A "avaliação" das unidades de investigação feita pela ESF às ordens da FCT continua
sob o signo da ilegalidade.
Em muitas visitas só estão a aparecer três avaliadores, havendo casos em que nenhum deles (repito: nenhum deles)
é especialista nos temas científicos investigados pela unidade "avaliada".
Quer dizer, como repetidamente tem sido dito, esta não é uma "avaliação por pares", mas simplesmente um
procedimento político-burocrático destinado a reduzir, de um modo bastante arbitrário, a investigação em Portugal. Na 1.ª fase foi para metade, na 2.ª fase logo se vê.
Lembro que o que está escrito no regulamento relativo à 2.ª fase (página 15) é:
"Each evaluation panel will be composed by 4 or 5 specialists of internationally recognized
merit and competence. The constitution of the evaluation panels will take into consideration
the number of applications for each scientific area, a good gender balance as well as a fair
geographic and institutional distribution of evaluators. The composition of the evaluation
panels will be published in the FCT website."
É isto que não está a ser cumprido.
Quanto a resultados de "audiências prévias" (repare-se no nome: "prévias") não há qualquer notícia.
Entretanto os prejuízos sobre a reputação científica de numerosas unidades estão feitos. A novidade,
que não poderá deixar de ser levada em conta no resultado dessas "audiências" é que a produtividade científica
de todas as unidades passou para o dobro, pois a FCT corrigiu em Agosto um erro global de um factor de 2 nos ETI(Equivalentes a Tempo Inteiro). Isto é, a produtividade científica da unidades é o dobro do que os avaliadores afirmaram. A reputação da FCT se ja estava baixa com tantos erros e irregularidades baixou ainda mais.
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2 comentários:
Com mais estes factos o que vai acontecer? Tribunal administrativo? Nao vejo outra forma, uma vez que a FCT e o Ministério continuam a afirmar que esta é uma "avaliação" robusta.
“O ensino superior em países dos mais competitivos é maioritariamente feito em instituições e por professores que não fazem investigação. Ser docente-investigador mediano ou medíocre não é melhor do que ser “apenas” um excelente docente.”[António Coutinho, FCT]
“Na verdade Bento Caraça pertenceu ainda a uma geração que fez a sua própria preparação, no domínio da Matemática, numa época em que as nossas Escolas Superiores estavam inteiramente informadas pelo velho e desastrado conceito de que se pode ser um grande professor universitário sem nunca se ter patenteado, na analise exaustiva de algum problema concreto, a garra ou, pelo menos, o sentido de investigador.”[Ruy Luis Gomes]
Professor Carlos Fíolhais, não só as pessoas do meio cientifico e académico que se sentem tristes e revoltadas com o que está a acontecer, o cidadão comum e consciente também. Ele consegue aperceber-se igualmente da desfaçatez e impunidade daqueles que nos vão fazer retroceder mais de 100 anos.
Se o que Sebastião e Silva escreveu é inequívoco, acerca da necessidade do professor universitário ser também um cientista. O que dizer do depoimento do Professor Ruy Luis Gomes?
Eles, que foram dois cientistas de renome, dos maiores que este país alguma vez teve. O sentimento de impotência e revolta, de desgaste, na luta contra o meio que assombrava esses homens/cientistas é agora vosso; e também é nosso, cidadão comum e consciente. Lutar valentemente contra tudo isto é dever de todos.
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