A palavra paradigma entrou nos discursos políticos, confere-lhes sofisticação ou, pelo menos, quem a usa julgará que sim. Tendo sido central num debate epistemológico ocorrido no passado século, adquiriu um sentido que está longe de corresponder àquele lhe é dado por parte de quem se quer referir a uma mudança que, não raramente, é declarada como profunda para que tudo fique na mesma. Assim, salvo raras excepções, a cada reforma do sistema educativo, anuncia-se, como convém, uma mudança de paradigma, que deixa o essencial como estava. Não me refiro à retórica que a anuncia, essa há muito que estabilizou naquilo que Sacuntala de Miranda designou por "ocedeísmo" (ver aqui); refiro-me à sua efectiva concretização.
A primeira, que aconteceu num dos governos PS e pareceu, à altura, mais ou menos inocente, foi o corte com a organização curricular por conteúdos disciplinares, passando a ser por "competências": as "metas de aprendizagem" que lhe davam forma, seriam usadas a par dos programas; seguiram-se, num governo era PSD, as "metas curriculares" ainda com manutenção dos programas; de volta ao governo PS criaram-se as "aprendizagem essenciais" e revogaram-se os programas. Este, que é PSD, mantém essa opção.
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