sábado, 12 de junho de 2010

O espaço essencial

No post É esta a visão que a Parque Escolar tem para o ensino em Portugal, questionei os pressupostos de ensino e de aprendizagem subjacentes a algumas decisões arquitectónicas para os espaços escolares tomadas pela empresa Parque Escolar; não questionei, naturalmente, a relevância da arquitectura no delineamento desses espaços, que entendo ser óbvia.

O nosso leitor José Nascimento, arquitecto de profissão, enviou-nos um comentário do qual reproduzo algumas linhas pelo facto de denotarem pressupostos de ensino e de aprendizagem distintos dos que guiam essa empresa e que, a serem adoptados, teriam aplicações também distintas daquelas que prevemos quando entrarmos nas escolas intervencionadas.
No meu caso, às justificações que a Parque Escolar apresentou para a escolha de propostas de intervenção adiciono as que agora deram origem ao seu post.

Falo por experiência própria de aluno que fui e de arquitecto que sou nas poucas intervenções que tenho tido na área, e que se resumem no essencial aos seguintes pontos:
1- a educação resulta de um diálogo, entre o professor e o(s) aluno(s), como tal o essencial é o espaço em que esse diálogo acontece (sala de aula) e para isso acontecer não são necessários grandes investimentos materiais. Basta silêncio e paz;
2- fora da sala de aula, a escola é um espaço de prática social entre os alunos e entre a comunidade em que se insere. Também para isso não são essenciais grandes teorias de espaço ou pedagogia. Basta um limite físico claro para todos, que indique onde começa e acaba a escola.

Conclusão cínica: a actuação da Parque Escolar é tão má que dentro em breve será necessário corrigi-lhe os erros. E cá estaremos todos para os pagar. Sempre.

4 comentários:

José Batista da Ascenção disse...

Enquanto professor, saúdo as opiniões do arquitecto José Nascimento.
Há coisas que são tão simples, e belas e úteis e... económicas!
Na ensino, na arquitectura, como no resto.
E, actualmente, é demasiado necessário que o afirmemos.
Obrigado Senhor Arquitecto.

Fartinho da Silva disse...

Concordo em absoluto com José Nascimento e José Ascenção.

Neste país é politicamente incorrecto querer coisas simples, eficazes e eficientes. Gostamos muito de relativizar e detestamos a objectividade. Desta forma tornamos a gestão das organizações quase impossível.

José Batista da Ascenção disse...

No (meu)comentário anterior, na 3º linha, leia-se "No ensino" em vez de "Na ensino".

João pedro Gil filho de João césar Monteiro disse...

Em relação ao problema da educação deixem-me só dizer umas coisitas. O espaço não é necessário à liberdade e ao equilíbrio. A liberdade não é necessária ao movimento. A disciplina não é um sistema pré estatutário. O trabalho não implica a repetição no tempo. A educação não tem nada a ver com o que dizia Heraclito. E sobretudo, a pergunta não pressupõe a resposta. A pedagogia não é desnecessária. A cultura da educação social não é um factor desmotivante nem proporciona no aluno uma mudança radical de paradigma em relação a aquilo que ele pensa ser a sua maneira de organizar a realidade. A educação social não é uma interferência abstrusa e bruta num movimento de dignidade harmonioso. A educação social não é uma tentativa de afirmação individual do professor em relação ao outro. Nada disso.. A educação social é apenas impossível para alguns e viável para outros. Útil para uns e conveniente para outros. Necessária para todos e supérflua para ninguém. Ou melhor, a minha experiência na escola ensinou-me ter de estar sentado numa cadeira a ouvir uma pessoa a falar não é muito enriquecedor, que, na medida em que tenho de lá estar porque se tornou obrigatório assistir às aulas, perco tempo no absoluto desconhecimento de tudo o resto que é bem mais real que todas as teorias que se podem aventar sobre coisas que já não são reais e que toda a interferência na realidade de modo organizado é muito mais divertida do que estar na missa a partilhar o saber do Senhor Deus. Enfim.. Em relação à Instituição Escola só tenho a dizer mal e tudo o que puder dizer continuo a dizer porque é nisso que acredito. O saber partilha-se? Então não vale nada! O conhecimento não se partilha ? Então para que é que quero conhecer? Estabelecem-se hierarquias? Esqueça lá isso senhor doutor, tamos aqui para ser uns para outros. Moldam-se consciências? Qual quê, sou pago para isso.

FÁBULA BEM DISPOSTA

Se uma vez um rei bateu na mãe, pra ficar com um terreno chamado, depois, Portugal, que mal tem que um russo teimoso tenha queimado o te...