O drama neste país é a quantidade, eu diria inesgotável, de indivíduos “sabichões” como Mariano Gago e António Coutinho que não sabendo "da poda" tem no entanto o atrevimento e o descaramento de se intrometerem e condicionarem os destinos do país, condenando-o à menoridade mental. Foi isso que o primeiro fez retirando a investigação às universidades. É isso que o segundo continuará a fazer ao não devolver a investigação às universidades. Deixo esta transcrição do Professor Sebastião e Silva, que já em 1968 chamava a atenção da necessidade do professor universitário ser também ele um investigador (entrevista publicada pelo jornal A Capital).
“A incompreensão dos leigos relativamente ao problema do professor universitário estriba-se em particular neste facto: para eles, o catedrático ( ou lente: etimologicamente “aquele que lê”) é ainda aquela figura veneranda que sabe muito e fala como um livro aberto, repetindo, sem nunca se enganar, o que os sábios inventaram em países e tempos remotos. Não é de admirar, portanto, que mesmo pessoas inteligentes e bem intencionadas continuem a sustentar que para ser professor universitário não é preciso ser investigador. Eu não digo que num período transitório, não seja necessário ( e é ) admitir realisticamente a existência de professores que, dadas as condições do meio, não puderam realizar se como investigadores, mas que conseguem, excepcionalmente, ser bons pedagogos. Porém, de futuro, a posição terá de ser muito diferente, pelo menos no que se refere aos cursos de carácter científico: se não se exigir ao professor, como mínimo, o hábito e o espírito de pesquisa, reveladores de um contacto permanente com o movimento científico internacional – mesmo que os resultados pessoais não sejam brilhantes – então o País será irremediavelmente condenado à situação de menoridade mental, com todas as consequências deploráveis que daí podem deduzir - se a priori.
Um dos argumentos que são invocados com mais frequência contra o princípio de que os professores devem ser investigadores é o do que a grande maioria dos alunos não irão ser investigadores. Certamente que não! Mas é preciso não esquecer em que época vivemos: a evolução rapidíssima da técnica e da ciência exige que todos adquiram um certo espírito de pesquisa, ou seja: maleabilidade intelectual, senso crítico, imaginação criadora, espírito de iniciativa, capacidade de adaptação. E quem poderá, em última análise, transmitir esse espírito de pesquisa aos jovens portugueses, se nem sequer os professores universitários forem providos de tal espírito?”
Se concorda com Sebastião e Silva deve de imediato demitir António Coutinho. De outra forma o senhor Professor Nuno Crato ficará para a história como uma personagem vulgar no campo da investigação cientifica e no da pedagogia entre outros valores.
Que retrato de horizontes diminutos e de extrema ignorância emana da figura de António Coutinho quando lhe sobrepomos as palavras sabias do Professor Sebastião e Silva.
Eu percebo que aquilo que António Coutinho diz é muito sério e tem serias implicações no futuro do País, por isso deixo aqui um pedido de esclarecimento público ao senhor Ministro Nuno Crato que é: Ou o senhor Ministro Nuno Crato se identifica com as palavras do Professor Sebastião e Silva ou se identifica com as do Professor António Coutinho. Não há duas escolhas.