Aristóteles
Houve uma altura em que, por momentos, julguei poder ser pensado que sofro de delírio persecutório,  relativamente ao 25
de Abril. Mas foi sol de pouca dura perante a realidade dos acontecimentos.
Obrigo-me, como tal, a agradecer a Ferro Rodrigues por ser minha testemunha de defesa  pela razão que encontro nesta notícia  da Rádio Renascença: “Número de
pessoas na cerimónia tem vindo a ser
reduzido devido às decisões das entidade convidadas”.
Aqui chegado, residem em mim duas dúvidas: Por serem essas comemorações havidas por extemporâneas, num momento em que o país se confronta com um combate de vida ou
de morte com a pandemia do coronavírus? Ou porque, parafraseando a voz sábia do
povo,  o medo do contágio é que guarda a vinha? 
A minha discordância fundamento-a com o facto de Ferro Rodrigue poder ter
visto aqui, por hipótese, uma ocasião soberana para compartilhar honras com Salgueiro Maia em defesa de uma causa em que ele acreditou e por ela arriscou a vida, e que dela nunca se
aproveitou, ao contrário de tantos outros que se aproveitaram por miserável interesse pessoal. Neste contexto, alinho incondicionalmente com Millôr
Fernandes, escritor e humorista 
brasileiro: “Desconfio de todo o idealista que lucra com o seu ideal”. 
A lista moderada de convidados, acordada democraticamente com os lideres parlamentares, foi acrescida autocraticamente por Ferro Rodrigues ou apenas
por si autorizada? Em hora de tantas duvidas, ocorre-me a fábula do  sapo da história infantil, que querendo ficar
do tamanho de um boi, tanto inchou que 
acabou por rebentar. Aliás, esta tendência megalómana também humana foi bem caracterizada
por Blaise Pascal: “Somos tão presunçosos que desejaríamos ser conhecidos em todo
o mundo. E tão vaidosos que a estima, de cinco ou seis pessoas que nos rodeiam,
nos alegra e satisfaz”.
Estima que estimo ser bem  maior do que a de meia dúzia de pessoas por Ferro Rodrigues
pertencer ao partido no poder. Se, porventura, esta estima  não sofre contestação dentro do partido do Largo das Caldas parece-me  mau sinal porque desconfio dos indivíduos que
só tem amigos e não tem inimigos. Ou são santos de pau carunchoso ou pobres
diabos!
Estamos  perante um clima  de  contestação, difícil de ocultar, às cerimónias de 25 de Abril,
reconhecida em declarações do  próprio
António Costa, hábil mediador de conflitos, quando faz apelo público  ao bom senso.
Com  maior exigência, escudado em arrojo meu, faço apelo ao “soberaníssimo bom senso”, de que nos  falava Antero da sua ilha açoriana. Transposto para os nossos dias, o direito  dos cidadãos em exporem as suas, ainda que discutíveis, opiniões em nome da
liberdade conquistada em 25 de Abril.
Quando evoco liberdade faço-o no
seu sentido mais nobre que custou a vida a  Madame Roland, escritora e
activista política, que durante a Revolução Francesa, ao subir ao cadafalso, onde
seria guilhotinada, proferiu a frase que passou à história:  “Ó  liberdade!
Quantos crimes se cometem em teu nome”!
Aditamento a este meu "post": No início desta madrugada, "Páginas dos Jornais" (SIC), foi dado conhecimento da capa do "Jornal I" sobre da ausência da UGT nestas comemorações.
Aditamento a este meu "post": No início desta madrugada, "Páginas dos Jornais" (SIC), foi dado conhecimento da capa do "Jornal I" sobre da ausência da UGT nestas comemorações.
 
 
 
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