
Sim, claro! Todos andámos pelo menos numa; levamos os filhos, os netos lá; já passámos por muitas e passámos a porta de algumas...
Alguns de nós entraram na escola e nunca mais de lá saíram: nelas está uma grande parte da sua vida.
É o meu caso.
E estudando eu, desde há muito, pedagogia, pensava ter uma ideia razoável do que é a escola.
Mas, percebi que a minha ideia era (ou é) menos do que razoável com a arte da fotografia, a que, recentemente, comecei a dar atenção.
Principiei por obras recentes.
A de Sebastião Salgado foi a primeira a que dei atenção.
Um livro saído em 2005 com setenta e três fotografias de Salgado e outros tantos textos de Cristovam Buarque. O título é O Berço da Desigualdade, a publicação é da Unesco/Fundação Santillana.
“Essas fotos refletem a esperança e a alegria das crianças de todas as culturas, em face do poder de transformação próprio da educação, e os textos que as acompanham contribuem para a necessária reflexão, que cada um de nós deve fazer a respeito da dimensão ética da educação em nosso mundo contemporâneo”, disse Koïchiro Matsuura, à altura Diretor-Geral da Unesco.
Não li ainda os textos, ficam para depois, mas vi as fotografias, uma agora, outra logo... e, sim, Matsuura tem razão: há nelas uma esperança e uma alegria, mas também uma atenção, um querer...
A escola pode não ter paredes, nem bancos, nem quadro, pode não haver papel; os alunos e os professores podem quase não ter roupa, mas estão ali... alunos e professores, nesse encontro que é, afinal, a escola.
sábado, 6 de setembro de 2014
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2 comentários:
Prof. Helena:
Não conheço o livro mas aguçou-me a curiosidade.
Não sei se tem fotografias de África, países pobres, zonas rurais, habitantes de tabancas.
Vi em tempos algumas fotos de uma escola numa zona dessas, com os alunos sentados no chão, o professor de pé, um pedaço de ardósia velha e partida pendurada por um fio na «parede».
Nada mais.
Mas olhares vivos, cheios de curiosidade, interessados, alegres, havia-os em todos os alunos, que seriam uns 15 ou 20.
Nós temos gritaria, má-educação, insultos, telemóveis, tablets, mochilas, sapatos de ténis e camisolas de marca, afinal, os únicos «valores» e desejos que nos marcam (pelo menos, e infelizmente, a uma grande maioria dos que frequentam a escola).
E até nós, os adultos, que deveríamos ter um pouco mais de sentido crítico, barafustamos, barafustamos muito, pelo quadro interactivo, pelo aquecimento... por vezes por tudo e por nada.
A minha escola primária, nos anos 50, numa pequena aldeia rural e mineira do interior do país, em sofisticação não era muito diferente daquela que lhe descrevi na tabanca.
Não me deixou saudades, como é evidente, na 4.ª classe mudámos para uma novinha em folha, do plano dos centenários, uma sala, rapazes de manhã, meninas à tarde, mas que tinha sólidos geométricos de madeira, balança, mapas (que deslumbramento ver o país representado a cores, as serras, as vestimentas típicas das figuras que ilustravam cada região), casa de banho, cisterna com bomba com que acionávamos o abastecimento de água, canteiros de flores que regávamos.
Dessa nunca me esqueci.
Portanto, devemos pugnar por condições decentes, sem luxos que não podemos pagar, acorrer a todos o mais equitativamente possível, fazer da escola o menos possível um berço de desigualdades.
A escola, para além de nos por a todos num patamar mais elevado de conhecimento, tem ajudado a igualar muita gente muito desigual à partida.
Isso. Se há encontro, a escola existe.
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